Mas o que é que eu estou a fazer aqui sentado no escritório enquanto eles se estão a divertir e a comer?... Oh, mas por que não a estrangulei da outra vez? [...] Recordo-me de me sentir consumir pelo desejo de fazer qualquer coisa, de agir; lembro-me de que na minha mente só ficaram retidos os pensamentos indispensáveis à minha vingança, enquanto todos os outros se desvaneceram num ápice. O meu sentimento era idêntico ao de uma fera ou de um ser humano que se encontra num estado de grande excitação face ao perigo; nesta altura age com toda a precisão, sem pressa, mas sem perder tempo e tendo em mente um só objectivo.
Lev Tolstoi, Ensaio sobre o ciúme [A sonata Kreutzer], 1891, trad. Isabel Risques
quarta-feira, agosto 08, 2007
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2 comentários:
E é então que...
Um instante.
Um instante apenas pode (re)definir quem somos e o que de nós fizemos.
O que é a dignidade humana?
O que faz de nós o desejo da carne?
O que é a urgência do amor?
Só por curiosidade.
Porquê este livro?
Porquê agora?
:) Porque preciso de encontrar o C. de que falavas há uns quantos dias. Porque no meio de tudo isto encontro espelhos meus, mas sobretudo espelhos do outro, que preciso de compreender para continuar [sou assim, que posso fazer?]. Porque me ajuda a pensar, e foi sempre a pensar e a não negar o que sinto e sou que consegui sair viva das piores situações. Porque há emoções tão profundas e tão dolorosas que só a metáfora mais dura pode poetizar. Como ontem dizia a um amigo, não tem de ser físico para ser violento, não é preciso parar de respirar para ser uma morte. Porque reler e escrever aqui estas palavras está, realmente, a ajudar-me - desculpem lá, vocês vão na torrente, mas acho que a boa literatura [mesmo que sofrivelmente traduzida, como é o caso] nunca é demais.
Agora, porque agora, mais do que nunca, me faz sentido.
Obrigada pelo comentário. :) Para dizer a verdade tenho andando a postar isto para mim, nunca pensei que alguém se desse ao trabalho de ler... Foi uma boa surpresa. Mas os teus comentários são-no, frequentemente.
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