terça-feira, outubro 31, 2006

Terror rodoviário

Um trauma, no entanto, me ficou do debate de ontem à noite: nunca mais vou conduzir descansada, sempre esperando que ao virar da esquina me apareça a dona Isilda Pegado a acelerar na sua mota... e sem capacete!



IVG: Em caso de dúvida, vote SIM.
Muleta

No Prós e Contras, como em quase todos os debates sobre a IVG, quando um cada vez mais enredado "Não" se vê atolado no não-argumento, quando sente que pode ser óbvio para a plateia a tirania social daquilo que defendem, regressamos sempre à mesma muleta. E repetem eles, brandindo a muleta zangados como se as suas liberdades individuais estivessem em causa:

Esta é uma matéria de consciência individual!


... hmmmm....


Não entendo, se é de consciência individual, então estamos a discutir o quê? Se é de consciência individual, por que razão a dona Alexandra Tété tem direito a agir de acordo com a sua consciência e eu não tenho? Dêem-me uma única razão plausível para as Seabras, as Tétés e os Maltas deste país, terem direito a decidir sobre mim e a minha saúde reprodutiva. Pois, faria tanto sentido como eu poder decidir se a dona Tété deve fazer uma IVG. É tirano e desrespeitoso. E no entanto, do lado do pântano moralista, muito se falou em respeito; com a maior falta de vergonha e pelo meio de tiradas altamente desrespeitosas e insultuosas para as mulheres, para as cidadãs.

A ver, se continuamos num país de cegos, no qual um zarolho com uma pala a tapar o olho que vê, é rei.


IVG: Em caso de dúvida, vote SIM.
E a mulher da noite é...

Edite Estrela!

Calma, directa, pedagógica, sem nunca baixar a guarda. Uma boa surpresa no primeiro Prós e Contras que vejo desde há meses e meses [mais ou menos quando começou a ser Prós e Prós]. Viva a tia Editeee!!!

domingo, outubro 29, 2006

Frase do dia


Amadeo Modigliani, Nudo sdraiato


"Esta é uma sociedade de desempenho, não é de erotismo."

O inefável Murcon, agorinha mesmo na Antena 1.

sábado, outubro 28, 2006

Dúvidas existenciais

Seria inevitável numa conversa tardia acerca da recuperação e decoração de um lindo cafofo pombalino. Alguém tem a bondade de me dizer quais são os plurais(-ais) de "chão" e de "móbil". Chãos? Chões [eheh]? Móbis, tipo, playmóbis? Móbeis, carago?!
Aprender como se faz uma ligação directa...

... e saltar para dentro do carro das palavras, da música e da generosidade de um génio [posso dizer estas coisas à vontade, primeiro porque são verdade, depois porque já sei que o desnaturado tem mais que fazer do que navegar até ao cantinho desta sua fellow-traveller babada]. Já cá canta, em repeat, pensamento coração admiração e orgulho. Obrigada eu, Sérgio. Que beleza de disco. És o maior, carago! E ainda por cima, tão bem assessorado...

segunda-feira, outubro 23, 2006

Intermezzo auto-analítico

Olha que bem que ficam as fases da lua ali tão encostadinhas ao meu endereço. Mais apropriado só se tivesse conseguido enfiar o html logo debaixo da fotografia...
Alguém tem vergastas pá troca?

"Para lá destas excepções, resta você, que tem culpa. Tem culpa de, como contribuinte, ter pago a reabilitação do Rivoli para agora o entregar a um privado que teria dinheiro para o reabilitar sozinho. Tem culpa de, como cidadão, ter acreditado que a privatização da EDP e a liberalização da energia iriam fazer baixar os preços e beneficiar o consumidor final (como lhe disse Durão Barroso, chefe de um governo onde pontificava o hoje escandalizado Marques Mendes, — e você tem culpa de lhes ter dado ouvidos). Tem culpa de, como acusa um certo Joaquim Pina Moura, o mercado da electricidade ainda não estar suficientemente liberalizado. Tem culpa de acreditar que os impostos que paga sirvam para alguma coisa que não seja para esta versão invertida da luta de classes. "

Como diz o Zé Mário, isto aqui a culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, quer dizer, é de todos em geral e de ninguém em particular. Mas, e parafraseando o Rui Tavares, você tem culpa por lhes ter dado ouvidos, por continuar a dar-lhes ouvidos. Para efeitos de cidadania, o Caeiro tem de ir directo para a reciclagem, pois que a única culpa, a mãe de todas as culpas, é não pensar.

sábado, outubro 21, 2006

Morte ao meio dia

No meu país não acontece nada
à terra vai-se pela estrada em frente
Novembro é quanta cor o céu consente
às casas com que o frio abre a praça

Dezembro vibra vidros brande as folhas
a brisa sopra e corre e varre o adro menos mal
que o mais zeloso varredor municipal
Mas que fazer de toda esta cor azul

que cobre os campos neste meu país do sul?
A gente é previdente cala-se e mais nada
A boca é pra comer e pra trazer fechada
o único caminho é direito ao sol

No meu país não acontece nada
o corpo curva ao peso de uma alma que não sente
Todos temos janela para o mar voltada
o fisco vela e a palavra era para toda a gente

E juntam-se na casa portuguesa
a saudade e o transístor sob o céu azul
A indústria prospera e fazem-se ao abrigo
da velha lei mental pastilhas de mentol

Morre-se a ocidente como o sol à tarde
Cai a sirene sob o sol a pino
Da inspecção do rosto o próprio olhar nos arde
Nesta orla costeira qual de nós foi um dia menino?

Há neste mundo seres para quem
a vida não contém contentamento
E a nação faz um apelo à mãe,
atenta a gravidade do momento

O meu país é o que o mar não quer
é o pescador cuspido à praia à luz do dia
pois a areia cresceu e a gente em vão requer
curvada o que de fronte erguida já lhe pertencia

A minha terra é uma grande estrada
que põe a pedra entre o homem e a mulher
O homem vende a vida e verga sob a enxada
O meu país é o que o mar não quer

Ruy Belo


05 Morte ao meio-dia - Ruy Belo
05 Morte ao meio-d...
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aqui dito por Luís Miguel Cintra

sexta-feira, outubro 20, 2006

Talvez fosse o que nunca poderia ter sido


Hammamet, Set.2006

"Houvesses ao menos tido consciência de que fomos feitos um para o outro e também tu poderias ter sofrido horrivelmente com a nossa impossibilidade."



...

Pronto. Quando não se sabe dizer, copia-se. Neste caso, um "nanoconto epistolar" de uma terra habitada por um inefável anacoreta.

quinta-feira, outubro 19, 2006


Hoje, quinta-feira, concentração de solidariedade com os ocupantes do Rivoli. Em Lisboa, no São Luiz, às 20h.
recebido por SMS



Ocupação pacífica do Rivoli, Rua do Dr. Magalhães Lemos, Porto, 16 de Outubro de 2006
Fotografia de JL




Uma reacção à absurda privatização, mas também ao abjecto autoritarismo que ameaça cidadãos a "sair a bem", sem qualquer respeito por seja o que for que não a prepotência, a ganância e a irresponsabilidade política, cultural e social.

terça-feira, outubro 17, 2006

"Condições adversas dentro do Rivoli

Cerca de 30 pessoas permanecem dentro das instalações em protesto contra a eventual privatização da instituição.

Hoje foi cortada a iluminação e o ar condicionado está no máximo do frio. No entanto, e apesar das condições cada vez mais adversas, o protesto mantém-se."



Baixar o ar condicionado, cortar a luz, fechar as portas, querem vencê-los pela fome, agora, cortando as possibilidades de contacto físico com o exterior. O Rivoli transforma-se em barricada, por surreal que possa parecer. Pode ser que o senhor Rio tenha azar e haja alguns malucos que o ponham em posição de ceder ou levar com a vergonha de agir como um cacique de botas cardadas, pingalim na mão, capachos atrás e guarda armada à frente. Ou até pode ser que tenha sorte e entre para a lista do concurso da RTP.
Fuck me.

Desço a minha rua calmamente para ir trabalhar e uma meia-dúzia de cro-magnons está postada em fila, ao longo da parede, a gozar o fim da hora do almoço. Felizmente vou ao telefone e não oiço tudo, mas as vozes misturam-se em piropos e os olhos pespegam-se, radiantes de boçalidade. "Olha, desculpa lá, mas não ouvi o que disseste, que está aqui uma cambada de brutamontes a fazer figura de idiota, importas-te de repetir?", e lá o volume se acabrunha um pouco e as larachas vão descaindo.

Só uma frase da minha personagem-fetiche na Letra L, a Jenny Schecter, me ecoou em círculo na mente ao terminar a chamada, já dobrada a esquina: take off all your clothes, write "fuck me" on your chest and go down the street; maybe then you will know what it feels like to be a woman.
What?


Medina de Tunes
Setembro de 2006


que ferais-je sans ce monde sans visage
sans questions
où être ne dure qu'un instant où chaque instant
verse dans le vide dans l'oubli d'avoir été
sans cette onde où à la fin
corps et ombre ensemble s'engloutissent
que ferais-je sans ce silence gouffre des murmures
haletant furieux vers le secours vers l'amour
sans ce ciel qui s'élève
sur la poussière de ses lests
que ferais-je je ferais comme hier comme aujourd'hui
regardant par mon hublot si je ne suis pas seul
à errer et à virer loin de toute vie
dans un espace pantin
sans voix parmi les voix
enfermées avec moi

Samuel Beckett, in Poèmes, suivi de
Mirlitonnades

segunda-feira, outubro 16, 2006

RESET - Uma performance de teatro musical





Reset é uma reflexão interdisciplinar sobre música, teatro, imagem e espaço, apresentada como uma peça de teatro musical para um actor, seis músicos e vídeo.

Um poema, What would I do without this world?, uma peça de rádio, Cascando, uma peça de teatro, Ohio Impromptu. Cada um com uma combinação de música e teatro. Em cada um uma actividade, um movimento em direcção ao silêncio, que inevitavelmente pára – um momento antes do silêncio. Só para que possa começar de novo. E no entanto, da sombra inconsciente do poema ao nocturno Leitor que aparece sem se anunciar, algo acontece, alguma coisa se transforma…

Pela repetição sentimos a diferença. Através do ciclo percebemos a mudança. E pelos momentos de reinício compreendemos finalmente o processo, o mecanismo, o ritual. De trás para a frente e para trás. Da palavra para a música. Da luz para a escuridão. Da sombra para a sombra.

Na sua essência, os textos de Beckett são sobre eles mesmos, sobre a narração de histórias, o teatro, a comunicação. Ao contar uma história, actuando na peça, identificamo-nos com ela, tornamo-nos o seu tema. Reset é o ritual desta transformação, uma contaminação da realidade com uma ficção aparente, afirmação da performance como a inevitável condição humana.



Ficha Técnica
Música Vasco Mendonça
Texto Samuel Beckett
Encenação Caroline Petrick
Conceito espacial UR Architects: Nikolaas Vande Keere, Regis Verplaetse
Vídeo Sandro Aguilar
Figurinos Lidija Kolowrat
Desenho de luz Alexandre Coelho
Actor Jonathan Weightman
Soprano Joana Manuel
Barítono Rui Baeta
Contratenor Manuel Brás da Costa
Violino Otto Pereira
Clarinete Bruno Graça
Violoncelo Ângela Carneiro
Conceito Vasco Mendonça e UR Architects
Dramaturgia Vasco Mendonça, Caroline Petrick e UR Architects
Co-produção Festival TEMPS D’IMAGES 2006 – Portugal / Duplacena, Culturgest, Muziektheater Transparant (Antuérpia)
Produção executiva VHProduções
Apoio Ministério da Cultura / Instituto das Artes, Ministério da Cultura da Administração Flamenga
Outros apoios Lugar Comum (Clube Português de Artes e Ideias)
Agradecimentos AMEC/Orquestra Metropolitana de Lisboa



Quarta-feira, 18 de Outubro, às 21h30, no Grande Auditório da Culturgest. Espectáculo integrado no Festival Temps d'images. Votos de muita merda na caixa de comentários anexa, por obséquio.

sábado, outubro 14, 2006

Grande ode ao portuguesinho


Fotografia de Reinaldo Rodrigues

08 FMI
08 FMI.wma
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Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te arrulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta desestabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? A-ni-qui-bé-bé, a-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-chula, não é filho?
A one, a two, a one two three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, uma tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversivelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal não quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não desestabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autêntico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carago, mas no fim de contas quem é que não colaborava, hã? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, hã? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, hã? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá-ah, venha ver o que isto é-eh, o barulho que vai aqui-ih, o neto a bater na avó-oh, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, hã? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-fascistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas o azeite o mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o árbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de polícia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canadá ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-chula, pop-chula pop-chula, yeah yeah, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, hã? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu hã? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é pequeno-burguês, o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e polícias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, desopila o fígado, arreda, t'arrenego Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se ele tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra. O meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.

José Mário Branco, FMI, 1979


...




A quem ficar deprimido com estes posts mais recentes: é tudo uma questão de escolha, nada mais que uma escolha, resultado de todas as escolhas. Enquanto olharmos para o lado e insistirmos que a culpa é do outro, enquanto dissermos que a culpa é nossa mas que remédio senão reproduzir para sobreviver, enquanto não formos gente, este mo[nu]mento esmagador de angústia e entrega será sempre muito mais que um ressoar de emoções velhas de quase trinta anos.

Sou portuguesa, pequena burguesa de origem, filha de pequenos comerciantes, artista de variedades, actriz e cidadã, aprendiza de feiticeiro, tenho ainda os dentes todos. Sou a Joana Manuel, 30 anos, de Lisboa, mais de verdade que de loa, contai com isto de mim, para cantar, para lutar e para o resto. E talvez para emigrar.
Pequena ode ao portuguesinho

A ti todos te pisam em cima, quando andas a pé. Todos limpam os pés em ti e te gritam e te tiram direitos e esperam tudo sem dar nada, esperam tudo menos uma resposta, tudo menos uma coluna vertebral, tudo menos dignidade. E tu dás o que eles querem, quando andas a pé.

Mas quando vais ao volante, a ti ninguém te passa a perna, não é filho? És o maior e os outros hão-de ficar a saber quem manda aqui.
Doença estatal

"A homofobia não é um mero sentimento subjectivo, uma questão de psicologia, ou uma prática de gente doida ou malévola, ultrapassável por bem-intencionados programas educativos ou pela repressão dos actos homófobos; é, antes disso, uma estrutura de desigualdade assente na exacerbação duma diferença. É a diferença tornada ontologia e vertida em Lei consagradora de desigualdade. O primeiro passo para a desmontar é tirar a desigualdade da lei."


Assim termina o Miguel mais um texto certeiro. Daqueles que em Portugal vão direitinhos para o saco das reflexões que se podem adiar. A malta que espere pela cidadania completa. Até que venha um governo socialista. Sim, porque a esperança é a última a morrer.

quinta-feira, outubro 12, 2006

A tristeza de não ser dromedário



Neste país onde a tempestade de areia é perene - e ataca os olhos, os ouvidos, o cérebro e até o coração -, há dias como hoje, em que me sinto particularmente identificada com este melancólico cão.


Douz, as portas do deserto, 10 de Setembro de 2006

Mas por mais que doa, tenho gosto em tirar os olhos do chão.





Que fique bem claro que o país a que me refiro não é a Tunísia, mas Portugal, que lá vai conseguindo ser um bocadito melhor. Mas se se distrai muito...

quarta-feira, outubro 11, 2006

Grandes portugueses na RTP: alguns Antónios.



Nem sei que mais diga acerca destes tempos que fedem... Dúvida? Polémica? Desenvolvimento económico, ainda que controlado?! Separação entre a igreja e o estado???!!!!! Tudo isto na televisão pública e não entre velhotes bêbados numa qualquer tasca de província?


A dúvida afunda-se, torturadora: será que este país vale a pena?...


... impõe-se a necessidade de um impiedoso e alargado "Respondário" a níbel nacional, não achas, caro JL?

segunda-feira, outubro 09, 2006

Respeitinho, não é filho? Respeitinho é muito bonito.

"Em democracia, um dos principais deveres dos políticos é terem respeito."

Disse José Sócrates, na Madeira. Pois. Respeito foi a primeira palavra que me veio à cabeça quando li a 1.ª página do DN.

Crimes de colarinho branco sem prisão preventiva.
Tráfico de influências e corrupção, entre outros crimes, têm novas regras com o Pacto de Justiça [PS/PSD]

Adenda: naturalmente, estou encantada por finalmente andarem a lixar o Jardim - ou antes, a resgatar a Madeira... ou a resgatar-nos da Madeira.]

sábado, outubro 07, 2006

O mais puro plástico do Sahara, por um dinar.
para o Nic









Por um dinar, um olhar para a câmara. O sorriso, esse, não está à venda. Perdeu-se algures, entre dois grãos de areia.
Tenho de me lembrar de não me esquecer disto.

(...) and to those whom I disappointed, I hope your action will make up for your disappointment in me…


Anousheh Ansari, no penúltimo post do seu Space Blog. A viagem acabou, com o segundo nascimento. Mas as palavras e o coração continuam lá, a gravidade zero.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Disse o senhor Coissoró...

... qualquer coisa como, "isso da hipocrisia é aquela história da rica vai para Londres e a pobre vai para o vão de escada; não é esse o problema."

Disse, na SIC Notícias, com serena arrogância. É que essa é, senhor Coissoró, uma grande, enorme parte do problema, e só a mais absoluta falta de solidariedade humana pode explicar que profira tamanha barbaridade. O senhor diz-se democrata-qualquer-coisa, mas agora não me lembro do que era.



E depois dizem que a luta de classes já era. Pois sim.



IVG: Em caso de dúvida, vote SIM.

terça-feira, outubro 03, 2006

O número do dia [post integral e desavergonhadamente roubado ao Max]

10511

...mulheres foram, em 2005, internadas no SNS em resultado de problemas relacionados com abortos. No entanto, no mesmo ano, apenas foram efectuados 906 abortos legais.



IVG: Em caso de dúvida, vote SIM.
A triste verdade

Na célebre fórmula de Jorge de Sena, a alternativa está entre tentar salvar Portugal e salvar-se de Portugal. A primeira será a mais nobre, mas a segunda é a que dá mais vontade.


António Figueira, no Cinco Dias

segunda-feira, outubro 02, 2006

Tanta conversa para quê?

Em duas semanas, o novo semanário Sol conseguiu ganhar o mesmo espaço nos meus hábitos de leitura que reservo ao Expresso. Todos os sábados lhes leio a primeira página na banca de jornais enquanto compro o DN.


Eheh... nem mais.

Miguel, no Tempo dos Assassinos
IVG: Em caso de dúvida, vote SIM

O Cardeal Patriarca diz aos católicos que a resposta ao referendo sobre a legalização da IVG não tem a ver com liberdade pessoal, mas com o direito à vida do feto. E apela a que, em caso de dúvida, se abstenham de votar - quem sabe, com sorte, não se repete a vergonha que foi o primeiro referendo.

Pois eu quero aproveitar a engenhosa fórmula. A mulher, católica ou não, religiosa ou não, é um ser composto de corpo e espírito [ou inteligência, ou mente, ou o que lhe queiram chamar]. Indivíduo racional e autónomo, cidadão de pleno direito, tem o inalienável direito ao seu corpo. Cada facção social/moral tem a sua opinião no que respeita ao início da vida humana, sendo que a ciência pode determinar a formação de um sistema nervoso central entre as 12 e as 24 semanas - e pretende-se legalizar a IVG até ao início deste período. Ora, a proibição não poderá deixar de ser, nunca, a imposição de uma visão moral à outra, suplantando a ciência com teologia, no corpo legal de um estado laico. A proibição só pode ser a consagração legal de uma moral absolutamente relativa de uma parte [ainda por cima, cada vez menor] da sociedade, atropelando o direito de decisão de uma cidadã sobre o seu próprio corpo, a sua individualidade, o seu futuro, isto num estado que é, segundo ainda se diz, democrático.

Apenas a legalização permite: acabar com o pesadelo que é o aborto clandestino; acabar com os vergonhosos julgamentos de mulheres que já passaram pela dolorosa experiência da decisão e da intervenção clínica; deixar que cada uma decida em liberdade o que quer para si, o que considera moral, o que faz do seu corpo. Como qualquer sociedade democrática se devia orgulhar de permitir.

Disto se deduz que só a mais fundamentalista crença no que defende o senhor Policarpo - e outros que tais -, tão cega que não concebe outra forma de viver senão impondo ao útero alheio a sua concepção da vida e do mundo, pode justificar um voto no não. Só a mais absoluta certeza de que se tem razão pode justificar um não. Por isso, é preciso lembrar:

IVG: Em caso de dúvida, vote SIM

domingo, outubro 01, 2006

Na maré alta


Ong Jemel ["o pescoço do camelo"], deserto tunisino
Setembro de 2006


02 La marée haute
02 La marée haute....
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La route chante
Quand je m’en vais
Je fais trois pas…
La route se tait

La route est noire
À perte de vue
Je fais trois pas…
La route n’est plus

Sur la marée haute
Je suis montée
La tête est pleine
Mais le cœur n’a
Pas assez

Mains de dentelle
Figure de bois
Le corps en brique
Les yeux qui piquent

Mains de dentelle
Figure de bois
Je fais trois pas…
Et tu es là

Sur la marée haute
Je suis montée
La tête est pleine
Mais le cœur n’a
Pas assez


Lhasa de Sela, in The Living Road
Frika Dahlo


Outubro de 2006

O Chaplin escolheu outra casa, onde vive feliz e contente. Entretanto, no próprio dia do regresso a Portugal, cai-me de paraquedas na vida este gremlin. Enfim, três semanas de alegria. Bright light, bright light!!! Aaaaaaaahhhhhhrrrggghhhhh!



... estou completamente derretida, that goes without saying.