quinta-feira, dezembro 09, 2010

quarta-feira, dezembro 01, 2010

não tarda volto a morar aqui um bocadinho

... tenho saudades, mas ainda não as suficientes. até já.


terça-feira, outubro 12, 2010

ecos

Somewhere in there was an awful scene, with people expressing disgust for Billy and the woman, and Billy found himself out in his automobile, trying to find the steering wheel.
The main thing now was to find the steering wheel. At first, Billy windmilled his arms, hoping to find it by luck. When that didn't work, he became methodical, working in such a Way that the wheel could not possibly escape him. He placed himself hard against the left-hand door, searched every square inch of over six inches, and searched again. Amazingly, he was eventually hard against the right-hand door, without having found the wheel. He concluded that somebody had stolen it. This angered him as he passed out.
He was in the back seat of his car, which was why he couldn't find the steering wheel.

Kurt Vonnegut, Slaughter House 5 or The Children's Crusade






gift shop


Paris, Dezembro de 2009
Ligne 14 — le verre en face




Billy made no reply to this, either, there in the ditch, since he didn't want the conversation to go on any longer than necessary. He was dimly tempted to say, though, that he knew a thing or two about gore. Billy, after all, had contemplated torture and hideous wounds at the beginning and the end of nearly every day of his childhood. Billy had an extremely gruesome crucifix hanging on the wall of his little bedroom in Ilium. A military surgeon would have admired the clinical fidelity of the artist's rendition of all Christ's wounds—the spear wound, the thorn wounds, the holes that were made by the iron spikes. Billy's Christ died horribly. He was pitiful.
So it goes.

Billy wasn't a Catholic, even though he grew up with a ghastly crucifix on the wall. His father had no religion. His mother was a substitute organist for several churches around town. She took Billy with her whenever she played, taught him to play a little, too. She said she was going to join a church as soon as she decided which one was right.
She never did decide. She did develop a terrific hankering for a crucifix, though. And she bought one from a Santa Fé gift shop during a trip the little family made out West during the Great Depression. Like so many Americans, she was trying to construct a life that made sense from things she found in gift shops.
And the crucifix went up on the wall of Billy Pilgrim.

Kurt Vonnegut, Slaughter House 5 or The Children's Crusade, 1979

sábado, outubro 02, 2010

the bird listens to the band



... and the coda.



Lisboa, Teatro Municipal São Luiz
Outubro de 2010

terça-feira, setembro 28, 2010

avenida dos milionários




cova do vapor, out 2010

sábado, setembro 25, 2010

terça-feira, setembro 21, 2010

soldier on!




again. if you wanna kill me, I'll be there. and I'll die happy.*

domingo, setembro 19, 2010

água.

queria ter palavras simples para contar histórias simples. mas às vezes não são precisos recursos. só muita vontade e um pouco de água na concha das mãos.



sábado, setembro 18, 2010

domingo, setembro 12, 2010

between one blur...




and the other.



o relatório.

pedra arrancada
limar das arestas
limpeza do sangue
e da gravilha.

sábado, setembro 11, 2010

do peso.

pesa.
mede, e gira o ângulo, e transfere o olhar.
dois dias. para perceber
achar os óculos na cara
dois dias. para perceber o que se sabe saber.

obstáculo identificado.
luzes verdes num écran negro
um tracejado branco.
aim. fire.

e lá vai mais uma tripa na granada
lá se me vai mais um pedaço de coração no torpedo
cá me fico um bocado maior
expoente matemático de uma regeneração insaciável.

assim come, sobrevivente.
assim fica, para sempre salivante.

terça-feira, setembro 07, 2010

até me apetecia vir aqui...

... mas tenho demasiado texto para decorar.
da violência, dia 7 em 22, já a seguir, numa casa-abrigo perto de mim.

domingo, setembro 05, 2010

eu já lá estou.

os Da Weasel descreveram os items, os Deolinda fizeram a conta. a primeira vez que ouvi este Movimento Perpétuo Associativo fartei-me de rir, logo com o título, e no fim tive vontade de chorar. hoje ao cair da noite foi a mesma coisa. um povo inteiro nos meus ouvidos, à cadência do passo, a cantar "vão sem mim, que eu vou lá ter."


quinta-feira, setembro 02, 2010

a felicidade... - crónicas do aipode

... é o shuffle disto (e que linda é a voz dele toda lixada neste vídeo, há magias que só o cansaço te dá e te tira)...



... passar para isto...




... e depois para isto.






e a seguir meter a chave à porta depois de um dia longo e bom.

bom dia!

quarta-feira, setembro 01, 2010

minesweeper.

dentro e fora, o grosso da batalha não se faz corpo a corpo, faz-se em campo minado.

quarta-feira, agosto 25, 2010

a felicidade é acordar com lágrimas nos olhos.

porque sei a nona, e este andamento específico, praticamente de cor (as partes cantadas sei de cor, mesmo), e acordar na rdp2 tem destas prendas de vez em quando. e ir ouvindo e curtindo. e às tantas perceber um gatinho no texto, o que é que eles estão a cantar, não estão a dizer Freude, estão a dizer... Freiheit!

e ainda antes de saber o que era — a informação estava lá nos arquivos, mas muito ao fundinho —o coração dispara com a beleza daquele grito coral. em vez de Alegria, Liberdade. um mês antes, o muro começara a cair. Deine Zauber binden wieder was die Mode streng getheilt, alle Menschen werden Brüder, wo dein sanfter Flügel weitl. Freiheit schöner Götterfunken.






... e seguiram-se dez minutos de aplausos.

Somos todos ciganos.

Quanto tempo até percebermos o que está à frente dos nossos olhos?

harvest moon.

terça-feira, agosto 24, 2010

o cavalo

(este livro se pediu uma liberdade maior que tive medo de dar. ele está muito acima de mim. humildemente tentei escrevê-lo. eu sou mais forte que eu. C.L.)


Depois foi fácil telefonar para Ulisses e dizer-lhe que mudara de ideia e que podia ir esperá-la ao bar. Era cruel o que fazia consigo própria: aproveitar que estava em carne viva para se conhecer melhor, já que a ferida estava aberta. Mas doía de mais mexer-se nesse sentido. Então preferiu apaziguar-se e planejou que, no táxi, pensaria no nariz recto de Ulisses, na sua cara marcada pela aprendizagem lenta da vida, nos seus lábios que ela jamais beijara.

Só que ela não queria ir de mãos vazias. E assim como se lhe levasse uma flor, ela escreveu num papel algumas palavras que lhe dessem prazer: "Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem — pois nunca morou antes em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela — apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. Seu focinho é húmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome. Ou não se acerta, mas, uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo-casa é livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso também que não se deve temer o seu relinchar: a gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou de cólera, a gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez."

Ela sorriu. Ulisses ia gostar, ia pensar que o cavalo era ela própria. Era?



Clarice Lispector, in Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

segunda-feira, agosto 23, 2010

via sacra



Espiritualidade. É do que se trata aqui. Confúcio, vai-te catar! Bagavadguitá? Deves... Kierkgaard, és um amador. Isto é que é. Que senhora tão bonita. Vamos ajoelhar-nos e dizer palavras que não percebemos para enganar a fome. Olha, passa aí esse cogumelo...




Saudável não quero ser apanhada. Se melhorar quero-a outra vez. Se isto fosse um painel de uma seita qualquer, já estavam presos. Isto é doentio, abusivo e um incitamento ao suicídio infantil. Sem ponta de vergonha na cara. Os abusos infantis não são de ontem nem apenas sexuais.




E os números. Reflexo da "Mensagem de Fátima" no mundo. E agarrar na caneta e escrever no livro de visitantes: Os números apresentados como a Mensagem de Fátima, fazem-se pensar nas áreas de serviço como manifestações da Mensagem da Galp. É vergonhoso brincar e manipular assim a espiritualidade de milhares de pessoas, nomeadamente de crianças. Se Cristo descesse à Terra começaria por expulsar-vos do Templo.

Só depois me apercebi que este seria o discurso de um evangélico, e assim terá parecido se alguém lhe passou os olhos por cima. Coisa que eu não sou, evangélica ou cristã, pelo menos não no sentido confessional do cristianismo. Mesmo assim, tremi ao escrever e estava no meu direito, e esqueci-me de assinar. Prova do profundo que está enterrado o mal feito por esta multinacional tentacular, nem os ateus se escapam. Ou citando o RAP, eu sinto muita culpa, e a culpa é deles.

blue blessed skies.

férias de fazer nada, depois de um ano de tudo. água, serra, uma égua grande e meiga. e a tentação ali ao lado. vá, 'bora lá, vamos a Fátima.

pois...

segue o resultado. quase que tive de ser arrastada de lá para fora, antes que batesse em algum dos pais que mostravam às suas crianças como ser santo é ser ignorante, passar fome e querer morrer. só um cego olha as fotos daquelas crianças e não percebe que o céu que sonhavam tinha de ser uma coisa melhor. só podia ser uma coisa melhor. o abuso infantil é na ICAR algo espontâneo, e tão eficaz que na altura no país inteiro morto de fome física e mental, se multiplicavam as visões. foi uma espécie de bazar, os santos homens de saia tiveram uma abençoada escolha. foram estes, Francisco e Jacinta, talvez porque com a outra que morreu anafadinha e no quentinho faziam a conta que deus fez. talvez apenas porque sim. sempre achei que o terceiro segredo era que os dois primeiros eram mentira. agora começo a achar que temos todos o terceiro segredo cá dentro, no recanto mais escuro e mais sujo.




o joelhódromo da Cova da Iria
Agosto de 2010

quinta-feira, agosto 12, 2010

al aire

para a serra, ala. das serras ainda poupadas pelo fogo... lá para cima há mais para arder.

mas para não pensarmos demais em coisas tristes (fui eu que disse esta frase? fui. hoje não me apetece laborar sobre isto), deixo-vos com o rei das portas do sol. não fosse o vento, e seria perfeito. o momento em que a coisa fica assim um bocado mais tremida deve-se a uma explosão do riso contido: por volta do minuto de filme já me corriam lágrimas dos olhos e os soluços de riso estavam verdadeiramente difíceis de controlar. no fim dei-lhe um euro, claro, era o mínimo.

quem quiser que aproveite e faça um pps para mandar aos amigos a dizer que se não o passarem a dez pessoas vão morrer afogados no Tejo.


Portas do Sol, Lisboa
Agosto de 2010

segunda-feira, agosto 09, 2010

variações sobre a estática

pela primeira vez em anos, perna de fora e calor. variações sobre a estática, seis laptops, vídeo e depois uns instrumentos primitivos cá à frente. som no espaço, o electro e o acoustic, pensei bem, acho que nenhum ganhou. ou os dois. o mcferrin do clarinete baixo, o poder do colectivo que ouve só um porque se ouvem todos. as cordas, bom, pu-las um bocado fora do meu campo. estavam irritantes ou eu estava irritável. não, estavam irritantes. eu estava num qualquer espaço de conforto entre o calor e a estática. e a lua nova.


Evan Parker E-A Ensemble, Agosto 2010
trompete—Peter Evans
shô—Ko Ishikawa

domingo, agosto 08, 2010

sexta-feira, agosto 06, 2010

eden itself.

janela sobre a palavra/2

A letra A tem as pernas abertas.
A M é um sobe-desce que vai e vem entre o céu e o inferno.
A O, círculo fechado, asfixia.
A R está evidentemente grávida.
Todas as letras da palavra AMOR são perigosas — comprova Romy Diáz-Perera.
Quando as palavras saem da boca, ela as vê desenhadas no ar.


Eduardo Galeano, Mulheres

quinta-feira, agosto 05, 2010

e eu para aqui a pensar...

... que há muitas formas de se lidar com a coisa. e que algumas se forçam. por exemplo, não enfrentar o agressor e ir agredir para outro lado e depois recusar a culpa e dizer para si, avancei. é a entrada no círculo negro e a recusa da consciência. às vezes é irreversível.

... outra é escolher demasiado os oponentes. e fazer da cobardia uma sublimação da inteligência, em vez de apurar a estratégia. eu escolho os meus mestres. os oponentes às vezes escolhem-me a mim.

... outra é dizer que a estratégia é maligna e preferir o martírio que alimenta o mal em volta.

...



deve haver mais. nenhuma final ou corredia. mas mais.



Consolação, São Paulo
Julho de 2010

quarta-feira, agosto 04, 2010

bom dia!

Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-lhe ele nessa altura Luiz
decerto fui com Ísis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento

Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco-íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos

Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais rimará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores da morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhes como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal


Mário Cesariny de Vasconcelos, A voz numa pedra

you ain't foolin' nobody with the lights out!




de todas, diz que sou esta. não me espanta. vá, agrada-me. ainda me agradará mais comprar os bilhetes para novembro. nothin's hid, from us kids!

terça-feira, agosto 03, 2010

fica um furo,

um furinho só por onde passa o vento e o vento levantou-se hoje sem ti. fica a janela fechada porque o calor desapareceu e de repente não está o fundo daquela respiração no ouvido a mascarar os autocarros da madrugada. fica espaço. mais espaço mais gatos. quando vais é quando mais ficas.

hoje fui ver como se toca o ar.

sábado, julho 31, 2010

but long it could not be till that her garments, heavy with their drink, pulled the poor wretch from her melodious lay to muddy death.


John Everett Millais, "Ophelia" (Elizabeth Siddal)
Tate Gallery


Gower Street, 1852
Lizzie entrou na minha vida muito cedo, sem que eu a conhecesse pelo nome. Era Ofélia e, nos meus dezasseis anos, já eu amava a quantidade de poder que se disfarça numa morte erotizada. Parti pela mão dela para o texto, o que fez com que nunca usufruísse inteiramente de
Hamlet. Fiquei sempre na margem do ribeiro e o fim não me deixava começar. O tempo da tragédia convergia com velocidade para aquela imagem e então parava, como a suicida. Lizzie Siddal flutua numa tela e Ofélia é sustentada à superfície sem que as águas deslizem, sem que o resto do que acontece ao afogado ocorra.

Hélia Correia, Adoecer, Relógio d'Água



ganhei um codinome: Beija-Flor.



vindo de uma cidade onde vi um beija-flor (pela primeira vez ao vivo) a fazer uma dança só para mim, de vários minutos. e eu, parva, de máquina na mão e sem reacção. e eu, miúda, de boca aberta e coração iluminado. e eu em Sampa, também em Sampa, em casa. e quanto aos beija-flor, aprendi uma coisa: num dia da tua vida nunca os viste, no outro estão por todo o lado.

quarta-feira, julho 28, 2010

Carandirú.



às três.

às três são onze. são três mas no corpo... as pernas cá, o coração ainda lá, corra embora o sangue deste lado do charco. ainda canto, ainda exalo mamão e abacaxi com hortelã, ainda sinto a garoa. pan américas de áfricas utópicas túmulo do samba mas possível novo quilombo de zumbi, até logo, até mais. escuita, nóis vorta, nóis vai vortá.



terça-feira, julho 27, 2010

ocê travessou contra-mão.

de lembrança guardo somente suas meias, o seu sapato. Iracema... eu perdi o seu retrato.

Estação da Luz: Sampa, dia 1

Museu da Língua Portuguesa sabes que a língua é tua quando tudo nela te faz chorar de erro e acerto. menas é mais. e nós vai sambar. (se há sítios especiais feitos no mundo pela mão humana, ESTE é sem dúvida um deles.*)

starting over Blue!

segunda-feira, julho 05, 2010

hoje, às 18h, todos ao Maria Matos.


O anunciado corte de 10% dos apoios do Ministério da Cultura já contratualizados com todos os agentes culturais decorre da cativação de 20% no orçamento do MC. No entanto, o orçamento do MC tem vindo a ser reduzido de forma drástica nos últimos anos e é um dos mais baixos da Europa. Apesar disso, o trabalho dos agentes culturais tem um impacto positivo crescente na economia portuguesa. Os agentes culturais têm criado cada vez mais riqueza, o que torna as estruturas e trabalhadores da cultura num exemplo de solidariedade com as dificuldades económicas do país e de sucesso no esforço de crescimento com que Portugal é hoje confrontado. Neste sentido, os cortes anunciados são profundamente injustos.
A Senhora Ministra Gabriela Canavilhas considera os cortes anunciados “uma redução de uma pequena parte das verbas”. Trata-se, é certo, de uma parcela residual no esforço global que é exigido a todo o país. No entanto, dada a precariedade do meio cultural e artístico, tal como a ausência de protecção social dos trabalhadores desta área, qualquer redução das já parcas verbas atribuídas aos agentes culturais tem um impacto tremendo e fará entrar em recessão uma actividade que está em crescimento. Ou seja, cortar pouco dinheiro numa actividade que já tem muito pouco, tem efeitos mais graves do que cortes iguais em actividades onde os apoios são muito mais significativos. Neste sentido, os cortes anunciados são desproporcionais e desiguais. São também ineficazes, uma vez que causam estragos irreversíveis no tecido cultural e artístico. Diversos projectos serão cancelados sem grandes benefícios no combate ao défice, uma vez que, como a própria titular da pasta assume, são “pequenas” as verbas resgatadas. É, assim, em nosso entender uma medida incorrecta que não defende nem o esforço de redução da despesa pública, nem a população portuguesa nem os agentes culturais.
O corte de 10% de todos os apoios estatais aos agentes culturais de todas as áreas é anunciado pela Senhora Ministra da Cultura como a “única forma” de assumir compromissos anteriores e novos financiamentos para 2010. No entanto, a tutela esquece-se de mencionar a total ausência de informação por parte da Direcção Geral das Artes em relação aos apoios anuais e pontuais já atribuídos e por atribuir. Estes cortes são anunciados num momento em que os atrasos nos concursos e a total ausência de comunicação por parte do MC, tinha já lançado o tecido artístico e cultural num impasse impossível de suportar.
Ainda que se entenda que, num conjunto de medidas de restrição orçamental em todos os sectores, o Governo não queira criar nenhuma situação de excepção que pudesse descredibilizar perante a opinião pública o conjunto dessas medidas, também nos parece inaceitável que os cortes no financiamento se transformem, no caso da produção cultural, em medidas de penalização de um sector que contribui generosamente para uma valorização do país contando apenas com verbas de apoio Estatal extremamente reduzidas. E muito menos aceitável que as medidas possam ter carácter retroactivo, obrigando os produtores culturais a pagar ao Estado verbas que já gastaram e que acreditaram que lhes tinham sido atribuídas, destinadas a viabilizar projectos de utilidade pública. Tais medidas retroactivas viriam a pôr em causa a própria boa fé do Governo aquando da atribuição dos apoios, como se afinal não julgasse essas verbas necessárias.
Também é difícil de aceitar que o próprio Ministério da Cultura desconheça os mecanismos de produção e não entenda como em tantos casos (os mais organizados), baseados nas anunciadas e tantas vezes já contratadas atribuições de apoios, será impossível voltar atrás na programação prevista e cancelar compromissos já assumidos com terceiros.
Dado que no orçamento geral do Estado as verbas destinadas à Cultura pesam afinal tão pouco e que os produtores culturais tanta generosidade têm demonstrado trabalhando com verbas tão escassas para a valorização cultural do país, (e uma breve comparação com os custos de produção de outros países europeus imediatamente o confirmaria), julgamos que seria indispensável uma mais profunda revisão das medidas de restrição anunciadas pela Senhora Ministra da Cultura.


PLATAFORMA DO TEATRO

Ar de Filmes
Artistas Unidos
Barba Azul
Casa Conveniente
Chão de Oliva
Joana Teatro
Mala Voadora
Mundo Perfeito
O Bando
Primeiros Sintomas
Qatrel
Teatro da Comuna
Teatro da Cornucópia
Teatro da Garagem
Teatro da Rainha
Teatro do Vestido
Teatro dos Aloés
Útero

sexta-feira, julho 02, 2010

estes sábado e domingo, às 21h, no CCB.



porque apesar de tudo o amor ainda tem lugar neste mundo.
quase tanto como o poder. com f.







Criação TEATRO PRAGA (ANDRÉ E. TEODÓSIO | CLÁUDIA JARDIM | JOSÉ MARIA VIEIRA MENDES | PATRÍCIA DA SILVA | PEDRO PENIM)
Direcção musical MARCOS MAGALHÃES
Iluminação DANIEL WORM D’ASSUMPÇÃO
Som RICARDO GUERREIRO
Realização vídeo ANDRÉ GODINHO
Cenários BÁRBARA FALCÃO FERNANDES
Maquilhagem JORGE BRAGADA
Produção BRUNO COELHO, CRISTINA CORREIA, SARA MAURÍCIO
Assistência JOSÉ NUNES

Com ANDRÉ E. TEODÓSIO | CLÁUDIA JARDIM | DIOGO BENTO | JOANA BARRIOS | JOANA MANUEL | MIGUEL VEIGA | PATRÍCIA DA SILVA | RODOLFO TEIXEIRA
Solistas ANA QUINTANS | JOÃO SEBASTIÃO | NUNO DIAS | ROSSANO GHIRA Coro GRUPO VOCAL OLISIPO
Artistas convidados ANA PÉREZ-QUIROGA | CATARINA CAMPINO | JAVIER NÚÑEZ GASCO | JOÃO PEDRO VALE | LEO RAMOS | ROGÉRIO NUNO COSTA | THE END OF IRONY (DIOGO LOPES, IVO SILVA, MIGUEL CUNHA, RICARDO TEIXEIRA E RITA MORAIS) | VASCO ARAÚJO | VICENTE TRINDADE
Equipa de filmagem CLÁUDIA MORAIS | FRANCISCO MOREIRA | JOÃO MARTINS | LEONOR NOIVO | NUNO MORÃO | TIAGO OLIVEIRA

sexta-feira, junho 18, 2010

desprendeu-se a vontade de Baltasar Sete-Sóis, mas não subiu às estrelas, se à terra pertencia e a Blimunda.

como o cão dos cegos, chega-se demais aos humanos e acaba-se por sofrer como eles. a morte inventou deus e Saramago enfrentou-os ambos, as lágrimas lambidas, os dedos nas palavras.

quarta-feira, junho 09, 2010

se não for a bem...



»Crystal Brass Knuckle (I am going to realign your chakras motherf*****)«, 2009 by Debra Baxter.

domingo, junho 06, 2010

excusing myself.



I had a hole in the middle where the lightning went through it
told my friends not to worry
I had a hole in the middle someone's sideshow wouldn't do it
I told my friends not to worry

terça-feira, junho 01, 2010

Louise s'en est allée...


Louise Bourgeois (25 de Dezembro de 1911 – 31 de Maio de 2010 ) em 1990,
atrás de Eye to Eye (mármore, 1970)
por Raimon Ramis



... bonne nuit, tristesse.

segunda-feira, maio 31, 2010

unir os pontos

Eu sei que são redes sociais e não veio nada no telejornal. E também sei que só nas redes sociais vi descrito aquilo que vi com estes-que-a-terra-não-há-de-comer(-porque-vão-para-doação) no fim da manifestação de ontem, ao início das Portas de Santo Antão. No telejornal da dois reportaram-se desacatos e confrontos com a polícia onde eu vi tropa de choque de metralhadora em punho em barreira frente a gente de mãos nuas, onde houve cacetada geral para lidar com um bêbado. Repito, um. Repito, bêbado. Numa tasca. Sobre as armas nas mãos dos agentes, nem uma palavra, nem uma imagem. Como se não fosse relevante. Dica importante para os tempos que parecem avizinhar-se: quando se dirigirem à polícia de intervenção, façam-no SEMPRE de mãos no ar. Este é o ponto 1.

O ponto 2 é que não são de ontem as denúncias. As nossas polícias são velhas frequentadoras do rol de abusos democráticos da AI, e as histórias do boca-a-boca não são poucas, perdidas nos corredores das esquadras e na lixeira dos não-ditos em que sempre nos sentimos em casa. Mas nos últimos dias o nervosinho roça a demência. Maxilares partidos, tímpanos furados, pessoas interrogadas a quem são negados os telefonemas porque "não estão detidos, logo não têm direitos". Os agentes da agressão sempre sem identificação. Esfumando-se no ar. Os polícias que lutam por direitos laborais, ignorados e desrespeitados sistematicamente. A esquizofrenia como modo de vida. That's us, folks!

Mas há um 3. A quem interessa nesta altura que a polícia se descontrole e que no final de uma tarde com 300 mil na rua, a arruaça precise da PSP para acontecer? É que ao governo não me parece que interesse muito. E não estou numa de advogado do diabo, porque não acredito. No diabo, quero dizer.

O ponto zero deste post é o terceiro ponto zero da semana, depois do maxilar partido do puto Vasco e da cacetada indiferenciada por causa de um bêbado que estava a chatear. E é este.
"Nesta madrugada, por volta das 2h da manhã, Alexandre Gonçalves, fotojornalista, estava no bairro alto quando viu uma rapariga no chão com um policia a por-lhe o pé na cabeça enquanto outros lhe batiam com o cacetete. Ele começou a tirar fotos e foi logo espancado também.
Mais dois jovens tentaram defendê-lo mas foi em vão.
Foram todos levados para a esquadra onde Alexandre só não foi mais agredido porque informou que era jornalista. Devolveram a máquina mas sem cartão e portanto sem fotos.
Iremos divulgar as fotos das agressões das pessoas, que segundo o Alexandre, foram brutalmente espancadas nas ruas e na esquadra.
Dois dos jovens ficaram com os timpanos furados.

Amanhã haverá uma audição no tribunal do parque das nações, com estes jovens, às 10h.
Vai e demonstra a tua indignação. "

Estarei ao lado, a apanhar o comboio para o Porto, muito contra minha vontade.

quinta-feira, maio 27, 2010

porta azul #3 — silêncio


janelas verdes, maio de 2010

quarta-feira, maio 26, 2010

aqui.

na segunda casa outra vez. a matar saudades e outras coisas. outra vez. olá Porto.


terça-feira, maio 25, 2010

ao carril.

choveu-me em cima. a manhã toda a dizer, é só chuva, queres o ar aberto, não fujas à água. não fujo. hoje, na batalha, penso em mim. deixo para trás tudo o que tem o veneno do que me deves, tudo no que te registaste em credor-mor. guarda. ou deita fora. já não é meu. tenho mundos demais para me deixar definir em âncoras tortas. tenho coração a mais para me deixar desenhar em quistos. tenho o mar pela frente. e o leme na mão. não quiseste vir, ao menos acena. se queres cobrar-me por não ficar, fá-lo-ás, como já o fizeste, mas fá-lo-ás só. e só a ti vai doer.

não deito tudo fora, não. mas a caixa onde fica o espólio arrumado tem de me sair do caminho. tem de ir à água. mulher ao mar!! e o cigarro aceso na vela.

domingo, maio 23, 2010

segunda-feira, maio 17, 2010

para o professor Aníbal, com um beijinho fofo.




somos todos mais iguais por sermos diferentes. somos um país um bocadinho menos pequeno. apesar do presidente que temos.

PARABÉNS A TODOS! que rica maneira de acabar o Dia Internacional da Luta contra a Homofobia e a Transfobia. às vezes isto encaixa que nem relógio.

sexta-feira, maio 14, 2010

e os mortos do franquismo continuam a morrer.

Baltasar Garzón foi mesmo suspenso. Vivemos tempos ainda mais negros do que parecem à primeira vista.

sábado, maio 08, 2010

histórias para meninos.

por Rui Rebelo sobre letra de Miguel Castro Caldas. eu cá ando a fazer o que posso, rapazes.

sexta-feira, maio 07, 2010

bullying.

aquilo que se faz aos mais pequenos enquanto os grandes nos comem os papas na cabeça.


priorizar ou a deus o que é de césar, ao povo papas e bolos.

custos da visita do Papa: cerca de 37 milhões de euros. cortes nos subsídios de desemprego: 40 milhões. mais depressa um camelo passa pelo buraco de uma agulha...



a partir de onze de maio, pelos crimes da Igreja Católica e pela falta de laicidade (leia-se, vergonha) da República Portuguesa, panos pretos nas janelas.

quinta-feira, maio 06, 2010

o pano preto na varanda



CONDICIONANTES CERIMÓNIA NO TERREIRO DO PAÇO:


07 de Maio (22h) a dia 12 de Maio (00H00) – Trânsito irá ser encerrado na Av.

Ribeira das Naus/Av. Infante D. Henrique, entre o Campo das Cebolas e

Cais do Sodré.


11 de Maio (07H00 às 20H30) – Trânsito encerrado nos seguintes locais:

Rua Cais de Santarém

Av. Infante D. Henrique

Av. 24 de Julho

Praça dos Restauradores

Largo de Camões

Martim Moniz


11 de Maio (07H00 às 21H00) – Cortes e condicionamentos de trânsito:

Cais do Sodré – Trânsito cortado desde o dia 7 de Maio

(montagem palco) e será condicionado e desviado para a Rua da

Misericórdia;

o Alternativas – Av.ª 24 de Julho, Rua do Alecrim e Rua

Cintura do Porto de Lisboa;

Av. Liberdade

o Alternativas - Lateral descendente até à Praça da

Alegria, Príncipe Real, Rua da Misericórdia e Cais do

Sodré, Rua da Escola Politécnica e Largo do Rato

Rua da Prata – Trânsito encerrado

o Alternativas - Rua da Madalena em direcção ao Largo do

Martim Moniz

Rua Cais de Santarém – Trânsito cortado e desviado para a Av.ª

Infante D. Henrique para inversão;

Av. Infante D. Henrique – Trânsito fortemente condicionado e

desviado para artérias alternativas em Santa Apolónia e Viaduto

Mouzinho de Albuquerque (à excepção dos autocarros que vão até

Santa Apolónia);

Largo da Madalena – Trânsito fortemente condicionado e desviado

para a Rua da Madalena em direcção ao Martim Moniz;

o Alternativas – Largo do Martim Moniz, Rua de S. Lázaro

e Almirante Reis;

Largo do Martim Moniz – Trânsito condicionado e desviado no

início da Rua D. Duarte para Norte;

o Alternativas – Calçada de Santo André, Rua da Palma e

Rua de S. Lázaro;

Largo do Camões/Rua do Alecrim – Trânsito condicionado e

desviado para a Calçada do Combro e obrigado a inverter (à

excepção dos autocarros que vão até Cais do Sodré);

Av.ª 24 de Julho – Trânsito condicionado e desviado para a Av.ª D.

Carlos I (à excepção dos autocarros que vão até Cais do Sodré)

o Alternativas - Rua da Boavista e Rua de S. Paulo


da nota de imprensa do comando metropolitano da PSP Lisboa.


Isto é só o bocadinho relativo à missa no Terreiro do Paço. A nota tem oito páginas onde muita coisa vem descrita —nomeadamente as honras militares, que eu suponho que consistam em pôr os soldados a darem a outra face aos oficiais superiores. Ora acontece que recebi esta nota hoje em pdf ao mesmo tempo que uma ciberdiscussão crescia, e não posso deixar de notar em alguns católicos uma certa vitimização que não pode pegar quando se defende tamanho poder, tamanha imposição. Acontece que é verdade que o alvo a bombardear é o Estado, a República Portuguesa, mas também a ICAR, a instituição e a hierarquia. Acontece que um chefe de Estado só é assim recebido se for o nosso chefe de Estado, se for um herói e, sobretudo, se vivermos uma situação excepcional ou, hélas, uma ditadurazeca. E um líder religioso usa dos próprios meios da sua assembleia para espalhar o seu evangelho. E faz as missas no seu património, que não é pouco, ou vai para o Pavilhão Atlântico como o Dalai Lama, ou para o estádio do Restelo, como em tempos foi o Papa anterior. Mas isso deve ter sido um lapso, demasiada proximidade ainda do PREC, vulcão que apesar de tudo largou cinzas no ar. Hoje aqui temos o papa-tudo, o melhor de dois mundos, o poder terreno e a imunidade divina.

Acontece também que o poder desta espécie de chefe de estado cujo reino não é deste mundo mas pelo sim pelo não tem um Banco próprio e uns Prada no armário, é trágico e de todos nós, é histórico e tirânico e generalizado. Está dentro das nossas cabeças, está em tantos dos nossos medos, em tantos buracos, em tantas patologias. Não estou a falar da doutrina de Cristo. Não estou a falar das pessoas que com ela no coração foram fazendo, e continuam a fazer, o contraponto da história dos poderes, quer de fora quer de dentro —e são muitas, benza-as o seu deus, eu por elas agradeço. Não estou a falar dos percursos interiores, da fé, da procura. São coisas que respeito, e que em muitos casos aprecio, nos católicos como em todos os seres humanos. Mas não vamos enganar-nos: quando falamos da instituição ICAR não é da doutrina de Cristo que falamos, é de um poder terreno, secular, não-eleito, tirânico e fundamentalista. Obscurantista. Há menos de 40 anos ainda aqui determinava legalidades e ilegalidades, ainda misturava os seus sacramentos na organização do Estado. Há três anos ainda queria continuar a determinar as escolhas que eu podia ter sobre o meu próprio corpo até às dez semanas de uma gestação, como se o meu ventre não fosse eu, como se eu não fosse ninguém. Ainda não desistiu, ainda tem esperança de conseguir voltar atrás. Hoje, pouca prudência ganha, continua a dizer que os meus amigos homossexuais não têm relações de pleno direito e as suas famílias não existem face ao Estado de todos nós. Não vale a pena falar muito sobre a protecção de pedófilos, o corte total e abjecto de confiança quando é a confiança mais íntima que exige aos fiéis. Direi apenas que é por tudo isto que dentro de poucos dias um pano preto adornará a minha varanda. Um bem grande. E bem negro.

Não posso fugir ao Stephen Fry: a Igreja Católica não é uma força do bem no mundo. E nós recebemos o seu líder como se fôssemos seus súbditos. Para alguns, dizer isto é atacar o Papa porque somos anti-clericais, porque tudo serve para zurzir, porque se é radical. Para mim, não o dizer é ser cúmplice e contribuir para enfraquecer a República e o Estado Laico em que a minha Constituição diz que vivo. E eu fico estupefacta, confesso, que se considere admissível o aparato e o transtorno generalizado com que esta visita se apresenta sem se acreditar realmente que é ali que reside A Verdade. E quanto a isto, nada posso acrescentar, senão que teria de agradecer às pessoas que pensam assim, se assim o pensam de facto, a condescendência de serem minhas amigas.

Isto não é um assunto qualquer. Isto é um assunto nosso. Tanto meu, ateia praticante de antenas no ar, como de qualquer católico. Tu, católico, entras na igreja pelo teu pé. A mim, arrastam-me. Mas arrastam mesmo, desde a nascença. Não te esqueças disso quando comigo discutires este assunto que te pode parecer só teu. Eu não estou de fora a bombardear. Estou presa dentro a dizer que quero sair.


AQUI, católicos ou não, assinem a petição Cidadãos pela Laicidade.

domingo, maio 02, 2010

fase


são bento, abril de 2010


tive de cortar o cabelo. estou naquela fase.

esbatendo-se.


Bill Viola, The Reflecting Pool
video, color, mono sound, 1977-79
(Frenoys, Abr 2010)

I was trying to get ar the original notion of baptism in a way—a process of cleansing or clearing away, and the idea of breaking through illusion. Water is such a powerful, obvious symbol of cleansing, and also of birth, rebirth and even death. We como from water and ina way slide back into its undifferentiated mass at death.

(...)

In the mid-1990's when I was having lunch with some art collectors, one of them, a trauma surgeon, kept looking at me and finally said, "have you ever had a near-death experience?" I was taken aback, but finally said "Yes," and it occurred to me then for the first time that what I always remembered as a positive, even blissful experience was in fact a near-death crisis. I was six and a half years old, on a family vacation in Upstate New York, when I jumped off a raft and forgot to hold on to my inner tube. I went straight to the bottom, opened my eyes, and saw this incredible vision of an underwater landscape I never knew existed. It was turquoise blue and emerald green, with shimmering shafts of light, fish swimming, and plants undulating in the current. It was beautiful, and I was calm and had no fear. Then, an arm came down and roughly yanked me back up to the surface. It was my uncle, but I was annoyed because I wanted to stay there. To this day I can see that blue-green place and feel that peaceful calm vividly. It is the closest image I have to Paradise.

(...)


It's actually fairly primitive as far as video effects go. It would be easier to do today than when I did it a few years ago. The key element of the piece, as in a lot of my other work, is the stationary camera. Keeping the camera in the same place automatically means that any objects that have not moved between different recordings can be registered (aligned) again, and reconstructed to make a whole image. I've been trying to work for a while with recombining levels of time within the frame, times which are not strictly dependent on ghe sort of absolute time of the running of the videotape machine.


from interviews with Bill Viola, 1985, 2007, 1985

quarta-feira, abril 28, 2010

segunda-feira, abril 26, 2010

reflexões no vinte seis.

já no Rossio se dispersava, ainda a cauda do desfile ia no Marquês. os grupos são cada vez mais, as lutas acompanham-se lado a lado. como me dizia a Susana, o 25 da avenida tornou-se um verdadeiro espaço de liberdade. e se a secção da imigração para mim ficou ex-aequo com as Panteras Rosa ("não me papas!" é quase tão bom como "ilegal é a tua tia"; menção honrosa para o rolo compressor do PEC posto a girar pelo BE por cima da canalhada em curtição total), o prémio twilight zone vai para um estranho bloco. quando fizemos escala nos Restauradores, chamou-nos a atenção um grupo que, sem palavras de ordem, vinha em compacto aplauso. à frente, ao centro, dois ou três cravos na mão e sem bater palmas, vinha o rosto sereno e seráfico atrás de quem todos altivamente caminhavam e aplaudiam: Fernando Nobre.


gostei quando foi anunciada a candidatura. e tenho, naturalmente, as minhas simpatias por um homem com obra feita e que, assumidamente monárquico, tem dado o seu apoio às forças políticas com que contingentemente concorda, desde o PSD ao Bloco, passando pela candidatura do Mário Soares. mas sempre achei, e cada vez acho mais, que o diabo se esconde nos pormenores. ontem já decidi em quem não vou votar. com o Cavaco, aí vão dois.



o puto arco-íris VS o rolo compressor (aka PEC) — o combate do século
Lisboa, 25 de Abril de 2010

ilegal é a tua tia, pá!




tinham o melhor slogan da tarde —este, sem o "pá", por respeito ou por falta de hábito. mas foi neste friso, antes de começarem a descer, que me olharam um por um. como que hiperconscientes do momento de visibilidade, ainda que numa pequena leica compacta, distavam do mundo apenas por um cabo. hipersensíveis pelo invulgar dessa exposição, tranquila, pausada, a luz do sol a bater nos rostos. um por um, perceberam que filmava e quiseram entrar. agora ao rever, percebo que deveria ter levado o dobro do tempo a percorrê-los, pousado o triplo do tempo naquele último rosto. a timidez impediu-me de lhes fazer justiça.

domingo, abril 25, 2010

como se falar fosse andar.

Fala a sério e fala no gozo
Fá-la pela calada e fala claro
Fala deveras saboroso
Fala barato e fala caro
Fala ao ouvido fala ao coração
Falinhas mansas ou palavrão
Fala à miúda mas fá-la bem
Fala ao teu pai mas ouve a tua mãe
Fala francês fala béu-béu
Fala fininho e fala grosso
Desentulha a garganta levanta o pescoço
Fala como se falar fosse andar
Fala com elegância - muito e devagar.



Alexandre O'Neil

sábado, abril 24, 2010

life on the ocean wave



as marchas de marinheiros são sempre as mais arejadas. reconhecem-na?




"I'm wearing pajamas as I only get inspiration at 10:00pm", diz ele. Está certo, o E depois do adeus foi lançado ao ar cinquenta e cinco minutos depois das dez.





desde miúda é som de dia de sol e de sorrisos abertos.
estou feliz por a minha cultura ser esta, apesar de todos os galos na cabeça, apesar das angústias esgrimidas dia-a-dia. estou feliz por todos os cravos vermelhos na minha vida e por não me lembrar de não saber de cor a marcha do MFA. estou feliz por, apesar de tudo, a inscrição deste dia ser tão forte em nós, porque o é. e apesar dos pides reabilitados, há só um nome que me apetece dizer neste dia que se aproxima: Fernando José Salgueiro Maia.

vêmo-nos na Avenida? :*

sexta-feira, abril 23, 2010

big kids growing up.*




blissful. that's the middle name of big art. all hail Thurston's guitar.

segunda-feira, abril 19, 2010

sábado, abril 17, 2010

dentro da esfera.




Bill Viola, He Weeps For You
Video and sound installation, 1976
Bill Viola et Thierry Kuntzel — deux eternités proches
Le Frenoys, Abril de 2010



One of the foundations of ancient philosophy is the concept of the correspondence between the microcosm and the macrocosm, or the belief that everything on the right order, or scale, of existence reflects and is contained in the manifestation and operation of the lower orders. This has been expressed in religious thought as the symbolic correspondence of the divine (the heavens) and the mundane (the earth), and also finds representation in the theories of contemporary physics that describe how each particule of matter in space contains information about the state of the entire universe.

The ensemble of elements in
He Weeps For You evokes a 'turned space', where not only is everything locked into a single rhythmical cadence, but a dynamic interactive system is created where all elements (the water drop, the video image, the sound, the viewer, and the room) function together in a reflexive and unified way as a larger instrument.

The traditional philosophy of the microcosm/macrocosm has been profoundly expressed in the Islamic mystical tradition of Sufism. The Persian poet Jallaludin Rumi (1207-1273) developed these concepts with subtle variation in the course of his life's work. In the Masnavi he wrote:

With every moment a world is born and dies,

And know that for you, with every moment come death and renewal.

Notes by Bill Viola, 1976

inverno dormindo.


Hiver (La Mort de Robert Walser)
Thierry Kuntzel, instalação vídeo, cor e preto e branco, 1990
Bill Viola et Thierry Kuntzel — deux eternités proches
Abril de 2010, Le Frenoys

quinta-feira, abril 15, 2010

domingo, abril 11, 2010

ponto.


Bill Viola, He Weeps for You
(video and sound instalation, 1976)
Frenoys, Abril de 2010

tamborim.




Bill Viola, He Weeps for You
(video and sound instalation, 1976)
Frenoys, Abril de 2010



In a large, darkened space, a copper pipe runs down from the ceiling, terminating in a small valve from which a single drop of water is slowly emerging. A color video camera, fitted with a special lens and a bellows attachment used for extreme close-up magnification, is focused in on this drop. The camera is connected to a video projector that displays the swelling drop of water on a large screen in the rear of the space. The optical properties of the water drop cause it to act like a fish-eye lens, revealing an image of the room and those within it. The drop grows in size gradually, swelling in surface tension, untill it fills the screen. Suddenly it falls out of the picture and a loud resonant "boom" is heard as it lands on an amplified drum. Then, in an endless cycle of repetition, a new drop begins to emerge and again fill the screen.

Catalogue Bill Viola, The Museum of Modern Art, New York, 1988, p.29

quarta-feira, abril 07, 2010

reflect reflex revue

sono solto e o ar é meu. a confiança. o olho rasgado e o sorriso.
o peito.
o amor.
sono solto.
cheio de sonhos. como na vida.


(eu não sou ela
e ele não és tu.)






Mistral, place du Châtelet
abr 2010

à luz exterior


Luna, place de Clichy
Abr 2010



tanto que se reflecte. diagnóstico feito, mas... e o INEM para isto?


nota de não-demissão: eu tenciono continuar a fazer a minha parte. o pior não pode estar para vir, isto só pode melhorar.

terça-feira, abril 06, 2010

domingo, abril 04, 2010

do indizível.

Isto é inominável, mas não por respeito e temor. Isto é inominável vindo da igreja que se calou, que se cala sempre. Vindo da igreja que queimou bruxas, que atirou bebés cristãos-novos contra as paredes, que perseguiu judeus e que vendeu e vende indulgências, que se aliou aos fascismos, que se alimentou de poder, de repressão e de morte.

Isto é tudo o que Cristo não pregou.

Estes homens deviam ter vergonha na Terra, já que face ao cÉu que apregoam aparentemente não têm nenhuma.