Fuck me.
Desço a minha rua calmamente para ir trabalhar e uma meia-dúzia de cro-magnons está postada em fila, ao longo da parede, a gozar o fim da hora do almoço. Felizmente vou ao telefone e não oiço tudo, mas as vozes misturam-se em piropos e os olhos pespegam-se, radiantes de boçalidade. "Olha, desculpa lá, mas não ouvi o que disseste, que está aqui uma cambada de brutamontes a fazer figura de idiota, importas-te de repetir?", e lá o volume se acabrunha um pouco e as larachas vão descaindo.
Só uma frase da minha personagem-fetiche na Letra L, a Jenny Schecter, me ecoou em círculo na mente ao terminar a chamada, já dobrada a esquina: take off all your clothes, write "fuck me" on your chest and go down the street; maybe then you will know what it feels like to be a woman.
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4 comentários:
Hum... E tem razão. Estava a escrever que, por vezes é mesmo isso, mas a verdade é que é mesmo quase sempre assim... Sente-se em muitos locais, nem sempre na rua, a discriminação sexual... Quando vais sozinha a uma qualquer instituição bancária, tratar de documentação, para não falar de quando nos deslocamos à oficina...
Poder-se-ia acrescentar que, se no peito tens "Fuck Me", nas costas acrescentas "'Cause I'm asking for it. I'm just dumb and sentimental..."
A Jenny tb é das minhas favoritas, mas curiosamente achava-a insuportável no início da primeira série. Compensou largamente na segunda. :)
Há quem faça piropos bonitos, e nisso nao vejo mal nenhum.
O problema dos cro-magnons agem em matilha, se apanhasses um por um sozinho encostado ao muro de certeza que nem piava.
Há uma grande diferença entre um piropo de admiração e um piropo de abuso. Porque é de abuso que se trata; numa situação destas, a sensação que se tem é que aquelas bestas nos estão a apalpar por todo o lado e nós não podemos fazer nada... é a velha diferença entre uma pessoa e um objecto, que as mulheres tão bem conhecem, infelizmente.
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