Parei imediatamente de ter pena de mim, e fui percorrido por um estranho sentimento: só dificilmente vai acreditar no que lhe vou dizer: era uma sensação de alegria por saber que a minha tortura estava prestes a terminar, agora podia castigá-la, podia livrar-me dela e dar largas ao meu ódio. E assim aconteceu, libertei toda a minha raiva, que me transformou num animal selvagem, numa besta maligna e astuciosa.
[...]
Quando me encontrei sozinho, pronto a agir, fui invadido por um sentimento fatídico e de horror. O que deveria fazer? Ainda não tinha decidido; só sabia que tudo tinha que terminar ali, e que já não podiam existir quaisquer dúvidas sobre a sua culpa, e que por isso eu irira castigá-la e romper para sempre com todos os laços que nos uniam.
Lev Tolstoi, Ensaio sobre o ciúme [A sonata Kreutzer], 1891, trad. Isabel Risques
quarta-feira, agosto 08, 2007
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