Eu, um homem honesto, filho de pais respeitáveis; eu que toda a vida acarinhei o sonho de viver alegremente em família; eu, o marido que nunca foi infiel, estava a viver para presenciar tudo isto! Ela, [...], atirar-se assim para os braços de um músico, só por este ter uns lindos lábios rosados! Não, ela não é um ser humano, ela é... [...] Possivelmente esta situação já se vinha a arrastar há muito tempo. Se eu tivesse regressado no dia seguinte, e não nesta noite, ela teria vindo ao meu encontro, com o seu cabelo lindamente penteado, envergando um vestido que realçasse a sua cintura fina, fazendo movimentos lânguidos e graciosos, teria feito com que o ciúme, como um animal selvagem preso dentro de mim, me tivesse despedaçado o coração.
Lev Tolstoi, Ensaio sobre o ciúme [A sonata Kreutzer], 1891, trad. Isabel Risques
quarta-feira, agosto 08, 2007
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