sábado, junho 28, 2008
o jogo
É possível. É possível jogar sem alinhar. É possível não aceitar a batota sem ter de recorrer ao moralismo, ao julgamento, à vitimização. É possível fazer pequeninas revoluções diárias apenas pelo cultivo da verdade, mas não pelo medo, pela inocência injustificada, pela tontice revoltosa. É possível até, no fim de tudo, ter gozo com o jogo, com o que se aprende com o jogo. Porque é da ordem natural das coisas, talvez. O Bobo é a melhor das cartas do Tarot. Tem em si as cores de todos os elementos, fogo água terra ar, e por mais que os outros não se mostrem à altura e isso se traduza em porrada, o Bobo recusa fechar-se, recusa-se a morrer aos poucos. O Bobo confia. É bobo. Mas não é parvo.
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3 comentários:
O Bobo.
Ironizar. Jogar. Rir. Dizer. Desdizer. Contrariar.Remeter. Silenciar...e nunca se comprometer.
Um jogo.
Um jogo perigoso.
Acho.
:) hmmm... não, não é essa a minha interpretação. Este Bobo não é um bobo de corte. É simplesmente The Fool, o —aparentemente— tonto. Confia, entrega, olha para fora e não admite render-se ao medo. Quando é abusado na sua boa-fé não tem de silenciar, apenas escolher melhor quando e como falar, conhecer o adversário, observá-lo, lê-lo, e escolher as batalhas. O jogo é perigoso, sim, porque a batota é poderosa e o Bobo não recorre a ela, joga aberto, joga franco. Até perceber que tem de defender o seu jogo, ou perece. Até perceber que as peças serão comidas se seguirem pelo caminho plano, e isso não serve para nada. Não é sobreviver a todo o custo, mas a morte inglória só aproveita à hiena.
Acho que talvez seja importante especificar uma coisa: este post não nasceu de questões pessoais, mas profissionais. Nasceu de uma selva muito particular. E quando a hiena está pronta a ferrar-te o dente, de nada serve gritar-lhe ao focinho que ela não tem o direito e que é um filho da puta por fazê-lo. É preciso arranjar estratégias de sobrevivência e de mudança. É preciso que o Bobo cresça para que não se feche, para que continue vivo, para que continue a ser Bobo.
... há muito tempo que não tinha um destes teus comentários, cheios de jogos de luz. Já lhes sentia a falta. ;)
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