domingo, junho 22, 2008

des.en.cadeia

Hoje não digo mal da Paula Moura Pinheiro. Foi um serão bem passado, entre a clareza de Irene Pimentel e a delícia que é ouvir Rui Zink dissertar sobre a necessidade do feminismo e de se ser feminista, ambos de acordo sobre o perigo dos ismos, ambos lúcidos e claros nos argumentos e nos factos. Não consigo fazer de conta que não vejo o ar encantado de uma mulher face a um homem que diz coisa com coisa; nem que esse mesmo homem, por vezes bastante insolente, usou nas palavras e no tom uma suavidade que me fez sorrir e pensar:—é isto um cavalheiro. Cabeças limpas, e ainda assim lá estão todas as pontas, todos os códigos. Claro que o programa tem sempre um registo de cultura progressista cheia de classe, presta-se pouco a grandes irreverências. Mas a verdade é que se respirou um clima que me deixa entre a satisfação e a interrogação. É dos diabos, isto. Ainda por cima, a conversa pôs-me à procura desta cena que não revia há anos. There was never a man like my Johnny, canta a Peggy Lee, mas o desenlace, na terra, de arma na mão, pertence às mulheres, graças à inteligência e à sensibilidade de Nicholas Ray. 




Isto tudo a propósito deste congresso, oitenta anos depois do último.



















cartaz de Agostinho Santos

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