sábado, junho 14, 2008

as palavras e o acaso 11.0 [delay 2.0]

Entre os papéis desenterrados de caixotes, a carta da Presidência da República, ainda de apelido Sampaio: recebemos a sua mensagem referente à extinção do Ballet Gulbenkian, a qual merecerá a nossa melhor atenção. A 27 de Julho de 2005.

Ainda ontem, à mesa do almoço, tentávamos explicar a algumas das nossas miúdas o que significou esta morte. Ainda ontem percebi, ao sentir os olhos húmidos, que foi uma perda que não ultrapassei. E se calhar não quero ultrapassar. A CNB fez muito recentemente a sua homenagem, recriando a Cantata de Mauro Bigonzetti, a minha Cantata, que nos foi dada uma última vez na despedida do BG no Camões, a casa da CNB. Eu não estava ainda em Lisboa, mas mesmo que estivesse... talvez não fosse capaz de encarar os corpos que não esqueço noutros corpos, por mais generosos que sejam. Não há Cantata sem os caracóis da Sandra Rosado.


Na Suiça, em 2004, com os Danças Ocultas, White de Paulo Ribeiro


E no meio destas referências repentinas, lá fui espreitar o sítio da petição: parámos, vencidos pela prepotência, nas 19 209 assinaturas. De nada serviu, senão para sabermos que não nos calámos. Estão quase a passar três anos. E eu, como tanta gente, continuo sem compreender como foi possível.

2 comentários:

K. disse...

Não acredites que não serviu para nada. Um dia, quando olharem para trás e lamentarem ser tarde de mais, verão que houve gente que tentou dentro de todos os meios ao alcance evitar essa catástrofe. Demasiado tarde, dirão. Que pena, suspirarão então... virá o tempo em que pessoas corajosas como tu conseguirão fazer a diferença. Beijo.

Manel disse...

:) Não digo que não serviu para nada, k.. Saber que não me calei é fraco consolo, mas é consolo, ainda assim.

Sabia que havias de comentar este post. Ele é também para ti. A carta que enviei ao PR, ao PM, ao MC e à AR [falar por siglas tem cá uma pinta...], bom, essa carta foi escrita por ti, se bem te lembras. ;)

Grande beijo.