Uma semana depois, reabre-se-me a noite com aquele Redondo Vocábulo que tanto me enlaçara a leste, hoje com com curvas diferentes a oeste, claro, é de Laginha e Sassetti que se fala, espera-se tudo, monotonia não. O palco do grande auditório do CCB, que eu tão bem conheço, é gigantesco para dois pianos e um fadista, mas no aconchego da luz e do veludo coçado da voz de Camané todo o espaço se concentra dentro dos meus olhos, dentro de mim. Aos arcos da voz ainda se junta, por uns momentos, o misterioso e claro arco do contrabaixo de Carlos Bica. E assim se faz uma noite. Assim se viajam mais de duas horas e como, se cada carícia, cada estocada da voz de Camané ainda nos abre espaços para receber mais? Mais fado, ou mais palavras, ou mais voz, ou mais gozo, ou mais calor ou mais frio, ou mais cordas, percutidas ou friccionadas ou dedilhadas, ou mais dor, ou mais esperança, ou mais memórias, ou mais jazz, ou... e o quê? Que importa o nome? Que importa o rótulo, se a própria mentira tem por vezes o sabor da verdade? E a minha boca, até quando...?
... e assim, por cinco euros, se cura e sublima o desgosto de ter deixado o Dylan passar por quarenta e cinco. Há preços demasiado altos, maior que seja o amor.
domingo, julho 13, 2008
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