segunda-feira, julho 07, 2008

and I live by the river

Estou a ver as reportagens-centopeia no incêndio nos Restauradores. Ponto um, sim, fico com o coração apertado, mas talvez nem agora se perceba de uma vez por todas que os prédios devolutos, o entulho, o desleixo que ainda definem a Baixa são acidentes à beira de acontecer; acabou de acontecer um; e até nem temos tido azar. Ponto dois, gosto de pensar que, como eu, mais pessoas ficaram com o coração apertado e estão preocupadas com a sua cidade; mas se já me espantei com os quinze moradores alojados no São Jorge —quinze pessoas só em dois ou três números da Avenida... boa!, afinal sempre vive lá gente—, agora estou perplexa com a quantidade de gente em redor dos cordões de segurança numa madrugada de segunda-feira. Where did they come from? Afinal vive imensa gente na Avenida. Para além dos quinze que já estavam no São Jorge... boooolas...


...

Um bombeiro tenta rebuscar um bocadinho o discurso para o microfone da televisão, mas desiste rapidamente e acaba por resumir: —Vamos lá ver se a gente consegue manter aquilo de pé. Delicioso. É toda a tragicomédia olisiponense numa frase.

4 comentários:

MPR disse...

Só penso quando é que a seguir me calha a mim. Talvez o susto ajude a relembrar o chiado e ponha o centro da cidade outra vez no centro das prioridades...

Rodrigues disse...

Eu sei que acabo por escandalizar alguém... mas não paro de pensar nos gatos e gatas e crias (é a altura delas) que por lá devem ter ficado.
Mas disso não se fala nos telejornais.

Manel disse...

A mim não me escandalizas nada... de certeza que não foram alojados no São Jorge. :|

Rodrigues disse...

Eu queria dizer: que por lá devem ter morrido. Encurralados.

(As mães gatas nunca abandonam as crias. Preferem morrer com elas.)