sexta-feira, julho 04, 2008

moosbrugger

Ontem li o capítulo de literatura mais extraordinário que alguma vez me encheu os olhos, e ainda só vou na página 118 de um primeiro volume com um total de 843. Seria capaz de copiar o trecho todo para aqui, as suas mais de dez páginas de génio, de filosofia, de psicologia, de cinematografia, de fino humor, de criação, de jogo de palavras e imagens, de sub-textos que conduzem a subterrâneos ainda mais profundos e que num alçapão inesperado nos trazem de volta à luz, de volta à porta por onde entrámos. Estou esmagada. E por isso mesmo, aqui fica uma única frase, sem literatices, sem ornamentos, aparentemente sem cantos recônditos, escorreito eixo de uma colagem absurdamente lúcida. 


O mundo pode ser inseguro, mesmo quando não estamos embriagados.

Robert Musil, in O homem sem qualidades, 18."Moosbrugger", trad. de João Barrento, ed.Dom Quixote

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