A culpa é um redil. É o abrigo e a prisão de quem nela mora, de quem dela não sabe querer sair. A culpa come, e para poder continuar a comer lança outras pequeninas culpas que vão caindo pelo caminho para se transmutarem em tantas outras idênticas manobras de diversão, fogos dispersos, peões do grande fogo. A culpa é casa emparedada, mas é casa, para os corajosos é luta, para os cobardes é abrigo. Quem fica, quem tem demasiado medo para sair, tem de sobreviver, e para sobreviver deve manter-se incógnito. Marcar no rosto uma cordialidade fixa, nos olhos um simpático vazio. Deve empedernir-se no seu próprio cimento e as próprias feições misturar no tijolo translúcido que lhe empareda as janelas. E enquanto isso deve acenar, acenar muito, ao longe e sem motivo.
... a culpa é uma boa desculpa.
quinta-feira, julho 24, 2008
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2 comentários:
há também aqueles que têm de justificar o seu altar, e para se equilibrar cimentam-se pelos pés. fazer que não têm mais que isso de culpa. pode ser um direito, a culpa. vira [des]culpa.
Era para ser a última frase deste post, e eu esqueci-me de acrescentar... olha, não é tarde nem é cedo. ;)
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