quinta-feira, maio 29, 2008

perto do rio

Ao rever o vídeo do Camané que postei há dias [semanas? meses?], com o meu puto que hoje chegou toda contente por se ter cruzado à tarde com o próprio, houve algo que se impôs no meio da melancolia a preto e branco. Muito do sublime ambiente vem dos brancos arranjos que desarranjam continuamente o fado, enchendo-o de silêncio, depurando-o. Mas o essencial está no fadista, ou melhor, no artista. Para além do veludo coçado da voz, é o tempo que o distingue. O tempo das pausas, o tempo das suspensões de Camané é sempre um pouco mais curto do que seria de esperar, como se, no momento imediatamente anterior a alcançar a perfeição romântica do fado, desistisse. Quando termina o arco, ainda poderia, seguramente, continuá-lo, terminá-lo. Mas não o faz para fora. Termina-o em si mesmo, contém-no antes que se desvaneça, para depois continuar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Adar com um texto maravilhoso.
muito boas, mo' gostou muito, da mesma maneira que o blog, obrigado muito.

Manel disse...

interessante linque... se é spam, ao menos que seja assim simpático... e em crioulo.