Não há medo no bosque apaziguante.
A leve cruz dos passeios sozinho
Submisso carrego novamente.
De novo para a terra em letargia
A queixa voará, qual pato bravo,
Participo duma vida sombria
Onde todos estão sós lado a lado!
Um tiro. Sobre o lago adormecido
Pesadas se tornam as asas dos patos.
Pela sua vida dupla, reflectida,
Os pinheiros tornam-se assombrados.
Em reflexo estranho o céu brumoso —
A turva dor universal, ali —
Permite-me também ser nebuloso,
Permite-me que não te ame, a ti.
Ossip Mandelstam, 1912, 1935, tradução de Nina Guerra
Sem comentários:
Enviar um comentário