quinta-feira, maio 15, 2008

clube do bolinha

Bom, é que, enfim, ahan, nem sei como abordar este assunto. Se calhar é simples, basta dizer que o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, arrotou uma posta daquelas indescritíveis, inolvidáveis, inignoráveis, iniqualáveis [sim, com "q", não é gralha]. A lei portuguesa padece de feminismo —mais propriamente de uma variante apelidada pelo próprio de "feminismo impertinente", que soa bem mais difícil de curar— e advoga, com o intuito de pôr ordem nisto com certeza, que a violência doméstica não devia ser crime público. E não está nesta notícia, mas no Público impresso de hoje estavam as pequenas pérolas que ornamentavam este belo tronco de pensamento: que a vítima procura vingança, e não justiça, que as mulheres devem poder escolher retirar a queixa [com o punho do agressor encostado à nuca, por exemplo, vão ver se elas não mudam de ideias num ápice...], que os idosos e as crianças são vítimas silenciadas [esta é particularmente boa, ou há moral ou comem todos, raça das mulheres, essa casta privilegiada].

No mesmo discurso na AR, defendeu ainda a manutenção do divórcio litigioso, para defender a parte mais fraca. Aquela, provavelmente, que fica ainda mais fraca com a porrada toda que levou... É tão claro que até cega. É tão velho, mas não morre, porrra! A mesma mente que retira peso à agressão, concentra toda a sua amável solidariedade na pena, na protecção, na oficialização de uma dependência. Não é preciso proteger as mulheres de levarem porrada, é preciso é protegê-las de ficarem sozinhas, coitadas.


Este fim de parágrafo lembra-me o que o meu mano David costuma dizer quando não há mais nada a dizer: "vírgula, coitado".

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