terça-feira, outubro 28, 2008

nem de ti mesmo servo — cerejas

Nunca a alheia vontade, inda que grata,
Cumpras por própria. Manda no que fazes,
Nem de ti mesmo servo.
Niguém te dá quem és. Nada te mude.
Teu íntimo destino involuntário
Cumpre alto. Sê teu filho.

Fernando Pessoa



Já me falaram neste trecho como sendo um estandarte do voluntarismo, do controlo. Quando ele é exactamente o oposto. Porque a alheia vontade esconde-se na nossa e mina-a por dentro, tantas, demasiadas vezes. Quase todas, mesmo. Julga-nos. Tolhe-nos. Faz-nos duvidar do que sentimos certo e levantar certezas que não conhecemos. O meu incerto método é uma confusão mas lá vai resultando. Desobedeço-me. Sou minha filha. E devo dizer que tive uma sorte dos diabos na mãe que me pariu.

1 comentário:

alien aboard disse...

n conhecia este poema do F.P

mt bom ele e mta boa a tua interpretação dele ;)