Primeira série da Britcom, conversa de machos em descontraída exibição para uma só fêmea, aqui este não anda a comer nada, coitado, responde o segundo, pois, mandou-me uma sms a dizer que ontem tinha batido quatro em duas horas, termina o terceiro em galhofa rapazola, desculpa Stacy, esta conversa não é para os delicados ouvidos de uma donzela. A moça, mulher do segundo, nem pestaneja e com a maior das naturalidades responde sorrindo que não há problema nenhum, que compreende, que anda aborrecida e só nessa tarde tinha tido três a ver o Cash in the Attic na televisão. O silêncio instala-se. Só ela continua na maior, sem sequer perceber o desconforto. Mais uns dedos de conversa, faz de conta que não estamos todos a pensar o mesmo, e beijinhos e até já, o casal vai à sua vida. O homem 1, com um sorriso glutão: —Então ela bateu cinco só esta tarde, ahn? Grande cabra... O homem 3: —Aí tens as mulheres galesas. É quase tudo putas. Filth.
Espelho deformado. Alguns iguais são mais iguais que outros. Os rapazolas são giros, quem não lhes acha graça? As gajas que não coram quando se fala de masturbação, são umas putas. Galesas ou não. E o silêncio desconfortável deveu-se apenas ao respeito pelo amigo que tem o galo de estar casado com tal peça de autonomia biológica. Point taken.
Em contraponto ao gosto que me deu ver esta cena, na segunda série aparece-me uma histérica que quando for grande quer ser a Catherine Tate —mas tem de comer muito bife e berrar muito menos, santa paciência. Sketches sobre actrizes famosas, são mato, não percebo tanto interesse, mas pronto, às tantas dá vontade de dizer, ó rapariga, desencana, não vês que a Kate Winslett também é gorda? Bom, às tantas, lá vem o par Jolie-Pitt. Não estou interessada em especulação cor-de-rosa, mas dos raspões que dou, estes dois chamam-me um pouco a atenção [ok, mais ela do que ele, apesar dele ser melhor actor, mas é de personalidades que a brincadeira da bifa-que-berra vive]. Ele tornou-se uma personagem bem mais interessante, e ela parece bem menos passada dos cornos, e parecem-me canalizar esforços para coisas que, para mim, valem a pena. Dizem que não casam enquanto o casamento não for universal e secreto [piscadela de olho], mexem-se no mundo real e não no mundo "deles", enfim, como diria o Botto, gosto.
Pois a bifa-que-berra traz-nos a boa da Jolie em tarzan-girl, e o Pitt em homem-macaco, tipo mascote da dominadora, que só grunhe e come o papel dos guiões que lhe apresentam. Triste, ver-se um homem que muda numa relação como um animal básico e submisso, sobretudo quando até parece que se trata de uma estrada a dois. Triste, ver uma mulher forte como uma amazona que só uma mascote amputada de individualidade pode acompanhar. Triste, ver tudo isto pelos olhos de uma mulher europeia do século XXI. Alguém quer tentar convencer-me de que um homem feminista é um freak?
segunda-feira, outubro 13, 2008
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