Conclusões a tirar de uma visita ao osteopata:
1. ser mulher é mesmo do c#&#%*o... recebemos menos por trabalho igual, somos reprimidas e sovadas e violentadas desde tempos imemoriais, e a culpa é toda nossa porque somos nós que os educamos, somos nós que nos educamos, somos nós que parimos o mundo senhores, tudo começa e acaba em nós, até devemos ser nós que batemos em nós mesmas quando não há uma porta de armário envolvida na história. No fim de contas somos todas-poderosas. Rejubilai!
[suspiro] Juro que não fui eu que comecei a conversa, aliás, eu e os meus feminismos ainda estávamos na cama, só os meus ossos estavam no consultório. Mas lá consegui dizer, laconicamente, que me faz confusão que ainda se ande à procura da culpa ao invés das soluções. E que se considere que existem facções separadas nesta história, como se este arremedo de tribalismo da caverna que ainda nos assombra não nos afectasse a todos, e não diminuísse imensamente o género masculino na sua fruição da vida e acção sobre ela. Pelos vistos o estado meio adormecido favorece-me. Reduz-me o discurso ao essencial. Ele ficou com olhos de processador, calado. Talvez não tenha sido ao lado...
2. o meu lado esquerdo é mais torto do que o outro; o que se calhar explica muita coisa.
Nota final: desconfiar sempre de um homem que, nos tempos que ainda correm, diz de si mesmo que não é machista. Porra, eu sou gaja e feminista e faço exercícios diários contra o meu machismo latente, inescapável por estar na base da própria civilização que me criou. Realmente, a vã soberba é a qualidade mais democraticamente distribuída.
sábado, outubro 04, 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Podes ter-te sentido a dormir, mas parece-me que o teu osteopata levou uma "wake up call"... :-)
Ando a ler "o remorso de baltazar serapião" de Valter Hugo Mãe. É, para além de uma das melhores obras literárias que li nos últimos tempos, um olhar lúcido e pungente da condição da mulher nas sociedades mais primordiais. Que, no fundo, ainda constituem a realidade sofrível e obscura do paradigma moderno...
pois olha, empresta aí, quando acabares. eu já percebi que o musil é para ir lendo, entremeado. aquilo é o trabalho de uma vida, não só para o escritor... :)
Enviar um comentário