Como discutir a história do som absoluto da árvore que cai sozinha na floresta, pensar a beleza implica pensar outra alma que não a do objecto belo. É, será, um dado adquirido. Mas será que produz som ou não, a árvore? Porque se há implicações estéticas sobre as quais se pode discorrer, filosofar, a verdade é que há reacções orgânicas à beleza. Reacções físicas. Como as lágrimas que vêm aos olhos com a resolução de uma segunda em Bach, ou face à esmagadora vastidão do deserto ou da paisagem do Pico, ou a um rosto que nos comove para lá de qualquer explicação. É aí que está a ferida, é nas falhas que se tocam? A falha do belo na ferida do esteta?
E pronto, já estou em casa e já posso dizer-vos que este Qui Tollis Peccata Mundi da Missa em Si menor de JS Bach, é aqui brilhantemente interpretado pelo Balthasar-Neumann-Chor e pela Freiburger Barockorchester, sob a direcção de Thomas Hengelbrock. Tal como o Sanctus de há uns meses atrás, também ele cheio de avassaladoras dissonâncias.
quinta-feira, agosto 07, 2008
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4 comentários:
eu chamo-lhes os avessos. gosto de avessos.
:) avessos... pois.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi...
A minha reacçao física é de arrepio com esta música. Que bom ser humano e poder reagir à beleza das coisas, tangíveis ou intangíveis, uma música, uma palavra, um olhar... como a sua apreciaçao é exclusivamente humana, creio que sim, está no olhar de quem a contempla. Beijo.
Ui, árvores a cair na floresta, não vamos por aí que dá para muita discussão...
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