Finita la commedia. Acabou tudo em bem e não viveram felizes para sempre, porque a mère coupable Condessa Rosina ainda há-de ter um filho de Cherubino, mas isso agora não interessa nada, os bons costumes estão para já salvaguardados e os enganos sopram no zeffiretto que sacode as agulhas dos pinheiros do jardim Almaviva. As camadas infindáveis de leitura de uma obra-prima são promessas sucessivamente cumpridas de epifania, e a música tem o dom de tudo fazer sobreviver mesmo a um embrulho tradicional, velhote, gasto. Desde que o material humano cumpra e se divirta, Mozart, Da Ponte e Beaumarchais chegam incólumes em cada curva, em cada ironia, em cada sombra, em cada rasgo de luz. Ali também está uma parte de mim, e senti saudades de cada momento que já me passou pelo corpo, das árias da Susanna, das da Condessa, de ouvir a Nezes cantar o Cherubino. É um privilégio ter sentido música desta por dentro, pelos seus meandros, pelos meus. É possível que seja a principal razão pela qual não trocava o meu percurso errático por nada.
Também graças a esse percurso, me vejo metida nestes assados. Hoje foi tudo bem mais calmo, podia ser perfeito com tempo e ensaios, mas pronto, não vale muito a pena perder tempo com "ses". Aqui o bombeiro agora parte para umas curtas conversas com o sol e o sal do sul.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário