sexta-feira, agosto 29, 2008

um país olimpicamente triste

Foram os Jogos Olímpicos com o melhor resultado de sempre para Portugal. E foram os mais reveladores da nossa mesquinha mentalidade, capaz de deprimir o maior dos optimistas [não, não é nem nunca foi o meu caso, não penso que uma mosca dentro de casa ande sempre à procura da saída, mas por via das dúvidas abro-lhe as janelas...].

Toda esta palhaçada é fácil de resumir. Gastamos quase nada com os nossos atletas, enquanto inundamos o negócio futebulesco de benesses —nada de pessoal, eu gosto de futebol, o desporto, não o circo. Temos um presidente do comité olímpico que diz que se demite e depois afinal não, afinal temos uma medalha de ouro, dá-se o dito por não dito e cá ficamos a nadar, como sempre, entre os bacalhaus a demolhar. Temos atletas que falam como crianças no pátio durante a aula de educação física e um comité olímpico que reage como se fosse o maná de todos os atletas que recebem ninharias para se preparar, trabalham, estudam e treinam, vão aos jogos sem o acompanhamento dos treinadores, e passam de quatro anos de preparação anónima para a esperança de todo um país desprovido de auto-estima e de horizontes, que num momento os afaga e no seguinte os espanca. Temos um velejador de primeira em pico de forma que abandona as competições a chorar, dizendo que não aguenta mais, depois de um magnífico quarto lugar e uma medalha falhada por muito pouco. E no meio disto tudo, atletas e jornalistas fazem o cerco a uma medalha de prata que, no seu direito de atleta, se exprimiu sobre a mentalidade amadora que regeu os seus colegas, sem ofender ninguém, dizendo apenas a verdade.


Cesto de caranguejos. Todos ralham e ninguém tem razão. E quem se lixa é quem se abre ao mundo e fala honestamente. Trata-se Vanessa naquela base do "esta acha que é melhor que os outros". A chatice, meus amigos, é que é mesmo. E não fez nada de censurável. Já o comportamento invertebrado do presidente do comité olímpico passa incólume, aceita-se como se fosse ético, cala-se como se fosse digno. Poder, quem o tem tem ascendente, poder, quem o tem faz-se valente...

2 comentários:

Fernando Vasconcelos disse...

100% de acordo.

polegar disse...

na batata, minha cara, na batata...