Meu corpo único, tão de mim?
Pela alegria chã de respirar,
Silenciosa, a quem devo louvar?
Sou jardineiro e sou flor — cativo
Na prisão do mundo sozinho não vivo.
E já nos vidros da eternidade
Cai meu calor, meu sopro respirado.
Nele se grava um desenho para sempre,
Irreconhecível de tão recente.
Escorra do momento a água turva —
O desenho amado não se esbate à chuva.
Ossip Mandelstam, 1909, tradução de Nina Guerra
1 comentário:
o que eu adoro este homem!
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