sábado, outubro 20, 2007

trabalho de casa

ou
divergências significantes: a paixão


BOLINHA: Já estiveste apaixonado?

LUISINHO: Não sei.

BOLINHA: Se não sabes é porque não estiveste.

LUISINHO: Posso ter estado sem ter tomado consciência de que estava.

ANITA: O Luisinho não é do género de se apaixonar.

BOLINHA: Isso não é verdade. Toda a gente tem a capacidade de se apaixonar, é só encontrar a pessoa certa.

LUISINHO: Pois, é capaz de ser isso. Quer dizer, aquelas coisas de romance, deixar de dormir, de comer, e assim, isso nunca me aconteceu. Acho que é um bocado difícil. (Pausa.) Uma vez deixou de me apetecer ver televisão, mas acho que não era por estar apaixonado. Nunca percebi o que é que me deu.

Luísa Costa Gomes, Nunca nada de ninguém, terceiro acto