JÚLIO CÉSAR: Não te sabia tão filosófico.
BARMAN: Deformação profissional... Uísque, cerveja?
JÚLIO CÉSAR: Vinho tinto.
BARMAN: Não te sabia tão filosófico.
JÚLIO CÉSAR (sorrindo): Um dia não são dias...
[...]
Sentado num banco, um velho mendigo. Júlio César aproxima-se devagar - mas antes que diga uma palavra, o velho levanta-se e fala.
VELHO MENDIGO (a gritar, tresloucado): Nos frigoríficos o calor quer ser frio e nos ventos o frio quer ser calor, portanto o vento é o contrário do frigorífico... E vice-versa... E se ela é virgem, tu tens de ser touro, e se ela é touro, tu tens de ser virgem... E lembrar é esquecer e esquecer é vice-versa, e etcétera, e etcétera, e etcétera... E nos frigorí... (Pára, de repente - como se tomasse consciência de si próprio; depois, aparentemente calmo, volta a falar.) Já me estava a repetir. Peço perdão.
Jacinto Lucas Pires, Arranha-céus, 37 e 40
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