quinta-feira, novembro 27, 2008
um dois nove
lembro-me bem da última vez que aqui estive, mais de cinco anos e as imagens tão nítidas. lembro-me da vivenda de santa comba e do swing e da pinga com limão. lembro-me do vasco com cara de grão-de-bico. lembro-me do teu corpo e dos cardos que habitaram sempre o nosso conforto. da miséria que sempre nos minou as riquezas de transeuntes perdidos, procurando carris na penumbra do seu apeadeiro rodoviário. lembro-me do amor e da ternura imensa que no seu cimento emparedava as impossibilidades. havia em nós ainda esperança. mais do que isso, havia em nós certezas do que estava certo, os pés ferrados sobre os túmulos dos impossíveis. lembro-me dos teus olhos de menino consigo mesmo aterrorizado, doces e violentos, pedindo mentiras ao mundo, pedindo-me a mim. ainda ontem os li, esses olhos, tão vulneráveis, tão profundamente cegos e amorosos. e sei que estão na minha vida, que ficarão, que queremos ambos que fiquem. e espero vê-los felizes, não espero vê-los mudar.
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1 comentário:
Gosto de como escreves, cigarrita. Beijo.
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