quarta-feira, novembro 12, 2008

ocres

Não só eu passo os dias de nariz para o céu, há quem apenas espere o gatilho, a primeira palavra disparando nas suas o que a luz deste outono diz. Mas há também quem desça os olhos à terra e chame os meus ao discurso. Sim, é verdade, mesmo as cores do outono estão mais fortes, mais presentes, este ano. Os amarelos são mesmo amarelos, os castanhos mesmo castanhos, os cobres mesmo cobres, o que está morto está mesmo morto, o que vive espreita tudo. Não sou só eu, portanto. Mas eu tenho outras cores na minha retina que me dizem claramente, calmamente, que sim, jamais esquecerei este outono. Nunca os passos dados sobre as folhas secas tiveram para mim tão forte calor de são martinho.


E ainda por cima ainda não tive alergias. Novamente, não sei se é deste outono, se é de mim... mas isso parece-me o menos importante. Além disso, terminei o meu triângulo, última peça caída na pele em puzzle completo. Já percebi o que vieste fazer à minha vida, posso agora passar-te a mão pelos olhos. Mesmo que eles continuem focados na recusa de fechar.

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