Repete-me de Elsinore a Carla, deixa-os falar, Manel. Eu deixo-os falar, sim. Não escrevi o post a que agora adendo por me preocupar um pêlo que seja com aquilo que se possa fantasiar sobre as minhas preferências sexuais. Dizer que as mulheres não são a minha cena parece-me bastante inócuo, face à panóplia de possibilidades. Ok, risca-se uma, e depois? Eu disse por acaso que sou outra coisa qualquer? Que sou, por exemplo, heterossexual [ai até coro a escrever tal coisa...]? Ah pois, não disse. Que me lembre, o que está escrito ali em baixo é "não sou lésbica". E agora?... Ai, lá se vão outra vez os rótulos de quem tenha ficado com a anónima boca de ladecos.
O que me preocupa não é que falem, antes a visível e provinciana incapacidade de viver sem um rótulo, sem um caixote. Os dois lados dessa incapacidade. O lado que tem o autocolante sempre pronto para colar em cara alheia, e o lado que se refugia na inacção, por medo que lhe colem um autocolante. É uma ditadura tremenda.
O que eu acho é que para o caso — como para quase todos, aliás — a minha orientação [que é a oeste] deveria ser indiferente. Porque o é. Estou a defender direitos que aparentemente são para outros, mas que são directamente para mim na medida em que sou mais cidadã se a sociedade em me incluo for mais justa. E que o pessoal dos frasquinhos compreendesse isto, isso é que era de valor, como se diz lá na minha outra casa. A beleza do um e um igual a dois, de que há dias falava o Nuno Crato. [óóó—óóóó, os ventos cá dentro]
terça-feira, novembro 25, 2008
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