quarta-feira, março 12, 2008

vade retro, cambada de comunas!

Então parece que o enriquecimento excessivo é agora pecado capital. Porquê? Porque, necessariamente, gera pobreza. Onde está a fasquia em que o lucro passa a condenar as alminhas, isso é que não sei. Mas aposto que Marx e Engels estão neste momento sentados à direita do pAi, do fIlho e de John Stuart Mill, a brindar com aguardente de medronho. Olha o Ratzinger, hã? Quem diria que tinha a Teologia da Libertação na mesa de cabeceira?



Consta que já se pode começar a formar a fila à porta do Banco Ambrosiano, que a distribuição dos lucros terrenos está para começar em breve. Isto se Joseph Bento Ratzinger XVI tenciona meter mãos à obra para evitar que não tarda tenhamos a sede do Vaticano, in situ, a deixar o pobre Satã com a cabeça em água... fervida. Em banho-maria, portanto. E que seria de boa parte das fés deste mundo com um Demónio incapacitado?...

5 comentários:

MPR disse...

E pronto, só lhes faltava uma justificação teológica para congelar salários! Porra, agora vão dizer que é pelas alminhas...

Manel disse...

Benz'ós dEus...

Fernando Vasconcelos disse...

Eu sei que pode parecer (e é possivelmente) hipócrita. Porém na época em que vivemos acho que este é na verdade um dos poucos pecados que fazem efectivamente sentido o serem. Sou católico praticante , não me revejo absolutamente nada em muitos dos dogmas da minha igreja mas em relação a esta nova lista (pese o facto de que a noção de "pecado" me irrite de forma absoluta) gostei de alguns dos tópicos. Em particular deste. Achei muito justo. Melhor apenas seria agir de imediato em consonância ...

Raquel Alão disse...

Bem, não há nada como meter mãos à obra e agir de imediato em consonância... Começando pela própria "casa". ;-)



O enriquecimento excessivo é pecado... E a economia que o incita e permite?! Não seria melhor dizer que o neo-liberalismo económico é pecado? Primeiro concebem as teorias económicas que promovem a escalada de desigualdades e depois vêm dizer que o pecado é utilizar-se delas em proveito próprio. Como se todo o sistema não tivesse sido concebido com esse intuito e como se a própria organização (de entre várias) não tivesse beneficiado directamente do mesmo. Pior! Sabe mesmo a azedo saber que este senhor contribuiu para a quase aniquilição da Teoria da Libertação nos países da América do Sul. Tenham juízinho... Não é que concorde com a acumulação excessiva de riquezas (é um flagelo), mas lá autoridade moral para a chamar de "pecado" é que não têm nenhuma...

Fernando Vasconcelos disse...

Raquel: Também, claro. A economia que o permite também. E claro que falta autoridade moral. Aliás em meu entender esse é precisamente um dos problemas da igreja católica romana. Outras também mas esta que conheço melhor e a que de certa forma "pertenço" sinto-me à vontade para criticar. Penso que a dualidade entre o discurso e uma parte da acção e da realidade é inconciliável nos nossos dias. Seria preciso coragem para mexer em muita coisa - muita coragem - mas talvez essa seja uma das poucas vias, caso isso aconteça, em que me parece possível redesenhar a nossa sociedade e o real respeito pelo próximo. Obviamente nunca será com este papa ... mas quem sabe um dia teremos um que diga: Hoje a igreja vai fazer um voto de pobreza ... (para além da revisão de alguns outros dogmas igualmente absurdos, mas isso é uma longa história ...)