quinta-feira, fevereiro 26, 2009

sequenza


Hallelujah (Leonard Cohen cover) - Beirut



Já me consegui confundir com um, levaram-me a sério, até pensaram que tinha bigode. Sobra-me o nome, desses tempos áureos em que corria por aí que eu era um verdadeiro sultão num harém de trutas. Tenho uma estranha identificação com os homens, mas cheira-me que é por exclusão de partes — na realidade é uma desidentificação do lado a que culturalmente não colo — ou não me deixo colar, ou não me consigo colar, sendo que na brincadeira do jogo social da sobrevivência, com eles tudo sempre foi mais simples. Divirto-me. Leio-os. E ao mesmo tempo protejo-me. As mulheres intimidam-me mais, e só à medida que fui crescendo fui percebendo que não eram elas que não gostavam de mim, era eu que tinha medo delas. E agora são-me mais fáceis, mais próximas, já me conheço melhor, já as leio melhor. Mas no geral continuam a meter-me medo, inexplicavelmente. Se calhar, na verdade, não me sinto nem uma coisa nem outra, e ao sentir isto estilhaço a minha própria generalização e percebo que a quantidade de homens que sempre me encheram a vida, com as mais diversas funções, entenda-se, é uma mera contingência. Se calhar foi mulher a mais, numa casa em que até o gato afinal era gata. Mas a verdade é que cá fora, e tirando tu, que sabes quem és, nunca guardei as mulheres, mas os homens. Se calhar era só isso, mais fácil. Pelo menos quando os jogos não se baralhavam, era mais fácil. Se calhar continua a ser. Não me parece que isto se resuma à mera felicidade hormonal.

Saio de uma casa de homens, entro numa casa de homens. E sinto-me em casa. No elenco há sobretudo homens, almoço com homens, bebo café com homens, janto com o homem do almoço, partilhamos favaios e ensaios e conversas sobre mulheres e homens. E dificuldades e facilidades e restos, saúde! E música. And well... maybe there's a god above, but all I ever learned from love was how to shoot somebody who outdrew you... E muito muito obrigada por estas Black Sessions.

4 comentários:

L. disse...

"os homens" é que agradecem.
porque "os homens" também gostam de si. ;)

goza muito essas sessões negras.

Manel disse...

olha... picou-se. ;)


Você é, diga-se, daqueles que encaixa mal em qualquer generalização. Não sei se já reparou, aliás, mas neste post você é "o homem" no meio d'"os homens". Vá, não seja tão exigente, puto. [fiz questão de te chamar puto no mesmo parágrafo em que te chamei homem, senão ficas insuportável... :p]


estou nos Dream City, agora. :)

L. disse...

e com isso do puto, puseste-me no sítio! :)



ouve ouve que é bom!

kuss.

Manel disse...

É muito bom. :)


Beijo.