segunda-feira, fevereiro 25, 2008

os amigos

Entram pela tua vida e deixam-na de pantanas. E tu agradeces. Habituei-me a ouvir, à boa maneira portuguesa, que os bons amigos se contam pelos dedos de uma mão. Habituei-me, ou antes, a criança que eu fui habituou-se a acreditar que se assim não fosse, se os dedos de uma, duas mãos, não chegassem para os contar, era porque não eram amigos realmente.

Que absoluta estupidez. Que fado tão coxo.

Não tenho mãos, nem pés que cheguem. Talvez porque em boa hora entrou na minha vida um marinheiro chamado Corto Maltese. Ensinou-me a desenhar na palma da mão a minha própria linha da vida. E ensinou-me também que os amigos, os amigos a sério, aqueles a quem a palavra amor não mete medo porque é soletrada com confiança, carinho e respeito, se fazem até no inferno. Ou sobretudo no inferno. A alguns disse hoje até amanhã, na chegada do Alfa, a outros deixei no degredo e disse até para a semana, ao meu regresso.


É boa, esta sensação de ser um freak de quem nascem todos os dias mais mãos e mais pés cheios de dedos por onde contar as pessoas que me enchem o coração. Não dedos de ar, mas dedos de carne e osso e sangue e polpa.

2 comentários:

K. disse...

"If I was the Grand Canyon I'd echo everything you say..."


Cantavam os Magnetic Fields, e deles faço também estas palavras para ti. Porque esta vida vale pelos marinheiros com linhas da vida alteradas, e pelos freaks que nao temem que as amizades lhes façam crescer novos dedos. :)

violeta13 disse...

tudo dê para que esses dedos fiquem sempre inteiros e para que não tenhas de decepá-los. wish you luck!