sexta-feira, maio 12, 2006

Variações sobre um Actor



Que poderia eu escrever sobre a pérola de divertimento, inteligência e sensibilidade [apesar das aparências, a ordem é arbitrária] que António Durães e Luís Pipa apresentam no Salão-tão-mais-ou-menos-Nobre? Muita e parca coisa. Não que haja pouco para dizer, mas porque está tudo na voz e no rosto do António. Alguém que consegue fazer-me rir e chorar ao mesmo tempo não merece que eu desate para aqui a tagarelar, senão o meu mais agradecido silêncio. Mais cinco noites alucinantes, hilariantes, tocantes. Come a Joana, Manel, come a Joana, Manel...

Variações Sobre a Perversão
[Teatro Nacional de São João][11-13 Maio | 24:00] [18-20 Maio | 22:00]

Entre outras provocações, Arrigo Barnabé defende entusiasticamente a democratização do “Orgasmo Total”, Georges Brassens rima “pornographe” com “phonographe”, os Dead Kennedys estão simplesmente “Too Drunk to Fuck” e as virtualidades do “Amour à 3” são sublinhadas pelos Stereo Total. Mas há mais: o cravo bem temperado de Bach preludia “Taras e Manias” de Marco Paulo, Serge Gainsbourg dança “La Décadanse” e descobre afinidades insuspeitas com a música de Ludwig van Beethoven, Emanuel desvenda a ternura encerrada na fórmula mágica “Pimba Pimba” e António Durães transforma a candura dos clássicos infantis “Olha a Bola Manel” e “Joana Come a Papa”, de José Barata Moura, num manifesto de canibalismo sexual para maiores de 18 anos.
Pode um superlativo e respeitável actor juntar-se a um músico de formação clássica e entregarem-se ambos à transgressiva arte de desarranjar ao vivo um lote de canções perversas, picantes ou até mesmo indecentes? Pode o internacional-cançonetismo conviver de perto, sem se corromper, com a música de veneráveis compositores? Sim, claro, responde o recital Variações sobre a Perversão. E acrescenta: esqueçam os tabus (musicais, sexuais, outros), desliguem os telemóveis, relativizem a luta antitabágica e desconfiem dos “bífidus activos”…

direcção cénica, selecção de repertório, voz >> António Durães
direcção musical, piano >> Luís Pipa

4 comentários:

violeta13 disse...

Braga, Braga,
és o meu destino...
Braga, Braga,
e já vou sem tino...

Manel disse...

:)

Anónimo disse...

Não me falais de Braga...que destino!

Anónimo disse...

Foi a Bixu que falou...;)