Dupla, porque não contente com o linque, o senhor Barbosa até me mandou um e-mail a desafiar-me para o ringue, a mim e à Raquel, que também respondeu na ponta da unha. Mas eu hoje de manhã cantei uns quantos om's, estou na frequência ghandi. Resistência pacífica. Lamento desapontá-lo, meu caro. Mas espero que reconheça o meu esforço, neste comentário que até deu post. ;)
Primeiro gostava de pedir que relessem o que diz o MEC. Ele começa por dizer que as declarações do Policarpo não têm nada de mais. Essa parte fica esclarecida no primeiro parágrafo. E eu concordo. Aos muçulmanos que se chateiam com isto — e ao caviar ou à direita-sande-de-torresmo — só posso responder: get a life. Aí acho que estamos de acordo. Quanto aos costumes, bom, petições contra a excisão na Europa e não só [há coisas fundamentais em que me estou mesmo nas tintas para as fronteiras], contra a lapidação, contra o enforcamento por homossexualidade, falem comigo. Portanto, a carapuça do relativismo étnico-moral não me serve. O equilíbrio é sempre o que dá mais trabalho. Levantar a voz é sempre o que dá mais pica. É tudo sempre uma questão de escolha.
A minha pergunta é simples: a declaração do senhor Policarpo é ofensiva para quem? Para o Islão? Concordo com o MEC, não me parece. Para as mulheres? Institucionalmente infantilizadas, uma e outra vez? Menorizadas? Vitimizadas? Aí já fia mais fino. Então uma mulher não pode casar com um muçulmano porquê? O senhor conhece todos os muçulmanos? Não há muçulmanos casados pelo civil? Não há realidades alternativas? Há crimes? Há, sabemos que os há, como há na boa casa portuguesa. É para isso que existe a lei e é essa a beleza do estado laico — em teoria, não há excepções. Não metamos dEus onde eLe é tudo menos chamado.
Sim, sei, não é igual. Não há-de ser pêra doce, ser mulher de um muçulmano, moderado que ele seja. Mas ser marido também não, e não falo de cor. E ser mulher de um ocidental, é farinha? Estarei louca, ou só eu é que levo com a nossa cultura androcêntrica todos os dias? Terei falhado algum comprimido? Ainda hoje me disseram que há pelas nossas bandas quem fale de mim com menos consideração porque, e cito, "estás sozinha", leia-se, uma mulher sem um homem não vale nada. Leia-se, "uma mulher sem marido é um antro de blasfémia", como diz Balicke logo no primeiro acto dos Tambores [e a peça passa-se na Europa em 1919, não em 1219, note-se].
A segunda pergunta é esta: estamos a falar da religião que preconiza o dar a outra face; mas as potenciais vítimas têm de ser protegidas; já os potenciais carrascos, 'tá-se bem, assim como assim entram na cena para mandar. Mas que raio de princípio humano, teológico, filosófico, é este? Os católicos sentem-se confortáveis com isto?
Só para me pôr no mesmo pé que os meus interlocutores, e porque nestes assuntos é bom limpar os pratos: pois sim, sou ateia. Uma religiosíssima ateia, como tu sabes, querida Raquel.
sábado, janeiro 24, 2009
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2 comentários:
não sei porquê, mas tenho a sensação de ter um olho à belenenses...
.
.
.
:-)
:op
Só por essa, já tiveste direito a mais um post.
Beijinhos. :)
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