terça-feira, janeiro 20, 2009

o calafrio

Eu podia ter escrito este post.





Passeia-se pelas palavras da malta apanhada de surpresa e a imagem é recorrente. Muito mosh fiz eu à conta da pica de palco do João Aguardela. Foi um modo de vida, a alegria em cotovelos e botas cardadas. E nódoas negras. Muitas amizades começaram com a ajuda da gravidade e um hematoma por selo. Há qualquer coisa estranha neste nosso estar, inocente e atormentado. Disseram-nos que éramos os filhos da revolução, mas na realidade somos as sobras do longo tempo que a precedeu. Quiseram convencer-nos de que éramos luzes, mas sempre fomos comboios de sombras resilientes. E o João apagou-se ontem.

3 comentários:

Anónimo disse...

Também marcou o meu dia! A lembrança da cassete áudio dada pelos pais no dia da criança (quando eu já era tudo menos criança)e tolerada por eles no regresso a casa com a Vida de Marinheiro a estalar dentro do carro a um volume proibitivo... este João deixa muita saudade...

K. disse...

Uma das primeiras moshadas a sério que fiz na vida foi ao som do "Vida de Marinheiro", num bar em Leça da Palmeira, com 16 anos. Fui deixando de ouvir Sitiados, mas continuei interessado nas curvas e contra-curvas musicais do Joao. Lembro-me de o ver uma vez no Bairro, creio que no Captain Kirk. Estive para vê-lo aqui com A Naifa, na festa da portugalidade de Barcelona no verao passado. À última cancelaram o concerto e veio o Camané. Talvez as coisas já nao estivessem bem com ele... uma pena.

Manel disse...

Pois, dezasseis. E aquele homem lindo e cheio de vida, com uma maneira de cantar tão particular que até nos fazia reconsiderar o fado, com aquela batida louca a fazer saltar como os Pogues, mas sem dentes podres. E em português. Vi várias vezes os Sitiados, mas houve um concerto no pavilhão desportivo de Sassoeiros que ainda hoje me está na memória. Dezasseis anos? Dezassete? Não me lembro bem. Mas, ai... o subúrbio e os seus encantos. E este subúrbio sou eu.