Sempre são dez anos de ritual, caramba, estrondosamente inaugurados por um Fight Club que caíu mal a algumas rabanadas, mas que se impôs na sua generosa evasão vespertina do enfardanço do dia N. Vários se tornaram clássicos, o ex-libris é, pois claro, Our Christmas, que para o dia de natal melhor que Fincher só mesmo Ferrara. Com Efe, claro. Mas na história ficam o Bond, o Tati, o Corbijn do ano passado. São dez anitos de tradição, à vontade, quebrados apenas uma vez pelo Conto de Natal dos Primeiros Sintomas, que malta que está em cena a sério no 25/12 merece ter público. Dez anos de ponto final saboreado plano por plano e de fim de dia cheio de olhos palavras ideias. E alguns arrotos, vá. Mas enfim, algum dia havia de correr menos bem, e não se pode ser perfeito todos os anos. Lá se reuniu o gang para a sessão das sete. Os irmãos Dardenne, pois sim, está-se bem no King e quase toda a gente já viu o Bond.
Registe-se que eu queria ir ver o Madagáscar.
E pelo primeiro ano, saímos a respingar. Porque é triste ver um fabuloso argumento deitado ao lixo num filme sem forma, sem espinha, sem sopro. Para não falar nos raccords, na barba que há no plano e desaparece na sequência, na bolsa que faz voltar atrás e acaba por ficar para trás, enfim... querem só poesia, senhores, façam poemas. A mim apetecia-me mesmo ter visto um filme, hoje. E o argumento é, realmente, um portento. Está lá absolutamente tudo para um grande filme. Está pathos, está poder, está dinheiro, está compaixão, está incomunicação, homicídio, alucinação, humanidade, sexo, culpa, projecção, dependência, encarceramento, misoginia, abuso, mundos paralelos em cruzamentos fatais. Tudo, literalmente tudo e nada em excesso. E um filme... ai, que dor. Estou irritada, pronto.
Eu queria ir ver o Madagáscar.
sexta-feira, dezembro 26, 2008
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