Quando 'Amor' ficou pronto, fui logo me perguntando: "Meu Deus, o que é isto?". E, vez ou outra, me perguntaram sobre 'Amor': "Meu Deus, o que é isto?". Demorei um pouco para perceber que 'Amor' é um poema. Mas continuo a me perguntar se é um poema mesmo. Uma coisa é certa: 'Amor' é bem melhor quando falado, quando lido em voz alta. Uma questão musical. E música é uma coisa que pode ser interpretada de vários modos diferentes. Às vezes sou convidado a ler 'Amor', interpretar 'Amor' em leituras e eventos literários. Quando faço isso, geralmente me pergunto: "Meu Deus, quem sou eu?". Ao que logo respondo: "Sei lá".
André Sant'Anna
Entre venenos vários e côncavas convexidades, entre os corpos e os tantos olhos de uma actriz, entre a dor de corno e a dor de ser aqui, é esta a pergunta que me fica e que afinal estava escrita pelo autor no programa que só agora li. Sou a raiva ou a irrisão, o distanciamento supremo do riso? Ou sou a dor no espelho? Ou sou a neutralidade abandonada do nosso Português de vogais fechadas e exuberância reprimida? Ou sou apenas a distorção da guitarra, o som bruto abaulado por uma alavanca? Pois, isso. Sei lá. Há realmente perguntas sem resposta. Mas só são honestas se o seu motor for uma honesta procura da resposta. E uma honesta resignação a que a resposta possa não vir. E esperá-la, ainda assim. E honrá-la, ainda assim. Pois, sei lá. Que sei eu?
Sei, e é essa a razão deste post, que está uma actriz com um texto à sua altura em Guimarães até domingo. Ou um texto com sorte na actriz. Distinção, esta sim, desnecessária. No Teatro Oficina, Flávia Gusmão dá-nos 'Amor'. Haja quem o saiba receber.
quinta-feira, dezembro 18, 2008
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