sábado, dezembro 15, 2007

reflexões de um bicho do mato

Hoje é um dia mau para estar a morar na baixa do Porto. Dois centros comerciais em Santa Catarina, e mesmo assim o formigueiro de rua não tem fim, os pinguins multiplicam-se colónia afora, cartão de plástico na mão, olhos vidrados nos expositores, nas coisas. Foi na China que me apercebi de que a noção de espaço individual é uma questão cultural, e curiosamente na terra do ki parece que um ser humano termina precisamente nas fronteiras da sua pele, do seu corpo físico. É fácil sentirmo-nos invadidos numa fila para carimbar o visto. Mas também aqui, na fnac, os corpos se chegam e empurram subtilmente, como que para fazer avançar a fila mais depressa, e lá me saem uns olhares mal-dispostos a ver se quem me sucede na caixa percebe que se quer saber o que foi que comprei mais vale perguntar-me directamente, em vez de me espreitar por cima do ombro.

Talvez a isto se chame apenas "mau-feitio". E foi por isso que assim que pude fugi para a toca, até que chegue a hora de ir ali para o São João, armar-me uma vez mais em turista do teatro.

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