Vou para o meio de Lisboa.
Não trago nada e não acharei nada.
Tenho o cansaço antecipado do que não acharei.
E a saudade que sinto não é do passado nem do futuro.
Deixo escrita neste livro a imagem do meu desígnio morto:
Fui, como ervas, e não me arrancaram.
Escrito por Álvaro de Campos num Livro Abandonado em Viagem.
Estreia amanhã. ou antes, hoje, um maravilhoso objecto chamado Turismo Infinito. Ricardo Pais no seu absoluto melhor. Um espectáculo simplesmente e esmagadoramente magnífico. Sou insuspeita, desta vez nada tenho a ver com o assunto. E não, no que digo aqui não são os afectos que contam, embora os meus afectos se tenham extasiado. Com um texto onde se flui como se nada fosse entre o frágil Pessoa e seus fortes heterónimos. Com um elenco de palavra dita com mestria, com carne e com corpo - e que saudades de ver João Reis servindo palavras à sua altura de actor. Com um cenário absorvente. Com uma luz belíssima. Teatro turista de nós. E de si mesmo, meu deus, e de si mesmo.
de António M.Feijó a partir de textos de Fernando Pessoa e três cartas de Ofélia Queirós
ENCENAÇÃO Ricardo Pais com a colaboração de Nuno M Cardoso DISPOSITIVO CÉNICO Manuel Aires Mateus FIGURINOS Bernardo Monteiro DESENHO DE LUZ Nuno Meira SONOPLASTIA Francisco Leal VOZ E ELOCUÇÃO João Henriques
INTERPRETAÇÃO João Reis, Emília Silvestre, Pedro Almendra, José Eduardo Silva, Luís Araújo
de 7 a 16 de Dezembro
no Teatro Nacional de São João
9 comentários:
Desta vez nao entras? :)
Beijo e boa sorte para o Portogofone
Não entro e ainda bem. Não trocava o lugar que tive na primeira fila por nada. :) Às vezes, ser espectador é a maior das felicidades. )
:)
Sábia opiniao. É caso para dizer que às vezes a cigarra mete a viola no saco... :)))
eheheh... ;)
e isso vem à capital? ou tenho que me deslocar à provincia?
pelo texto talvez seja o melhor, me deslocar também, e quem sabe viver alguma coisa com isso.
:) Não faço ideia... se calhar o melhor é meteres-te no alfa, não vá o diabo tecê-las, que ele as tece, as tece...
Ai pois tece. E a gente da província gosta de quem se mexe para lá, e aí até o diabo se corta a tecê-las tanto... :)
que belo texto, não, correcção, ai meu Deus, que belos textos!!!
estás já, poderei dizer que, no reino do funambolismo- vês, mas vês de cima, com perspectiva, e vês também a voar. por isso, de várias frentes e, muitas vezes, de olhos fechados, o que o torna pressentimento. não é graxa, nem uma palmadinha nas costas para arrebitar, é amorzinho. (desculpa por o tornar público, mas não tenho a tua morada....)
ás vezes a província, porque o somos, pegando em luíselmau, tem muita sorte, e bem podia deixar-se de mesquinhices, não é K.?, je je je, senão porque não te quedaste? (pequena provocaçãozinha).
conclusão, irei ver, já muito bem agradada.
Mas quem é que se queda agora? Até os meus pais vao viver para Moçambique ainda este mês. Quem fica? Venhos dos lados do Porto. Vou para o meio de Barcelona... ;)
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