sábado, dezembro 15, 2007

erres enrolados

Sou motivo de gozo regular para o meu mestre Sérgio, rebento do Porto espalhado por vários cantos do mundo e enraízado em Lisboa. Então eu é que sou do Porto e tu é que falas com sotaque? Mas é mais forte do que eu. Quando chego a Odemira também me foge a língua magana, tenho uma orelha altamente influenciável e uma garganta habituada a cantar palavras. Agora só a partir de Março me adormecerá esta toada dos figos do Douro, quando estiver rodeada novamente do lisboeta gingão dos Anjos. Mas quando me passam grandes textos pelos lábios, a cada sílaba me apercebo de como a clareza gastronómica do falar do Porto moldou a minha boca de actriz e me ajuda a saborear a sopa de letras, a sugar o sumo de cada vogal, a deixar que subtilmente se me enrolem na língua os erres. Queeeeem quer figos do Douro, quem quer figos?...

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