quinta-feira, junho 14, 2007

O que nos toca à porta

Quando oiço a campaínha da minha porta ao fim de uma manhã de semana, e considerando que o homem-foguete da EPAL veio fazer a leitura há dois dias e quando voltar a aparecer já eu não estarei por cá, o sangue ferve-me logo perante a hipótese mais que provável de um encontro imediato com duas testemunhas ou elderes ou pastores de outro qualquer rebanho a prepararem-se para atacar assim que lhes franquear a entrada. Espreito. É uma pessoa só, uma mulher perdida algures no largo espaço dos seus trinta anos.

Abro a porta e lanço um bom dia interrogativo. Ela engole em seco e pede-me imediatamente desculpa por incomodar. Anda em busca de trabalho. Não me pergunta se preciso, reprimindo as lágrimas que lhe passeiam na retina sem nunca transbordarem, mas se conheço alguém que precise. Não consigo fixar-lhe os olhos por muito tempo. A vergonha que nitidamente sente por andar de porta em porta atinge-me qual adaga afiada. Procuro um papel e uma caneta e tomo nota do contacto desta Paula que entre muitas procura apenas uma forma digna de ganhar o pão. Mora na zona para onde me vou mudar. Se as coisas não me correrem mal de todo, hei-de ligar-lhe lá para o fim do verão. Entretanto, a Paula continuará a procurar uma forma de sobreviver neste bocado de terra que se quer chamar país e que maltrata e agride, sem emenda, os braços e os corações que o poderiam construir.

Puta de vida...

4 comentários:

Siona disse...

É um país, mas é pequenino...

João Barbosa disse...

É 1 dor d'alma

polegar disse...

ai...

Anónimo disse...

é uma merda d país mxm...xe n foxe a minha "dama" lol tb já tinha bazado daki pa fora (mas tinha d xer pro sul da Europa, por cauxa do Sol)...Manel espero k td te corra então mt bem pa k poxas empregar a Paula...bem hajas por ainda teres exa disponibilidade pa te comoveres c o proximo. Pq a indiferenxa mata.

Bjokas