quinta-feira, junho 28, 2007

Os zés II













Já com o especialista em siglas e altamente competente Negrão, ficamos a saber quem manda. Aqui, na EPUL, na EPAL, no IPPAR, no IA, no FEDER, na *#ta que pariu. Não é o zé. É o chico.

Os zés

Acho graça a estes novos cartazes do Sá Fernandes, se houvesse mais zés havia menos negociatas, mais espaços para arrendar, und so weiter. Ó homem, mas o que não falta neste país são zés, zés-povinho, zés-ninguém. E chicos. Espertos.

quarta-feira, junho 27, 2007

Bare with me

Estamos a discutir conceitos. Não estamos discutir essa coisa a que chamam competitividade, nem os custos do progresso. Do que se fala é de algo bem maior. Associado à tão falada flexi-xi, vem sempre o corte na remuneração do trabalho extra - é assim que se chama agora, que horas extraordinárias é expressão que tem o seu peso e pode acordar indesejáveis fantasmas de lutas passadas. É preciso cortar, é preciso despedir sem regra - não direi nunca livremente, que a ideia de liberdade é mal apreciada em tal contexto. É preciso, caramba, mudar essa puta dessa constituição que ainda nos pode lembrar que não somos súbditos de ninguém, que a vida é nossa e o país é nosso e nós somos o país. Porquê? Porque a riqueza não chega? Chega, chega. E todos nós podemos apreciar como chega. Mas, talvez resultado da decadência do ensino, ninguém parece ter evoluído na apredizagem das contas de dividir, aliás, diria que a desaprendizagem é claríssima. A riqueza não chega? Chega, senhores, chega. Lá porque há quem goste de ser tomado por parvo, a realidade não desaparece nas mentiras, pelo contrário, surge em alto contraste. Admira-me como é possível mentir a tanta gente por tanto tempo. O Lincoln enganou-se. Mas o Lincoln levou um tiro num camarote de um teatro. Muito apropriado.

E a amargura do Zé Mário a revolver-me a mente, a produtividade, ora aí está, quer dizer, há tanto nesta terra que ainda está por fazer. E a educação pública escaqueirada, e a porra do rio não há modo de desaguar, há sempre mais onde escaqueirar, onde destruir, onde implodir, para depois dizer, viram?, é assim, o edifício era podre, tinha maus alicerces, nunca se aguentaria, nós viemos fazer-vos o maior dos favores, agora vejam lá, não se armem em ingratos.

A equação é simples. Comprida, em cauda e em séculos, mas simples. Os corredores do poder são isso mesmo, corredores. As mãos lavam-se mutuamente, as lagostas partilham-se e os amos são para obedecer. Cá em baixo 'inda anda gente, mas é cada vez mais noite, e a massa de escravos sem saber, sem pensar, alimentados a ignorância, a medo, a fome e a sexo, é massa de tumor, que come vorazmente os focos de humanidade que se lhe atravessam no caminho para o hipermercado. Ainda não é o bastante, dizem. Ainda é preciso flexi-segurar a constituição.

Dêem-nos o supérfluo sem limites ou o mínimo assegurado, observava Georges Sand há quase duzentos anos. Mas o supérfluo sem limites não vai lá pelo equilíbrio, seria uma contradição em termos, vai lá pela acumulação, pelo roubar de um prato para colocar no outro. O que significa que não permite sequer o mínimo assegurado, nunca chega o monte, é sempre possível comer mais, degradar mais, sugar mais. Assim o era nos dois séculos antes de Sand, e antes deles. Assim o é hoje. Ámen.

as pulgas atrás das orelhas

Por vezes instala-se uma, quase sem darmos por ela. Quase. Mas o pior é quando se cede à comichão; e por vezes pode mesmo demorar anos, séculos, até que a necessidade de coçar se imponha. Pode optar-se por coçar a pulga, ou ela salta, ou fere, ou se descobre que afinal não era uma pulga, antes um besouro dourado.

Mas tu metes-me demasiado medo, por isso o melhor é ir num pulo à farmácia, comprar fenistil e lançar o saco de plástico pela janela.

terça-feira, junho 26, 2007

Alvíssaras! Um teatro municipal finalmente nas mãos do povo!


via Arrastão



Até lava a alma, assistir a este desfile. É para isto que se faz teatro, é para isto que serve um verdadeiro teatro municipal, para este povo lavar no Rio, enquanto a cultura leva do Rio. Bem-hajam todos os Lloyd Webers, La Férias e Caneças deste mundo. O Rivoli morreu, viva o Riovoli!

domingo, junho 24, 2007

Tarde de sol

Não pude ir marchar, ontem, e quando leio uma descrição como esta do DN, a minha pena por não ter ido aumenta exponencialmente. Porque tudo me diz que foi uma rica tarde...


tudo roubado à Sara Cacao

Eram quase seis da tarde quando, depois de dizerem o sim, Sofia e Ricardo saíram da Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, em Lisboa, e foram surpreendidos por uma manifestação de cor-de-rosa, amarelo e laranja. A noiva, de branco vestida, estendeu os dedos num "v" de vitória, mostrando que simpatizava com quem pedia "sem atraso, sem demora, casamento civil agora", e puxou o marido para um beijo simbólico, rodeado de gays, lésbicas e transexuais que gritavam, entusiasmados, "nem menos, nem mais, direitos iguais".

Acabei por me ficar por umas imperiais e umas sugestivas miniaturas de massapão, já pela noitinha, no Arraial, na sala de visitas de Lisboa. E que trabalho de campo, senhores. Longe do gueto do Calhau, o Arraial Pride torna-se uma festa aberta, sem fronteiras definidas, onde a diversidade é rainha. Famílias, turistas, imigrantes, figuras da Lisboa popular, só a espreitar a coisa, a divertir-se, a integrar. Para o ano virão mais, e a saudável indiferença pacientemente construirá o seu caminho.



sexta-feira, junho 22, 2007

Divergências significantes: a vocação - adenda

E no entanto... são iguais a nós, são iguais ao que nós fomos, apenas encerrados em aquários mais sofisticados. Não sabem o que fazem aqui. E a luz vesga que emana do caixote-motor das suas vidas, apenas os ajuda a convencerem-se de que está tudo sob controle, de que há no meio das rochas um lugar reservado, um posto, um espelho que lhes assegure que são belos e especiais e únicos.

Alguns só tarde demais compreenderão a abrangência das leis de causa e efeito. Os mais felizes, porém, serão provavelmente os que nunca derem por elas.

Divergências significantes: a vocação

São putos, uns mais putos que outros, é certo, mas são putos. Aspirantes a actores, dir-se-ia, considerando que têm aulas de voz e elocução, interpretação, corpo, testes de imagem, the whole kaboodle. Têm as desculpas na ponta da língua para as suas deficiências de dicção e de compreensão da respiração de uma frase, mesmo que nenhuma justificação lhes tenha sido pedida, mesmo antes de terem começado um exercício. Se se pede que simulem uma conversa, uma simples conversa entre amigos, riem-se, envergonham-se, trocam-se. E de repente há um que transforma o tal diálogo quotidiano que é pedido, numa autêntica entrevista televisiva, em pose, em atitude, na escolha do vocabulário, na clara e vazia escolha dos temas da conversa. E a vergonha desaparece, entrevistador e entrevistado ganham um súbito à-vontade, as palavras saem com maior clareza, a postura é de confiança, de tele-confiança.


Fico a pensar que de facto a vocação não é necessariamente a representação, não é a descoberta, não é a procura, em suma, não é a vida. A vocação é o aquário televisivo que lhes justificará a existência e lhes dará a sensação de que valem alguma coisa, de que são alguém. A vocação não é ser actor. É ser entrevistado.

quarta-feira, junho 20, 2007

terça-feira, junho 19, 2007

Um dia por Lisboa - a quem de direito

"Na próxima Terça-feira [ou seja, HOJE], dia 19 de Junho, decorrerá no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz a iniciativa Um Dia por Lisboa. Esta sessão contínua, que decorrerá das seis da tarde à meia-noite, visa aproximar os espaços da política, os espaços da cidade e os espaços da cidadania.

Para conquistar este objectivo, recorrer-se-á às opiniões dos convidados António Barreto, Vicente Jorge Silva, Gonçalo Ribeiro Telles, António Costa Pinto, Manuel Graça Dias, Francisco Ferreira, Luísa Schmidt, António Câmara, Nuno Artur Silva, João Seixas, Fernando Nunes da Silva, Miguel Sousa Tavares, José António Pinto Ribeiro, Francisco Teixeira da Mota, Dalila Rodrigues, Rui Tavares, Jorge Silva Melo, Augusto Mateus e António Pinto Ribeiro, entre muitos outros - mas também às de todos os que tiverem algo a dizer.

O que é que acha que se deve fazer em Lisboa? E o que é que absolutamente não se deve fazer? Para captar os seus depoimentos sobre estas matérias serão instaladas no São Luiz cabines com sistema de gravação. Depois, a PFtv tratará, sistematizará e divulgará os depoimentos. "


Fiquem-se por dedicar manjericos ao santo antoninho, e depois queixem-se da vidinha... Ao São Luiz, alfacinhas!

texto integralmente copiado dAQUI

segunda-feira, junho 18, 2007

As mensagens que se escondem nos pormenores

No TNDMII há assistentes de sala que na frente de casa têm feridas no sobrolho, com direito a penso-rápido e tudo, e na saída do trabalho têm um piercing no mesmo local. Diz muito das prioridades de uma casa de teatro, onde três minutos depois do pano ter descido sobre um Shakespeare, todo o movimento na sala e no foyer grita "a andar, pirem-se daqui, temos de fechar o estaminé!" [ffffiu, calma, deixem-me lá respirar um bocadinho, não há respeito pelo jet lag, carago!]. Por outro lado, não deixo de achar graça que se considere mais inquietante um piercing do que a ideia de que a pessoa que nos está a conduzir ao lugar costuma levar socos na cara.


Que bem se está na província.

No país dos matraquilhos

“Ricardo II” é um texto de Shakespeare. Chamam-lhe o bardo isabelino, mas qualquer cérebro que assim o reduza só pode andar coxo. E os coxos correm pouco. Até podem ter um bom pé direito, mas é preciso correr bem, e não só apontar bem, para fazer três horas de jogo duro com arbitragem viciada. E Nuno Cardoso, já eu o sabia, está longe de ser coxo. Na Sala Garrett do Dona Maria II isso está bem demonstrado, e assim o estará até dia 8 de Julho.

Tenho um fraquinho por sacrílegos, confesso. Dêem-me um sacrílego desavergonhado, demasiado focado nos riscos que assume para pedir desculpa por fazê-lo, e têm a minha atenção desarmada. Coloquem-me um sacrilégio como este “Ricardo II” sobre um palco sacro como o daquele mausoléu, paredes-meias com o Largo de São Domingos onde os narizes apurados ainda conseguem cheirar a carne queimada, e seria natural que a conquista fosse quase imediata. Mas não foi. Talvez porque nada do que vale a pena fazer na vida seja fácil.

Começo pelo negativo, que fica já despachado. Não gosto do prólogo, aliás, acho que o prólogo não devia existir, ponto final. É um argumento mal-cheiroso de velho, este que vou usar, mas não posso fazer nada: se Shakespeare quisesse que a peça começasse com a morte de Gloucester, o texto começaria com a morte de Gloucester. A morte em questão, a morte falada na disputa da primeira cena, é de facto o acontecimento que espoleta tudo o resto. E no entanto… não é. Porque Henrique de Bolingbroke apenas precisa dela como cavilha, que a granada está armada e pronta a ser lançada. Se não fora esta morte, outra seria. Isto no plano do símbolo. Porque no que toca à percepção do espectáculo, penso que chega a ser contraproducente. Ou se ignora o show de Flávia Gusmão na abertura – irrepreensível, não é por aí que o gato vai às filhozes – ou se tenta fazer a ligação entre a simbologia desse momento e o intrincado discurso da primeira cena em que tudo se explica. Ora, num texto de tal calibre e filigrana, é na primeira cena que ao público é permitido, e pedido, que se deixe envolver e integrar numa linguagem que lhe não é natural, em que os neurónios de qualquer mortal, mesmo um mortal que conheça minimamente as palavras [que era o meu caso] andam à velocidade da luz para perder o menos possível. Não seria possível, a não ser talvez ao próprio Shakespeare se estivesse no público, perceber o discurso, perceber a intriga e ainda fazer a ligação simbólica a um prólogo perfeitamente dispensável. E o que é dispensável, a meu ver, está a mais. E pronto. Daqui para a frente, foi sempre a subir. Comme il faut.

Colocar a intriga de poder num campo de futebol, é de fanático. E é de risco. E durante toda a primeira parte tive sérias dúvidas de que a concretização do conceito valesse. Os jogos de poder que alagaram de sangue a história de Inglaterra, sangues universais para histórias miseravelmente universais, estão mesmo a pedir para ser reduzidos a machos dominantes e a futebóis; os tronos reais, a cadeiras de praia tão pouco dignas como a espreguiçadeira de onde tombou Salazar; as cortes de altos pares que decidem destinos enquanto trincham a carne, a pátios de meninos que se entretêm em batotas no jogo de bola. Mas um conceito não é um espectáculo. E eu não percebia se entrava se saía, se era denso, se era inócuo. Até que ao fim de duas horas, o perverso encenador me dá o golpe de misericórdia, com a distribuição que faz para a cena do jardineiro e dos seus ajudantes. Daquelas “coisinhas” que na minha cartilha pessoal me fazem cheirar a palavra “génio”, palavra difícil e traiçoeira, mas seja: é que não é qualquer um que toma uma decisão impensável, mas que se mostra óbvia e incontornável depois de ter sido tomada. E saí para o intervalo, qual funâmbulo sorridente, pensando “pois claro, mas a que outros actores poderiam aqueles discursos ter sido entregues?”. Vem o gongo. IV acto.

O IV e o V actos resolveram-me todos os sentidos, joeiraram-me todos os escolhos, e eu rendi-me. São belíssimos, são belíssimo teatro. O Ricardo de João Ricardo [bom, não encontro maneira menos cacofónica de escrever isto] termina o seu percurso de humanização de forma pungente, um trabalho de actor verdadeiramente emocionante, próximo, simples, belo, grande. Fosse o texto servido com maior rigor e seria perfeito. Não posso deixar de dizer que o Bolingroke de Gonçalo Amorim me pareceu incompleto, impossível que é, desde o primeiro momento, qualquer empatia com a personagem, o que é mortal para a dualidade que ela pede [como o pede o Marco António do “Júlio César”, e curiosamente, a mesma falta achei na produção da Cornuncópia no São Luiz, uma dualidade falhada, embora estes dois espectáculos, e os dois actores em questão, tenham caminhos bem diversos]. Será justo falar noutros nomes, João Pedro Vaz, Luís Araújo, Marta Gorgulho, Cátia Pinheiro, por exemplo. Será justo falar ainda da parcimónia com que a rima surge no discurso, momentos brilhantes escolhidos a dedo no labirinto de uma brilhante tradução. Mas no fim o que fica é bom teatro, mesmo muito bom teatro. E a diferença nula entre promíscuos e salvadores da pátria, a perpetuação das mesmas-outras traições, os mesmos-outros jogos abjectos, os mesmos-outros corpos massacrados. O germe da guerra das Rosas não é diverso do de outras guerras, as cadeiras de praia confundem-se, as primeiras ceias e os tapetes relvados também.













Ricardo II
Teatro Nacional Dona Maria II Sala Garrett

13 de Jun a 08 de Jul 2007 3ª a Sáb. 21h00 Dom. 16H00

Tradução FERNANDO VILLAS-BOAS encenação NUNO CARDOSO cenografia
F. RIBEIRO
figurinos STORYTAILORS música SÉRGIO DELGADO
desenho de luz JOSÉ ÁLVARO CORREIA movimento MARTA SILVA
voz | elocução RUI BAETA análise de discurso JOÃO GROSSO
assistência de encenação VICTOR HUGO PONTES
assistência de encenação (estágio ESTC) PAULA GARCIA
Com ANTÓNIO JÚLIO | CARLOS PIMENTA | CÁTIA PINHEIRO | DANIEL PINTO
FLÁVIA GUSMÃO | GONÇALO AMORIM | HUGO CAROÇA | JOÃO PEDRO VAZ
JOÃO RICARDO | JOSÉ NEVES | LUÍS ARAÚJO | MARTA GORGULHO
PEDRO GIL | PEDRO PERNAS | WAGNER BORGES













sexta-feira, junho 15, 2007

Os bichos II

Finalmente o Clair de Lune que ando a martelar no meu piano de combate começa a ser música. Como é que eu sei? O meu Sombra veio morder-me carinhosamente o cotovelo enquanto tocava, coisa que ele gosta de fazer quando lhe dá para o dengo. Aconteceu o mesmo assim que a ária das Goldberg começou a soar a alguma coisa. Depois venham dizer-me que é a inteligência que nos distingue das quatro patas, pois pois.

Os bichos

Informação que já deveria ter sido retida há muito: a camisola de alsas lilás não pode ser usada sem soutien, sob pena de que ninguém repare no meu bonito sorriso. Mas aumenta significativamente as probabilidades de ter homens agachados aos meus pés. Hoje na Baixa tive duas ofertas para me engraxarem os sapatos de graça.

quinta-feira, junho 14, 2007

O que nos toca à porta

Quando oiço a campaínha da minha porta ao fim de uma manhã de semana, e considerando que o homem-foguete da EPAL veio fazer a leitura há dois dias e quando voltar a aparecer já eu não estarei por cá, o sangue ferve-me logo perante a hipótese mais que provável de um encontro imediato com duas testemunhas ou elderes ou pastores de outro qualquer rebanho a prepararem-se para atacar assim que lhes franquear a entrada. Espreito. É uma pessoa só, uma mulher perdida algures no largo espaço dos seus trinta anos.

Abro a porta e lanço um bom dia interrogativo. Ela engole em seco e pede-me imediatamente desculpa por incomodar. Anda em busca de trabalho. Não me pergunta se preciso, reprimindo as lágrimas que lhe passeiam na retina sem nunca transbordarem, mas se conheço alguém que precise. Não consigo fixar-lhe os olhos por muito tempo. A vergonha que nitidamente sente por andar de porta em porta atinge-me qual adaga afiada. Procuro um papel e uma caneta e tomo nota do contacto desta Paula que entre muitas procura apenas uma forma digna de ganhar o pão. Mora na zona para onde me vou mudar. Se as coisas não me correrem mal de todo, hei-de ligar-lhe lá para o fim do verão. Entretanto, a Paula continuará a procurar uma forma de sobreviver neste bocado de terra que se quer chamar país e que maltrata e agride, sem emenda, os braços e os corações que o poderiam construir.

Puta de vida...

quarta-feira, junho 13, 2007

Feel the whip

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Para quem precise da informação, with you, ladies and gents, miss Nina Simone.

terça-feira, junho 12, 2007

Santos da casa


Então bom santantoninho, cambada de alfaces. E como santos da casa não fazem milagres, o melhor é rezarem a este, que ficou pelo magrebe, eheheh. Boas sardinhas, pessoal!












Santo António de Lisboa e Pádua
Catedral de Tunes, Setembro de 2006

Da decadência física

É a última vez que pinto varandas de cócoras ao som de Buraka Som Sistema. O kuduro deixa sequelas inescapáveis e dolorosas. É por isto que quem se mete nestas coisas fica com aquelas coxas e nádegas gloriosas. Eu contento-me com uma varanda linda e soalheira, pronta para me receber com um bom livro numa espreguiçadeira.


Auch...

domingo, junho 10, 2007

Aforismo III

Os amigo genuínos são os únicos seres humanos insubstituíveis. Há sempre lugar para mais um, mas cada um tem o seu lugar, inatacável, intransmissível. Incalculável.

Aforismo II

O ser humano é o mais maravilhoso, criativo e generoso dos animais.

Aforismo

O ser humano é o mais reles, mesquinho, maldoso e perigoso dos animais.

quinta-feira, junho 07, 2007

Para que eles possam vir a estar mais simplesmente vivos...

O desenho animado do momento.

Parte I


Parte II



And so... that's how, folks!

Os feriados das rádio-notícias...

... são irónicos. Depois do JPP [que não é o Pacheco é o outro mas bem que se podia exilar os dois no mesmo dia e declarar feriado nacional] vir assassinar a prosódia do português e en[ssa]sinar-nos que alta subversão poética é p^r s cnts trr s vgs* [é chato de usar aqui, tem demasiadas vogais e só um acento, pelo menos na minha gramática], e do canto aos soluços e anti-musical de uma tal Viviane, a voz irritante e o fraseado cheio de cagança do Carlos do Carmo até parece um bálsamo, mesmo com o saxofone do Carlos Martins por trás a sugerir o lobby de um sofitel qualquer. Mas a ironia é minha amiga e nunca me abandona. Logo a seguir, coladinho coladinho, vem o Sinatra - nada de especial, o batido I've got you under my skin, mas com aquele swing, aquele fraseado de gozo genuíno. Depois do "Fraco Sinatra", o Frank Sinatra. E pronto, com esta aspirina de música a sério, e enquanto não me obrigarem a ouvir os anjos, cá me vou aguentando até ao próximo bloco de notícias.



*ponho os acentos e tiro as vogais, diz a frase, mas não me digam que precisaram de ler isto para chegar lá, pfff...

quarta-feira, junho 06, 2007

De bué bué longe para bué bué perto

Está aí a chegar, o melhor antídoto para qualquer xaropada, real ou cinematográfica. Estou em pulgas pela estreia, até porque dobrar esta Branca de Neve foi das maiores curtições que já tive em estúdio e o antídoto perfeito para toda a princesa enjoadinha que já me calhou na rifa. Honra ao ogre verde, que com o seu bafo mal-cheiroso nos remexe os estereótipos.

terça-feira, junho 05, 2007

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus [Mateus, V-3]

Aqui perto, do lado norte da ferrovia, onde o bem-posto bairro de São Miguel se desfaz já em terra de ninguém entre as trincheiras de Roma e Entrecampos, há um par de janelas rasteirinhas abençoado por autocolantes com citações de salmos bíblicos. Primeira janela, "feliz a nação cujo deus é o senhor", salmo 32 [33, na corrente protestante, o que já traz conhecidos e velhos problemas políticos, enfim], e "o senhor é meu pastor, nada me faltará", salmo 22. Segunda janela, uma trindade de cola: novamente o salmo 32 [33, isto do ecumenismo gasta muito em parêntesis], "o senhor é fiel" [talvez do salmo 12 ou talvez 13 ou quem sabe do 42/43] e imediatamente por baixo o glorioso "Estou convocado!", do salmo 2004. O desafio da teologia espreita a cada esquina.

segunda-feira, junho 04, 2007

Zyryab

Na Bagdad do século VIII terá nascido um tal de Zyryab que viria a instalar-se em Córdova e a inventar a guitarra tal como a conhecemos hoje. Ou pelo menos é o que diz o Paco de Lucia. Nome a preceito, portanto, para um quarteto decidido a abraçar a guitarra cortando caminhos entre este e oeste, norte e sul. Metade deste quarteto se compõe de amigos meus desde a adolescência - a minha, porque um deles já está bué cota, jajaja - e já tive o prazer de cantar com eles uma bachiana brasileira com balanço doce e cheiro de chorinho. É uma recordação grata para mim. Mas mais grato é o presente do Quarteto Zyryab, agora com o seu cantinho no myspace, onde podeis ouvir por vós mesmos que este post está bem longe de ser um favorzinho.

Vale, muchachos!

Divergências significantes: o sorriso

A não ser que se trate de publicidade a dentífrico, quando se diz de alguém que tem um bonito sorriso, não é da boca que se fala. É dos olhos.

domingo, junho 03, 2007

Porque a Polónia, ao contrário da Venezuela, está aqui mesmo à porta e à espera de entrar.

"Exmo Sr Embaixador da Polónia,

Ciente do árduo percurso do Povo do seu país rumo a uma Democracia expurgada de totalitarismos como os que historicamente se abateram sobre a Polónia, é com genuína inquietação que assisto à implementação de medidas governativas tendentes a instaurar um clima de desrespeito pelos mais basilares Direitos Humanos. As soluções propugnadas pelo executivo de Varsóvia, ao terem como consequência o desrespeito pela liberdade de não prossecução de um dado credo, a perseguição de minorias sexuais e modelos familiares atípicos, assim como as sugestões vindas a público de uma proibição total do aborto ou, por outro lado, a apologia da pena de morte feita por alguns membros do Executivo que representa, traduzem uma divergência inaceitável com os valores que assumimos comuns nesta União Europeia.

Ciente que o Povo polaco, como outrora, saberá levantar-se contra a instauração da intolerância e do desrespeito pela dignidade humana, junto de vós lavro o presente protesto."


Aceitando o repto do Max, que tem andado bem atento às tragédias cívicas que os manos Kaczynski multiplicam na "sua" Polónia, enviei este e-mail para o embaixador polaco em Portugal [politica.embpol@mail.telepac.pt] e desafio todos os que lerem este post a fazer o mesmo.

Se dúvidas restarem quanto à pertinência do protesto, aconselho uma leitura, nem que seja diagonal, pelos vários posts dedicados ao tema que saíram da estupefacção do Max e da combatividade incansável do Boss - que aliás escreveu o post que me inspirou o título acima. E que me deu também a citação de ouro para fechar este post: I've said it before, vicar, and I'll say it again: what that boy needs is a nice big cock up is arse.


sábado, junho 02, 2007

Para um dia de sol

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É mesmo esta pérola desta canção que me apetece ouvir. Sobretudo depois das injecções radiofónicas daquela versão inenarrável desses dois especialistas do coça a barriga para adormecer que são a Mafalda Veiga e o João Pedro Pais [double iac]. O que eles fizeram a esta canção do génio que dá pelo nome de Fausto Bordalo Dias devia ser anticonstitucional! Será que se eu beber um copito de Bohemia eles se calam, como o Represas?

À linha

É o bicho que somos. Há momentos em que ou desesperamos ou temos esperança. Não há fonambulismo que resista a uma biópsia. O arame consome-se e só se impõe uma escolha. Por vezes de vida ou de morte.


Escolhe bem.

sexta-feira, junho 01, 2007

1 eurico 1, só 1



A ILGA - PORTUGAL pela primeira vez vai organizar o ARRAIAL PRIDE na PRAÇA DO COMÉRCIO.
Este evento é considerado uma vitória histórica porque
temos a oportunidade de celebrar
o ARRAIAL PRIDE na mais importante praça do país.
Ao fim de sucessivos anos e intermináveis pedidos à CML
pela primeira vez podemos festejar
no centro da cidade de Lisboa, às claras.
Contudo, a ILGA - PORTUGAL, terá de pagar uma elevada soma de dinheiro
pelos mupis e outras formas de publicitação do ARRAIAL PRIDE.
É aqui que tu entras porque
iremos precisar da tua ajuda
e que contribuas com €1 nas despesas.
Deves fazer a transferência para a conta da associação ILGA - PORTUGAL
NIB: 003506970057925863015 asap!
E depois apagar os meus contactos deves enviar este email aos teus amigos.
Ah! Claro que contamos também com a tua presença,
dia 23, a partir das 18h
na Praça do Comércio.

texto integralmente copiado do e-mail que recebi; é um marco, que o arraial volte à cidade, e logo ao seu salão de visitas; que se oiça o hino, alto e bom som! :)

Homofobia não, já chega de preconceito
Homofobia vá, toca a desincorporar
Homofobia não, mas que horizonte tão estreito
Homofobia, estamos aqui p'ra te pôr a andar