sexta-feira, novembro 30, 2007

porque o caminho se faz caminhando

AQUI podem ajudar a decidir com que pé se avança agora. E AQUI podem confirmar qual é o pé que começa a tomar balanço para dar o primeiro passo. De preferência, passos diferentes dos do João Ratão: o objectivo é tirar do lume o caldeirão a ferver do médio oriente, não cair lá dentro. Meio século é tempo suficiente para provar a inutilidade de uma estratégia, não?


Matmata, Sahara tunisino
Setembro de 2006

terça-feira, novembro 27, 2007

tenho andado com este senhor às voltas na cabeça...

... mais vale postá-lo de uma vez. Convosco, Billy Joel no seu melhor. Mesmo, que muitas vezes é um grande azeiteiro. Mas esta canção é preciosa. 0% de acidez.

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do narcisismo

É a vantagem de ser pau-de-virar-tripa: ao fim de quinze dias a "encher", entre contact improvisation, ioga e ai ki taiso, mais umas quantas improvisações bastante físicas, cada vez que me penteio ao espelho quase tenho vontade de me saltar pá espinha. Estou um verdadeiro Johnny Bravo, do you wanna see me comb my hair?



ADENDA: Mas estúpido estúpido é sobreviver relativamente incólume a tantos combates e depois lixar um dedo do pé no quarto do hotel...

diálogo do dia

- Não há pachorra, o gajo só fala por provérbios, carago!...
- Bom, eu gosto de provérbios... mas também, nem tanto ao mar nem tanto à terra.

segunda-feira, novembro 26, 2007

silêncio para dois

Há demasiadas coisas que queria dizer-te, coisas em demasia para me dizer a mim. Que sinto o teu cheiro mesmo quando a cidade está vazia sem ti. Que não sei quem és, na medida exacta em que te reconheço todo em todos os silêncios, até naqueles em que estás certo de assim não ser, em todos os olhares em que desconfias que não te olho. Nascem-me por detrás da nuca. Correcção, nascem-me os pensamentos de uma fonte que não vejo, e por trás da nuca me atingem com um duro soco, antes de escorregarem pescoço abaixo, peito abaixo, coração adentro. Quero agarrá-los, tento agarrá-los e não posso. Eu, uma pessoa tão verbal, fico muda diante de ti. Eu, que tanto esforço faço para conter as palavras, seria capaz de meditar nos teus olhos durante toda a eternidade pressentida. Perco o léxico, misturo o vocabulário, não sei dizer coisa com coisa sem coisa plena de coisas, não sei as palavras, não as agarro. Ou elas despegam-se de mim, abandonam-me, aguenta-te agora, torre de pisa, deixa que o vento te vergue para sentires o prazer de te ergueres de novo. Não há apoio lexical que te preserve a verticalidade.

Há demasiadas coisas que talvez devesse dizer-te. Que me assusta a posse, que me repugna a posse, que desconfio da segurança construída antes das construções, que tudo isso senti na pele, sofri na carne, e tudo isso sacudi como um cão, como um vira-lata enfim reconhecido à estrada. Que não passo cheques em branco, nem a mim mesma. Mas que as mãos que por vezes assassinam, também assinam por vontade própria, e só muito mais tarde vêm reclamar as notas de crédito, só depois das vazas vêm trocar as fichas do jogo.

Chamar-te-ia meu, apenas porque ao deixar-te entrar reconheceria a parte de mim que te pertence, não porque te guardaria entre muros. Chamo meu apenas àquilo que me possui. E calo. Preservo o silêncio que os teus olhos me dizem, porque as manhãs mais limpas não têm voz.

domingo, novembro 25, 2007

chiaro-oscuro

Santiago de Compostela, Maio de 2007

Sur mon front, mille fois solitaire,
Puisque je dois dormir loin de toi,
La lune déjà maligne en soi,
Ce soir jette un regard délétère.

Il dit ce regard - pût-il se taire!
Mais il ne prétend pas rester coi, -
Qu'il n'est pas sans toi de paix pour moi;
Je le sais bien, pourquoi ce mystère,

Pourquoi ce regard, oui, lui, pourquoi?
Qu'on de commun la lune et la terre?
Bah, reviens vite, assez de mystère!
Toi, c'est le soleil, luis clair sur moi!

Paul Verlaine, Lés méfaits de la lune

ressaca de cansaço, amor aos mistérios de fora e de dentro, corpo dorido, filme clássico em tarde lenta de domingo

O soldado Robert E.Lee Prewitt e Alma, aka Lorene, no Kalakaua Inn:

- I love the army.
- But it sure doesn't love you.
- A man loves a thing, that don't mean it's gotta love him back.
- Yeah, but a person can stand just so much...
- You love a thing, you gotta be grateful.

e depois, boa noite! no futuro pensam os astrólogos!...

Numa hora passou um mês. Pausa. Café fechado para balanço. Muda de disquete, marisqueira com pares de cromos em desintegrações diversas. Pausa. Tempo para respirar. Texto para marrar. Numa hora passou um mês. E mais uma vez me sinto mais eu, por não ser a mesma que era há um mês. Numa hora. É também, e sobretudo, por isto que cá ando. Pausa. Reconheço o privilégio. Até dia 10, pessoal.

Pausa.

A vida é bela. E o dia devia ter 48 horas.

quarta-feira, novembro 21, 2007

é que ele há dias...

Passo as tardes em improvisos, à procura da pele de uma mulher cheia de genica e apaixonada por um marido amorosamente estronço. Chego aqui e as coisas desenvolvem-se como se tem visto, é favas com chouriço p'ra toda a gente, também por quinhentos paus querias gambas, não?

Neste momento o que me consola, para além do cházinho que tenho ali a fazer, é que não tarda começa a Letra L, irra...

pérolas de porcos II

ou
ai, a graça do amor...*



*título desavergonhadamente roubado ao JP Simões; aqui ficam desde já as minhas desculpas por se ver metido numa mistura tão rasca

pérolas de porcos

ou
cada tiro, cada melro
ou ainda
cada cavadela, cada minhoca


"Sou contra a legalização porque temos de levar em conta que se trata de mulheres que vivem do pecado e que, em minha opinião, não merecem protecção.
Carrego comigo o arrependimento de, por vezes, cair em tentação e recorrer aos seus serviços para a realização de determinados tipos de actos sexuais que a minha mulher não pode praticar devido a ser séria. "

Comentário deixado por um senhor de certeza absolutamente respeitável, impoluto e semanalmente confessado, NESTA NOTÍCIA. Broches, a palavra que ele não quis dizer era broches. É naquela base da preservação da boca que lhe beija os filhos. Já diz maestro Eldoro, nos ensaios do coro gulbe, a boca de um cantor tem de ser uma catedral! A boca de uma mulher séria também só serve para aquilo que o homem lhe indica; broches, nem pensar, e palavrinhas, pouquitas, hã?

agradecimentos sentidos ao nosso Saroco

segunda-feira, novembro 19, 2007

adenda ao post em atraso n.º2

Já cá girou uma vez, e há-de continuar a girar, infelizmente sempre a propósito.

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domingo, novembro 18, 2007

press PAUSE

Era capaz de me apaixonar por ti, se tu deixasses.

post em atraso n.º3

Tão atrasado que já nem vale a pena fazê-lo. Ficou preso na peneira do tempo.

post em atraso n.º2

Décadas e décadas de atraso. Talvez noutro dia conseguisse alongar-me um pouco sobre o assunto, hoje não sou capaz, confesso. A designação do que está em causa é explícita demais, não necessita de explicação: mutilação genital feminina. Acontece todos os dias na Europa, e não há relativismo cultural que justifique a sua continuação. A petição que espera a vossa assinatura deixa bem claro o que exigimos, porque temos o direito e o dever de o exigir:

1. tolerância-zero na Europa, com a criação de leis claras e inequívocas banindo a prática;
2. pressão económica sobre os países onde esta prática abjecta é legal;
3. trazer o assunto para a proa das agendas das conferências e cimeiras com países africanos;
4. financiamento do trabalho de ONG's empenhadas na solução deste problema, na Europa e em África;
5. criação e financiamento de campanhas e acções de educação e de despertar de consciências;
6. aceitar a ameaça de mutilação como razão para a atribuição do estatudo de refugiado.

No site da petição encontrarão ainda o linque para um vídeo. Se forem impressionáveis, não o vejam, mesmo! É duro demais. Eu não consegui chegar ao fim, e costumo ter resistência para estas coisas. Mas se calhar não é mau aguentar uns segundos daquele terror inqualificável; pode ajudar a decidir se vale a pena, com uma assinatura, contribuir para o fim de tamanha iniquidade. Penso que, mesmo para quem não tiver um clítoris, ficará bem claro por que razão é tremendo o nosso silêncio.

quinta-feira, novembro 15, 2007

post em atraso n.º1

Muito atrasado. Porque se trata de um belíssimo espectáculo e já só está em cena até domingo, por ridículo que seja que um espectáculo com magníficos textos e magníficos actores tenha apenas duas semanas de cena. O teatro-fénix, auto-incendiado e renascido das cinzas, que pelo artíficio aparentemente frívolo, pelo rigor e pela loucura concertada, pela lucidez, pelo humor inteligente, humano e corrosivo, reencontra a verdade. Que pela distância encontra a pele. Citado no programa pelo re-encenador João Cardoso, o autor deixa bem clara a sua declaração de intenções: "embora não exista nenhuma história para contar, nem personagens, pelo menos não num sentido convencional, isso não quer dizer que não seja necessária alguma habilidade; uma vez que nós continuamos a precisar de sentir que aquilo que vemos é real; não é só representação; é de facto mais exactidão que do que representação - pela simples razão de que está realmente a acontecer" [Martin Crimp, (A)tentados].

Até dia 18, no palco do Teatro Helena Sá e Costa, acontece. Acontece mesmo.

Céu completamente azul (2005)
Contra a parede (2002)
"Conselhos para as mulheres do Iraque" (2003)
Menos emergências (2001)

tradução Paulo Eduardo Carvalho encenação João Cardoso
cenografia Sissa Afonso figurinos Bernardo Monteiro
desenho de luz Nuno Meira sonoplastia João Oliveira

interpretação
João Cardoso
Micaela Cardoso
Pedro Galiza
Rosa Quiroga

assédio-Associação de Ideias Obscuras

7-18 de Novembro
Teatro Helena Sá e Costa, Rua da Escola Normal, Porto

porque a vida, ainda que estúpida, continua...

... o Blue! segue dentro de momentos. Até porque tenho uns quantos posts importantes em atraso. Até já.

terça-feira, novembro 13, 2007

Pareceste-me sempre muito mais velho do que eras. Não, não é velho a palavra. Crescido. Eras crescido. O teu rosto luminoso era sereno demais para os cinco anos que nos separavam. A serenidade do teu sorriso quando para mim levantavas os olhos da mesa onde estudavas, a mesa da cozinha, tinha a leveza de quem já se substituía ao pai longínquo na vida da casa e das mulheres da casa. Eras tão bonito. Estavas ali, do outro lado do rio. E continuaste sempre ali, do outro lado do rio. O rio tão fácil de atravessar, o cristo de costas para ti, e tu tão bonito e tão terno, à mesa da cozinha, os livros da escola à frente. Parecias-me tão adulto. E por isso hoje, quando te soube morto, foi o teu rosto adolescente que me roubaram. Eu tenho nove anos e tu catorze e eu estou novamente apaixonada, pequena e silenciosa, observando enlevada a tua claridade serena. A verdade é que não te conheci a idade adulta, retenho meros relâmpagos dos teus olhos em parcos almoços familiares, as tuas poucas palavras, o teu mesmo sorriso tranquilo, e dói-me hoje a estupidez de tantas vezes não ter atravessado o rio. E dói-me este desterro que me impede de te ver uma última vez e acreditar que foi com trinta e seis anos, e não com catorze, que te foste. Que me impede de abraçar a tua mãe destruída, o teu irmão desnorteado, o teu pai regressado e armado de elmos e escudos com cheiro a esteva alentejana. Chamavas-te Miguel. Chamas-te Miguel. A vida é estúpida e passa a correr.

domingo, novembro 11, 2007

projecções

São Pedro de Moel, 11 de Novembro de 2007


No presente, no futuro, uns nos outros, nos olhos e nos afectos uns dos outros. Dia de sol com gente luminosa. Há lá folga melhor?

quarta-feira, novembro 07, 2007

Ah, é verdade!

Esta magnífica, única, genial senhora...

Joni Mitchell, auto-retrato para a capa de Both Sides Now

... faz hoje 64 anos.

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a imoralidade do moralista II

A frase do post anterior vinha hoje generosamente oferecida na rubrica "Escrito na pedra" do suplemento P2 do Público. Coloquei-a aqui porque a subscrevo e me identifico inteiramente. Mas também porque o pasquim de hoje é um poço de ironia. São José Almeida oferece-nos uma curta mas interessante reflexão sobre o que é ser comunista hoje, com interessantes e muitas vezes contraditórias achegas de gente tão diferente como Rúben de Carvalho, Eduarda Dionísio, Maria Teresa Horta, Jorge Silva Melo. Entre uns quantos outros espalhados por duas parcas páginas que na realidade se resumem numa página de texto, e que em beleza terminam com a sensatez de Miguel Portas: "Respeito imenso quem procura, a partir do comunismo, construir e refundar as razões do combate ao capitalismo, mas este combate está longe de se poder resumir à subjectividade comunista, enquanto mundividência, e mesmo ao marxismo, enquanto método de análise. Passou um século sobre essa história e essa história não é única, é uma história para a qual convergem muitos afluentes." Pelo meio, Maria Teresa Horta põe o dedo na ferida, elegendo a auto-regulação da sociedade em igualdade como o princípio fundamental mas, ressalvando, "em liberdade e com tolerância; não se pode ver a floresta sem se ver as árvores, todas e cada uma".

So far so good...

E irrompe o moralista director, no seu espaço previlegiado de editorial, com todos os seus engulhos freudianos de ex-pseudo-comunista de pedras na mão, vociferando o seu espanto pela "atracção teimosa de alguns intelectuais por uma doutrina responsável pela acumulação de ruínas e por espalhar torrentes de sangue". Para José Manuel Fernandes não é possível discutir os conceitos, os projectos, os princípios, o modo de agir sobre o mundo. O seu comunismo esgotou-se nas armas, nos automóveis vandalizados e nas montras partidas, nas marchas populares pela libertação do camarada Arnaldo de Matos, o grande educador, esgotou-se no tiro aos pombos. Dormirá mais descansado, hoje, seguro de ter cumprido a sua missão de fiel da balança ao não deixar passar impune a conspurcação das páginas centrais do seu pasquim por uma cambada de intelectuais com as veias cheias de ópio marxista. Bem se costuma dizer, os estúpidos discutem coisas, os inteligentes discutem ideias. JMF que me perdoe, até porque não estou segura de que se lhe aplique o epípeto de estúpido, uma vez que acho, realmente, que o seu problema é outro e inscreve-se no foro psicanalítico da coisa. Para terminar com mais uma frase feita, Freud, de certeza, que explica tal editorial. Vírgula por vírgula.

a imoralidade do moralista

Eu sou pela moral contra o moralismo burguês. Qual é a diferença? O moralista diz o "não" aos outros, o homem moral di-lo apenas a si próprio.

Pier Paolo Pasolini

terça-feira, novembro 06, 2007

as interpretações

Quando o funcionário que me vende o livro de recibos olha para a foto do BI e comenta com um sorriso rasgado, "ficou muito bem na fotografia", o que pensar?

1. Que ganhei o prémio Miss Fotogenia Restauradores 2007.
2. Que hoje estou mesmo com mau aspecto [malditas olheiras!].

as lições

O locutor português dá lições radiofónicas ao correspondente brasileiro, então e sabe porque é que o clube A Portuguesa, fundado no dia da batalha de Aljubarrota, só podia ser patrocinado por uma cadeia de padarias? Ah pois, não sabe... eu explico, cof cof. É que foi graças a uma padeira que os portugueses ganharam a batalha. A padeirinha de Aljubarrota [acrescentar "inha" à descrição de uma mulher que se diz que era uma brutamontes com seis dedos em cada mão é de uma ternura desarmante] deu cabo de uma série de mouros e assim ganhámos a batalha [mouros? agentes infiltrados espanhóis, portanto].

À minha gargalhada matinal responde o meu puto, ainda com um olho aberto e outro fechado: acho que ele se enganou, sabes?; o que ele queria dizer era "egípicios".

segunda-feira, novembro 05, 2007

os rânquingues

O Miguel mudou de casa. O que não muda é a luminosidade que vem da sua escrita, mesmo quando influenciada pela saudosa Guidinha do Diário de Lisboa. Ora confirmem, então, se não é este um post para os primeiros lugares de um bom ranking?

Eu, que leio o Miguel desde que Os Tempos Que Correm eram uma coluna no Público e eu uma adolescente em remoinho [coisa que deixei rapidamente de ser, há um ano e meio, mais coisa menos coisa], só no infantário frequentei o ensino privado. E no meu ranking pessoal há uns quantos professores inesquecíveis, alguns em pessoa, outros por meio da tinta negra impressa. Saravá, pois então, professor Vale de Almeida!

a cidade III

E pronto, já falta pouco para me exilar por quatro meses, os piores do ano para trocar a luz de Lisboa pelo cinza do Porto. Mas assim como assim hão-de fechar-nos a porta da sanzala, e se é para passar horas sem fim de exploração e construção, que o seja na Sala Branca dos meus medos e das minhas conquistas. A despedida de casa será em grande, com missa celebrada no Coliseu pelo Gay Messiah. Mas há pouco na bilheteira até me engasguei na hóstia: 30 euros o bilhete, o dobro do que dei há dois anos para render homenagem ao mesmo celebrante no Coliseu do Porto. Irrrrra! Desta vez há cadeiras na plateia, está tudo com um ar mais bem-posto, estou para ver se temos direito a chapéus de bruxa e encores em cuecas e faixas de Mr Lisboa. Mas a inflação, carago... agora percebo melhor outras actualizações, como a do cromo que entre Passos Manuel e a Cordoaria costuma pedir "emprestas-me um euro?". Há uma semana, à beira dos Clérigos, chegou-se ao pé de mim e pediu já um empréstimo de dois, e alguém me disse que já o tinha ouvido cravar cinco euros. Deve andar de acordo com o psi20. Ou com a euribor...
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a cidade II

Não há como não ler as programações, chegar ao café da FNAC e receber de brinde quatro homens da minha vida projectados no écran. Bom, quatro, quatro... vá lá, três. Pronto, para ser realmente honesta, dois e um maravilhoso palhacinho. Um doce a quem adivinhar quais são os dois eleitos. Deixo uma pista clara, estão mortos. É sempre assim, é o fado, os melhores são os primeiros a ir, ai ai...

a cidade

Fora da hora de ponta, o metro volta a ser um filme de autor.

until this moment, I had trouble visualizing it...



Uhuuuuuuuuuuuu!!!! Nunca pensei regozijar-me com a extinção de uma espécie, e bem sei que não me fica nada bem. Tenho pena do Dodo e de todos os bichinhos que ficaram pelo caminho, mas 70 canções adaptadas e coladas nas bocas de dinossauros animados conseguiram deixar-me com aversão até ao monstro do Loch Ness - que, como sabemos, não passa de um Plesiossáurio cronologicamente inconveniente. O T-Rex morreu, viva o T-Rex!

domingo, novembro 04, 2007

boa ooooonda, man...

Eu juro que tento não dar importância, faço tudo o que posso e o que não posso para não entrar em juízos de valor, as pessoas às vezes têm tempo a mais nas mãos, alinham no que aparece para amainar o vazio das horas que passam. Vírgula, coitadas... Mas confesso que não sei o que pensar de quem mantém o contacto com amigos distantes através do léxico PPS, tão carregadinho de good vibes ao som do Richard Clayderman: o Joaquim António de Rabona de Baixo não reenviou esta mensagem e na semana seguinte ficou desempregado e sem dinheiro para pagar o enterro da mãe, da mulher e dos três filhos, que morreram todos de ataque cardíaco fulminante. Por outro lado, a Antónia Joaquina, de Rabona de Cima, reenviou imediatamente para os 73 quick contacts que tinha no seu gmail e ganhou imediatamente o euromilhões apesar de ser ainda quinta-feira. E uma palete de embalagens de Fairy, como brinde por ter estado entre os cem primeiros!

Agora a sério: como se pode esperar que alguém que é ameaçado com sete anos de azar se não reenviar uma mensagem [graças aos céus que sou virgem, se fosse leão como o meu puto eram já treze anos, caneco, menos mau...] volte a encarar o ameaçador verdugo cibernético que lhe coloca a espada sobre a cabeça? E no fim de tudo ainda aparecem anjinhos de pirilau barroco e a última indicação, envia para todos aqueles de quem gostares, inclusivé para quem te enviou. Ora porra, presunção e água benta! Quem é que pode gostar de tamanho rufião?

...

Uma lobotomia, seria coisa para resolver isto?

[suspiro]

dúvidas epistemo-gastronómicas em Vila Franca

Um rissol de carne comido no bar do Museu do Neo-Realismo... será um Alves Rissol?

sábado, novembro 03, 2007

consumatum est e oeste

Quatro meses de hotel que se avizinham exigem um malão, o inverno pede encarecidamente que ultrapasse as minhas alergias a expositores de roupa, provadores e filas para caixas registadoras, o boguinhas pede para andar... bom, coragem mulher, e "amanda-te" para o espaço schungen do Colombo.

É assustador, deveras... e ou eu tenho um problema gravíssimo de hipersensibilidade [muito provável, na verdade], ou de facto há toda uma espécie animal que é ali criada em cativeiro. Que deve estranhar quando inala oxigénio produzido pelos tradicionais e ultrapassados mecanismos da fotossíntese. Ou quando ouve o silêncio. Que encontra o sentido da vida no ATM. Que se auto-reproduz entre a praça do Continente e a rua de Guadalupe.

O sol do outono estava radioso lá fora. E as filas para pagar ao som da música altíssima, brutíssima, embrutecedora, cresciam continuamente, opressivamente. Eu não fui feita para isto, de facto. Vendas por catálogo, pá, rende-te mas é às vendas por catálogo. Ou então aprende a costurar, de uma vez por todas...

sexta-feira, novembro 02, 2007

quinta-feira, novembro 01, 2007

paraíso

fotografia de Rodrigo César




Estreia esta noite. Brinca e fala a sério em redor dos códigos do musical americano, das relações de poder, da utopia da heterossexualidade, do amor. É habitado por cinco bailarinos, uma actriz, muito corpo, muita inteligência, muita poesia, muita música, muita dor, muito humor, muita ironia. Sim, pois, sou suspeita, claro, mais uma vez partilhei com o Luís Madureira o prazer de orientar vozes - e personalidades - feitas matéria de palco. Sim, pois, sou suspeita, os temas são-me particularmente caros, e a estética também. Mas pronto, vou confiando nos meus olhos, no meu cérebro e no meu coração. É um belo, belo espectáculo, e bem representativo da quintessência de madame Olga Roriz. Até 4 de Novembro, no São Carlos.

PARAÍSO, de Olga Roriz
1. 2. 3. Novembro 2007 às 21:00h; 4. Novembro às 16:00h
Espectáculo para escolas: 2. Novembro às 15:00h

direcção, selecção musical e figurinos Olga Roriz
cenário Olga Roriz/Pedro Santiago Cal
desenho, montagem e operação de luz Celestino Verdades
arranjos musicais Renato Júnior
acompanhamento vocal Joana Manuel / Luís Madureira
desenho, montagem e operação de som Sérgio Milhano

Intérpretes
Catarina Câmara / Maria Cerveira / Sara Carinhas / Sylvia Rijmer / Bruno Alexandre / Pedro Santiago Cal

Encomenda
Teatro Nacional de São Carlos
Co-produção
Companhia Olga Roriz / 25.º Festival de Música em Leiria / Teatro Nacional de São Carlos
Apoio
Companhia Nacional de Bailado

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