sexta-feira, novembro 30, 2007
porque o caminho se faz caminhando
terça-feira, novembro 27, 2007
tenho andado com este senhor às voltas na cabeça...
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do narcisismo
ADENDA: Mas estúpido estúpido é sobreviver relativamente incólume a tantos combates e depois lixar um dedo do pé no quarto do hotel...
diálogo do dia
- Bom, eu gosto de provérbios... mas também, nem tanto ao mar nem tanto à terra.
segunda-feira, novembro 26, 2007
silêncio para dois
Há demasiadas coisas que queria dizer-te, coisas em demasia para me dizer a mim. Que sinto o teu cheiro mesmo quando a cidade está vazia sem ti. Que não sei quem és, na medida exacta em que te reconheço todo em todos os silêncios, até naqueles em que estás certo de assim não ser, em todos os olhares em que desconfias que não te olho. Nascem-me por detrás da nuca. Correcção, nascem-me os pensamentos de uma fonte que não vejo, e por trás da nuca me atingem com um duro soco, antes de escorregarem pescoço abaixo, peito abaixo, coração adentro. Quero agarrá-los, tento agarrá-los e não posso. Eu, uma pessoa tão verbal, fico muda diante de ti. Eu, que tanto esforço faço para conter as palavras, seria capaz de meditar nos teus olhos durante toda a eternidade pressentida. Perco o léxico, misturo o vocabulário, não sei dizer coisa com coisa sem coisa plena de coisas, não sei as palavras, não as agarro. Ou elas despegam-se de mim, abandonam-me, aguenta-te agora, torre de pisa, deixa que o vento te vergue para sentires o prazer de te ergueres de novo. Não há apoio lexical que te preserve a verticalidade.
Há demasiadas coisas que talvez devesse dizer-te. Que me assusta a posse, que me repugna a posse, que desconfio da segurança construída antes das construções, que tudo isso senti na pele, sofri na carne, e tudo isso sacudi como um cão, como um vira-lata enfim reconhecido à estrada. Que não passo cheques em branco, nem a mim mesma. Mas que as mãos que por vezes assassinam, também assinam por vontade própria, e só muito mais tarde vêm reclamar as notas de crédito, só depois das vazas vêm trocar as fichas do jogo.
Chamar-te-ia meu, apenas porque ao deixar-te entrar reconheceria a parte de mim que te pertence, não porque te guardaria entre muros. Chamo meu apenas àquilo que me possui. E calo. Preservo o silêncio que os teus olhos me dizem, porque as manhãs mais limpas não têm voz.
domingo, novembro 25, 2007
chiaro-oscuro
Sur mon front, mille fois solitaire,
Puisque je dois dormir loin de toi,
La lune déjà maligne en soi,
Ce soir jette un regard délétère.
Il dit ce regard - pût-il se taire!
Mais il ne prétend pas rester coi, -
Qu'il n'est pas sans toi de paix pour moi;
Je le sais bien, pourquoi ce mystère,
Pourquoi ce regard, oui, lui, pourquoi?
Qu'on de commun la lune et la terre?
Bah, reviens vite, assez de mystère!
Toi, c'est le soleil, luis clair sur moi!
ressaca de cansaço, amor aos mistérios de fora e de dentro, corpo dorido, filme clássico em tarde lenta de domingo
- I love the army.
- But it sure doesn't love you.
- A man loves a thing, that don't mean it's gotta love him back.
- Yeah, but a person can stand just so much...
- You love a thing, you gotta be grateful.
e depois, boa noite! no futuro pensam os astrólogos!...
Pausa.
A vida é bela. E o dia devia ter 48 horas.
quarta-feira, novembro 21, 2007
é que ele há dias...
Neste momento o que me consola, para além do cházinho que tenho ali a fazer, é que não tarda começa a Letra L, irra...
pérolas de porcos II
ai, a graça do amor...*
*título desavergonhadamente roubado ao JP Simões; aqui ficam desde já as minhas desculpas por se ver metido numa mistura tão rasca
pérolas de porcos
cada tiro, cada melro
ou ainda
cada cavadela, cada minhoca
"Sou contra a legalização porque temos de levar em conta que se trata de mulheres que vivem do pecado e que, em minha opinião, não merecem protecção.
Carrego comigo o arrependimento de, por vezes, cair em tentação e recorrer aos seus serviços para a realização de determinados tipos de actos sexuais que a minha mulher não pode praticar devido a ser séria. "
Comentário deixado por um senhor de certeza absolutamente respeitável, impoluto e semanalmente confessado, NESTA NOTÍCIA. Broches, a palavra que ele não quis dizer era broches. É naquela base da preservação da boca que lhe beija os filhos. Já diz maestro Eldoro, nos ensaios do coro gulbe, a boca de um cantor tem de ser uma catedral! A boca de uma mulher séria também só serve para aquilo que o homem lhe indica; broches, nem pensar, e palavrinhas, pouquitas, hã?
agradecimentos sentidos ao nosso Saroco
segunda-feira, novembro 19, 2007
adenda ao post em atraso n.º2
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domingo, novembro 18, 2007
post em atraso n.º2
1. tolerância-zero na Europa, com a criação de leis claras e inequívocas banindo a prática;
2. pressão económica sobre os países onde esta prática abjecta é legal;
3. trazer o assunto para a proa das agendas das conferências e cimeiras com países africanos;
4. financiamento do trabalho de ONG's empenhadas na solução deste problema, na Europa e em África;
5. criação e financiamento de campanhas e acções de educação e de despertar de consciências;
6. aceitar a ameaça de mutilação como razão para a atribuição do estatudo de refugiado.
No site da petição encontrarão ainda o linque para um vídeo. Se forem impressionáveis, não o vejam, mesmo! É duro demais. Eu não consegui chegar ao fim, e costumo ter resistência para estas coisas. Mas se calhar não é mau aguentar uns segundos daquele terror inqualificável; pode ajudar a decidir se vale a pena, com uma assinatura, contribuir para o fim de tamanha iniquidade. Penso que, mesmo para quem não tiver um clítoris, ficará bem claro por que razão é tremendo o nosso silêncio.
quinta-feira, novembro 15, 2007
post em atraso n.º1
Até dia 18, no palco do Teatro Helena Sá e Costa, acontece. Acontece mesmo.
Céu completamente azul (2005)
Contra a parede (2002)
"Conselhos para as mulheres do Iraque" (2003)
Menos emergências (2001)
tradução Paulo Eduardo Carvalho encenação João Cardoso
cenografia Sissa Afonso figurinos Bernardo Monteiro
desenho de luz Nuno Meira sonoplastia João Oliveira
interpretação
João Cardoso
Micaela Cardoso
Pedro Galiza
Rosa Quiroga
assédio-Associação de Ideias Obscuras
7-18 de Novembro
Teatro Helena Sá e Costa, Rua da Escola Normal, Porto
porque a vida, ainda que estúpida, continua...
terça-feira, novembro 13, 2007
domingo, novembro 11, 2007
projecções
No presente, no futuro, uns nos outros, nos olhos e nos afectos uns dos outros. Dia de sol com gente luminosa. Há lá folga melhor?
quarta-feira, novembro 07, 2007
Ah, é verdade!
... faz hoje 64 anos.
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a imoralidade do moralista II
So far so good...
E irrompe o moralista director, no seu espaço previlegiado de editorial, com todos os seus engulhos freudianos de ex-pseudo-comunista de pedras na mão, vociferando o seu espanto pela "atracção teimosa de alguns intelectuais por uma doutrina responsável pela acumulação de ruínas e por espalhar torrentes de sangue". Para José Manuel Fernandes não é possível discutir os conceitos, os projectos, os princípios, o modo de agir sobre o mundo. O seu comunismo esgotou-se nas armas, nos automóveis vandalizados e nas montras partidas, nas marchas populares pela libertação do camarada Arnaldo de Matos, o grande educador, esgotou-se no tiro aos pombos. Dormirá mais descansado, hoje, seguro de ter cumprido a sua missão de fiel da balança ao não deixar passar impune a conspurcação das páginas centrais do seu pasquim por uma cambada de intelectuais com as veias cheias de ópio marxista. Bem se costuma dizer, os estúpidos discutem coisas, os inteligentes discutem ideias. JMF que me perdoe, até porque não estou segura de que se lhe aplique o epípeto de estúpido, uma vez que acho, realmente, que o seu problema é outro e inscreve-se no foro psicanalítico da coisa. Para terminar com mais uma frase feita, Freud, de certeza, que explica tal editorial. Vírgula por vírgula.
a imoralidade do moralista
terça-feira, novembro 06, 2007
as interpretações
1. Que ganhei o prémio Miss Fotogenia Restauradores 2007.
2. Que hoje estou mesmo com mau aspecto [malditas olheiras!].
as lições
À minha gargalhada matinal responde o meu puto, ainda com um olho aberto e outro fechado: acho que ele se enganou, sabes?; o que ele queria dizer era "egípicios".
segunda-feira, novembro 05, 2007
os rânquingues
Eu, que leio o Miguel desde que Os Tempos Que Correm eram uma coluna no Público e eu uma adolescente em remoinho [coisa que deixei rapidamente de ser, há um ano e meio, mais coisa menos coisa], só no infantário frequentei o ensino privado. E no meu ranking pessoal há uns quantos professores inesquecíveis, alguns em pessoa, outros por meio da tinta negra impressa. Saravá, pois então, professor Vale de Almeida!
a cidade III
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a cidade II
until this moment, I had trouble visualizing it...
Uhuuuuuuuuuuuu!!!! Nunca pensei regozijar-me com a extinção de uma espécie, e bem sei que não me fica nada bem. Tenho pena do Dodo e de todos os bichinhos que ficaram pelo caminho, mas 70 canções adaptadas e coladas nas bocas de dinossauros animados conseguiram deixar-me com aversão até ao monstro do Loch Ness - que, como sabemos, não passa de um Plesiossáurio cronologicamente inconveniente. O T-Rex morreu, viva o T-Rex!
domingo, novembro 04, 2007
boa ooooonda, man...
Agora a sério: como se pode esperar que alguém que é ameaçado com sete anos de azar se não reenviar uma mensagem [graças aos céus que sou virgem, se fosse leão como o meu puto eram já treze anos, caneco, menos mau...] volte a encarar o ameaçador verdugo cibernético que lhe coloca a espada sobre a cabeça? E no fim de tudo ainda aparecem anjinhos de pirilau barroco e a última indicação, envia para todos aqueles de quem gostares, inclusivé para quem te enviou. Ora porra, presunção e água benta! Quem é que pode gostar de tamanho rufião?
...
Uma lobotomia, seria coisa para resolver isto?
[suspiro]
dúvidas epistemo-gastronómicas em Vila Franca
sábado, novembro 03, 2007
consumatum est e oeste
É assustador, deveras... e ou eu tenho um problema gravíssimo de hipersensibilidade [muito provável, na verdade], ou de facto há toda uma espécie animal que é ali criada em cativeiro. Que deve estranhar quando inala oxigénio produzido pelos tradicionais e ultrapassados mecanismos da fotossíntese. Ou quando ouve o silêncio. Que encontra o sentido da vida no ATM. Que se auto-reproduz entre a praça do Continente e a rua de Guadalupe.
O sol do outono estava radioso lá fora. E as filas para pagar ao som da música altíssima, brutíssima, embrutecedora, cresciam continuamente, opressivamente. Eu não fui feita para isto, de facto. Vendas por catálogo, pá, rende-te mas é às vendas por catálogo. Ou então aprende a costurar, de uma vez por todas...
sexta-feira, novembro 02, 2007
quinta-feira, novembro 01, 2007
paraíso
Estreia esta noite. Brinca e fala a sério em redor dos códigos do musical americano, das relações de poder, da utopia da heterossexualidade, do amor. É habitado por cinco bailarinos, uma actriz, muito corpo, muita inteligência, muita poesia, muita música, muita dor, muito humor, muita ironia. Sim, pois, sou suspeita, claro, mais uma vez partilhei com o Luís Madureira o prazer de orientar vozes - e personalidades - feitas matéria de palco. Sim, pois, sou suspeita, os temas são-me particularmente caros, e a estética também. Mas pronto, vou confiando nos meus olhos, no meu cérebro e no meu coração. É um belo, belo espectáculo, e bem representativo da quintessência de madame Olga Roriz. Até 4 de Novembro, no São Carlos.
PARAÍSO, de Olga Roriz
1. 2. 3. Novembro 2007 às 21:00h; 4. Novembro às 16:00h
Espectáculo para escolas: 2. Novembro às 15:00h
direcção, selecção musical e figurinos Olga Roriz
cenário Olga Roriz/Pedro Santiago Cal
desenho, montagem e operação de luz Celestino Verdades
arranjos musicais Renato Júnior
acompanhamento vocal Joana Manuel / Luís Madureira
desenho, montagem e operação de som Sérgio Milhano
Intérpretes
Catarina Câmara / Maria Cerveira / Sara Carinhas / Sylvia Rijmer / Bruno Alexandre / Pedro Santiago Cal
Encomenda
Teatro Nacional de São Carlos
Co-produção
Companhia Olga Roriz / 25.º Festival de Música em Leiria / Teatro Nacional de São Carlos
Apoio
Companhia Nacional de Bailado
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