E que até têm sido responsáveis a governar, apesar dos erros. E eu fico a pensar que é precisamente esta noção generalizada que os faz rodar no poder há trinta anos. E em trinta anos pouco ou nada mudou nas mãos desses dois partidos no que toca a características estruturais herdadas do estado novo. E ambos, com umas razoáveis diferenças que se prendem com algum capital humano que faz a diferença, têm-se mostrado bastante claramente como braços políticos de classe, muito mais do que servidores da causa pública. Temos uma democracia formal, mas uma oligarquia prática, e graças à acção quer de PS quer de PSD. Nem tudo é mau. Temos uma Constituição bastante avançada — comunista, diz o Portas e a gente ri-se — e temos a imensa vantagem geográfica de estarmos aqui e haver sempre um certo comboio dos tempos com uns lugarezitos para nós na última carruagem antes dos vagões de carga — também era melhor, que estivéssemos ainda pior do que estamos.
A população portuguesa... bom, é mesquinha, pequenina, invejosa. Mas também há outro tipo de português, geralmente perde-se na falta de esperança ou salva-se de Portugal e pira-se, como o Jorge de Sena, ou, os sortudos, acaba por contentar-se com os pequenos nadas que fazem a vida, e vai tentanto iluminar os seus pequenos mundos, sobretudo se tem suficientes privilégios económicos e sociais para isso. Mas muitos, quase todos, quando recebem o poder não sabem o que fazer com ele, e rejeitam-no, como se o "fazer" trouxesse em si todo o peso da culpa de existir — o respeitinho é muito lindo, e cá vamos cantando e rindo.
E rende o arrivismo, o carreirismo, a total ignorância do que significa a palavra "política", do que é a polis, do que devemos uns aos outros precisamente porque não nos devemos nada uns aos outros. A democracia dá trabalho, e nós, mais do que preguiçosos, somos burros. E não gostamos que nos lembrem isso. E aí ficamos maus. E depois passa-nos. É uma petinga de rabo na boca.
sexta-feira, setembro 25, 2009
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