domingo, setembro 21, 2008

as divergências significantes: relâmpagos

Reportagem da SIC sobre acompanhantes de luxo. Um homem diz uma frase engraçada: não pagar em mãos, depositar o dinheiro numa conta é menos humilhante. Pergunta a jornalista, menos humilhante para quem? Ele responde sem hesitar: —Para ela e para mim.

Uma das acompanhantes mais caras em actividade em Portugal diz que não é paga por sexo. E repete e repete. É paga pela companhia, o eventual sexo é bónus. Conta como começou na actividade, estava num restaurante, foi abordada por um homem, lançou um valor alto que pensou que ele não aceitasse e afinal foi com ele para um quarto de hotel. Depois, nunca mais se cruzaram e ela floresceu no negócio. Mas repete que não é paga por sexo. Como quem se diz a si mesma: —Elizabeth Butterfly, tu não és uma prostituta.

Um outro homem diz também que não paga pelo sexo, que só acontece de vez em quando. Paga pela companhia, para conversar, para ter carinho, atenção, porque todos precisamos de carinho. Mas pronto, paga, porque tem isto tudo "sem nada de emocional", nas suas próprias palavras. Tudo o que compra são substantivos da emoção —carinho, atenção, companhia—, mas insiste que "é sem nada de emocional". Ah, resta dizer que compra os serviços sempre à mesma pessoa. Mas... "sem nada de emocional".

Essa pessoa, bastante simples e terra-a-terra, diz que houve um tempo em que se sentia menos digna por fazer o que fazia. Mas que hoje considera que muitas outras mulheres são pagas pelo sexo, mas por um cliente que oficialmente com elas partilha o leito.

O mesmo homem do início diz que nunca teria uma relação estável com alguém que já tivesse estado no negócio. Não diz que aquelas mulheres, que chama pelo nome e pelas quais parece ter algum apreço, não encontrem alguém quando mudarem de vida. Mas, e cito, se for alguém como ele, nunca poderá saber do passado da mulher. Ele mesmo, portanto, se vê nessa mesma situação. A honestidade tem caminhos ínvios.

2 comentários:

polegar disse...

já se sabe... "boca que beija os meus filhos..."

ai, os tristes...

Anónimo disse...

Ia comentar este teu post mas a resposta ficou tão grande que se transformou num post no Mapa, se quiseres passa lá!