Gosto. Porque gosto da franjinha, que também já tive. Porque gosto do rosto, que não me lembro de não reconhecer, dos olhos azul-cinza como os da minha Rodrigues, do cabelo asa-de-corvo como o da minha Lalão. Porque gosto da
biografia, que podia ser apenas mais uma e no fim de contas é a de uma mulher que nunca fez senão o que lhe deu na real gana. Gosto, porque correu mundo e não voltou burra. Gosto porque, apesar das
bondage shoots, não era fácil uma mulher ter tão poucas amarras nos anos cinquenta. Gosto porque não sucumbiu aos barbitúricos nem ao poder masculino, gosto porque tenho por certo que quando olhava para o espelho não via uma vítima. Nem um carrasco. Gosto porque naquele baralho de
pin-ups com o qual tanta sueca se jogou —na minha infância, ó indecência, na minha infância!—, ela era a única que se distinguia pela alma que a fotografia lhe pedia emprestada. Gosto porque também adoro a Bette Davis. Gosto que o
quiz tonto tenha dado
ex-aequo com miss Audrey H., que parecendo diametralmente oposta, é, na realidade, um seu par. Gosto que o empate tenha sido a 69. Por cento. Gosto porque esta era a foto mais bonita do baralho.
2 comentários:
a modos que também gostei do meu resultado... pois que há lá mulher mais bonita que tenha pisado esta terra, há lá olhos mais fabulosos, há lá bailarina mais doce, há lá "actriz que canta" que mais me comove?
;)
:) mais uma franjinha... ;) pois, pois é, não me espanta, não me espanta nada.
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