Na rádio discute-se a nova lei do divórcio, no beco sem saída que é um contrato estatal oficializante de relações afectivas. Um ouvinte escreve perguntando se estas novas disposições se aplicarão ao casamento homossexual, no caso dele vir a ser aprovado [esteja descansado, digo eu, que ainda se vai marrar um bocadinho até que isso aconteça]. Diz a pessoa que está a responder: —Ah, não faço a mínima ideia, isso vai ter de perguntar ao PS.
Ok. A ver. O ouvinte já é estúpido por fazer a pergunta, mas da senhora que é suposto estar a esclarecer, nem sei o que hei-de dizer. Porque é que não foi mais imaginativa, se queria dizer uma coisa idiota, sei lá, dê largas à criatividade. Por exemplo, os gays para se divorciarem vão ter de o fazer em parada a descer a avenida, com saltos compensados se forem homens, com o buço por depilar se forem mulheres. Ou, o Estado não deve interferir na partilha das purpurinas e das boás. Ou, é preciso, numa relação entre homens, defender o que tende a ser passivo na relação física [isto para usar um termo simples e directo, que nunca percebi muito bem o que é isso de ser passivo, mas pronto...], e numa relação entre mulheres é preciso defender a que depila o buço e não tem ar de camionista, certamente as partes mais fracas destes peculiares casamentos.
Era por mim, a brincadeira. Porque assim começava o dia com uma boa gargalhada, em vez de com o sobrolho levantado, a tentar desviar-me desta sensação esquisita de que em Portugal as gerações se contam como as idades caninas —mas em direcção ao passado. Cada ano vale sete. E nem era assim tão mau. Mais um bocadinho e esta senhora, que me soa a trintinha ou trintona, estaria deliciada com a ambrósia servida por Safo na ilha de Lesbos...
sexta-feira, setembro 19, 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário