como se cruzam os caminhos, e como se indiciam, mesmo sem o sabermos, antes de se encontrarem... meses antes estava eu aí, como sabes, quem sabe se até no mesmo quarto de hotel. Quantas vezes olhei por essa janela para a cidade nova e estranha. As ruas que calcorreei meses antes de também tu as teres descoberto. As mesmas ruas de um mundo desconhecido para duas pessoas que viriam a encontrar-se daí a nada... que linda foto, que linda tu.
Pois é, Violeta. :) Pensei nisso quando acabei de escrever a data sob a foto. E lembrei-me do filme que fizeste da tua estadia e das sensações que ele me passou. E também da Rodrigues, da Laranja, do nosso Truto honorário, do João [sim, também ele passou no hotel royal], das discussões com o Amet, do aniversário do Rui, dos galanços do Luxton, do Largo de São Domingos, do mercado de Cantão, da folha que me caíu sobre o coração no templo cantonês frente ao enorme buda, do Tai Chi pela manhã com a sua dança de leques vermelhos lá em baixo no jardim Vasco da Gama, do imberbe guarda chinês que com o seu rosto duro e fechado nos pregou um valente susto na fronteira, da mala comprada na rua onde cabia a nossa Rodrigues inteirinha [tinha menos barriga, nessa altura], da 9ªsinfonia, do cheiro intenso das ruas, das oferendas aos deuses ao virar de cada esquina, das ruínas de São Paulo, das meninas a caminho dos casinos nas suas fardas de croupiers, de sair do avião e pensar "então isto é que é a Ásia...", da estranheza ao chegar e da profunda tristeza ao partir... tanta coisa que cabe numa só fotografia.
A Ma Gau ou casa de A Ma... Curiosa fotografia... Faz tempo que não pensava nesse pedaço de mundo onde podíamos ter deixado tanto e deixámos tão pouco...
Permito sim mas foi com intenção. Todo aquele território é a casa da Deusa A-Ma. Talvez não por muito mais tempo, veremos... Saudades... Não sei se tenho... Por trás de toda aquela beleza, perturbam-me as crianças de três e quatro anos vendidas assim sem mais, a forma como se pisam e repisam seres como se de baratas se tratassem, as mulheres vendidas a um novo marido por algumas patacas... Saudade é a falta que se sente da felicidade passada. Não tenho saudades mas invejo-te por as teres. Na minha bagagem veio algo mais do que bons momentos.
13 comentários:
Gira, bem gira, as usual!
Bons tempos em Macau... bons tempos...
;)
Eu não fazia parte da trupe nessa altura... Tinha acabado de entrar em Canto no Conservatório Nacional. :-)
Muito, muito linda. A fotografia e a miúda. :-)
A fotógrafa é evidentemente excelente. E a miúda é evidentemente bonita. Se as fotografias falassem, que diria esta? Beijos a ambas.
Heeeei!!! Já chega, meu! Acooorda!
como se cruzam os caminhos, e como se indiciam, mesmo sem o sabermos, antes de se encontrarem...
meses antes estava eu aí, como sabes, quem sabe se até no mesmo quarto de hotel. Quantas vezes olhei por essa janela para a cidade nova e estranha. As ruas que calcorreei meses antes de também tu as teres descoberto. As mesmas ruas de um mundo desconhecido para duas pessoas que viriam a encontrar-se daí a nada...
que linda foto, que linda tu.
Que linda caixa de comentários. :)
Pois é, Violeta. :) Pensei nisso quando acabei de escrever a data sob a foto. E lembrei-me do filme que fizeste da tua estadia e das sensações que ele me passou. E também da Rodrigues, da Laranja, do nosso Truto honorário, do João [sim, também ele passou no hotel royal], das discussões com o Amet, do aniversário do Rui, dos galanços do Luxton, do Largo de São Domingos, do mercado de Cantão, da folha que me caíu sobre o coração no templo cantonês frente ao enorme buda, do Tai Chi pela manhã com a sua dança de leques vermelhos lá em baixo no jardim Vasco da Gama, do imberbe guarda chinês que com o seu rosto duro e fechado nos pregou um valente susto na fronteira, da mala comprada na rua onde cabia a nossa Rodrigues inteirinha [tinha menos barriga, nessa altura], da 9ªsinfonia, do cheiro intenso das ruas, das oferendas aos deuses ao virar de cada esquina, das ruínas de São Paulo, das meninas a caminho dos casinos nas suas fardas de croupiers, de sair do avião e pensar "então isto é que é a Ásia...", da estranheza ao chegar e da profunda tristeza ao partir... tanta coisa que cabe numa só fotografia.
Eu diria que é uma fotografia "muito cheia de imagem" e que cheira a oriente.
"Uma fotografia muito cheia de imagem"... :)
O meu pedro/rútilo anda inspirado... ;)
A Ma Gau ou casa de A Ma...
Curiosa fotografia...
Faz tempo que não pensava nesse pedaço de mundo onde podíamos ter deixado tanto e deixámos tão pouco...
Permite-me a correcção: a baía de A-Ma. E sim, deixámos quase nada. E pouco de boa memória. Deixou Macau mais em nós que nós em Macau.
Bolas, as minhas saudades são inversamente proporcionais às possibilidades que entrevejo de lá voltar brevemente. :(
Permito sim mas foi com intenção.
Todo aquele território é a casa da Deusa A-Ma.
Talvez não por muito mais tempo, veremos...
Saudades...
Não sei se tenho...
Por trás de toda aquela beleza, perturbam-me as crianças de três e quatro anos vendidas assim sem mais, a forma como se pisam e repisam seres como se de baratas se tratassem, as mulheres vendidas a um novo marido por algumas patacas...
Saudade é a falta que se sente da felicidade passada.
Não tenho saudades mas invejo-te por as teres.
Na minha bagagem veio algo mais do que bons momentos.
Passaste lá muito mais tempo do que eu, com toda a certeza... deves ter muito que contar. E tens um blog muito bonito. :)
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