quarta-feira, março 11, 2009

um corpo no passeio

dura a noite quanto eu quiser. nem menos um pingo, que está em mim o quebra-luz. mas lá fora não, lá fora amanhece quando eu não quero, escapa-se o sol à vontade, correm as matilhas, agacham-se os cobardes, de pé os que vivem em alta tensão. e ao fim da manhã pouco mais sobra que os corpos estendidos no passeio como gatos afogados e os pequenos remoinhos que se perderam do lastro em vertigem dos que escolheram viver.


Rossio, Fevereiro de 2009



GLUBB De qualquer maneira, amanhã vais enforcar-te na casa de banho.
KRAGLER E tu, estás a encostar-te à parede para que te fuzilem, homem?
GLUBB Pois. A manhã traz consigo muitos cheiros. Mas há sempre alguns que preferem acomodar-se na segurança.


Tambores na Noite, Acto V

1 comentário:

alien aboard disse...

"os corpos estendidos no passeio como gatos afogados" afogados e transparentes aos olhares d kem passa, talvez tropeçar o olhar neles n seja fácil por n ser grande, afinal, a distância que nos separa, a frágil ilusão de td isto...