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— Mas por que é que ele não parava de olhar para o teu pé?
— Porque é mais fácil do que olhar para os olhos.
— Mas ele não te estendeu a mão?
— Sim. Aberta.
— E por que é que a fechou?
— Ora, questões de calendário. O que a um de Fevereiro é verdade, pode fazer-se mentira a quinze, se convier. E se se for um mentiroso patológico nem o calendário é preciso.
— Não sei se estou a perceber.
— ... Quem me dera poder dizer isso... a ignorância é uma bênção, mas pelos vistos não é para mim.
— Tens a mania que és esperta.
— Pois. Esperteza de cassandra. Vale-me um grosso. Não é por acaso que as cassandras acabam sempre mortas. O medo da luz do dia é o diabo.
— É por isso que não ligas nada a essa tomada?
— Não. Está avariada.
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Porto, Março de 2009
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