terça-feira, março 31, 2009
fiery crash [para ti.]
Porto, 21 de Março de 2009
[pela frente ou por detrás do espelho, não tenho medo. tenho aqui qualquer coisa. está em mim, aconchega-se. t(r)eme pela tua tristeza, mas afaga-te à distância e sossega-se no escuro onde te recorda. há abraços longos demais para os dias. até já. este azul não é reflexo. é matéria.]
Fiery Crash - Andrew Bird
domingo, março 29, 2009
pequeno prolegómeno
Os três posts que se seguem estão atrasados. Assim como eu, atrasada no sono, como sempre, com a agravante horária de hoje. Nunca a piadola de bastidores foi tão enervante. "Olha que amanhã muda a hora...". Mas por que é que esta treta calha sempre ao domingo...?!!! E se eu odeio matinées...
Adiante. Quero apresentar uma reclamação. Esta primavera explodiu. Na luz, no ar e na minha cabeça. Forçou-me a render-me aos químicos. Eu, que já tratava a rinite com o tubinho de histaminum da homeopática da 31 de Janeiro, dependente de actifed para conseguir uma noite de sono não interrompido por dores indescritíveis. Duas semanas. Ou três, já nem sei, e agora drogada. Uma alegria, portanto. Duas semanas a sofrer. Para isto? Frio, carago? Os casacos de inverno outra vez? Correr atrás do sol, outra vez? Ora, se vos ides todos a foder... [sotaque do Porto, naturalmente].
Mas enfim. Estão atrasados mas não ficarão reféns. A sacaninha andou a fazer publicidade enganosa. Mas a música do Giardino Armonico, esta gravação, recordou-me o quanto gosto deste concerto, que eu já não podia ouvir nem a dormir. Não conheço nenhuma interpretação que se lhe assemelhe, na cor, nas imagens, na pica. Ouvir esta gravação é ir ao cinema. E não está lá nada que não esteja na partitura. Mesmo, que o Vivaldi explicava-se bem. "Come un cane", como um cão, pede-se no segundo andamento àquele roufenho violoncelo, entre outras indicações que são didascálias mais do que agógica musical. E acho que a melhor maneira de me vingar da primavera é manter a decisão de a usar como desculpa para postar isto.
Enjoy.
Adiante. Quero apresentar uma reclamação. Esta primavera explodiu. Na luz, no ar e na minha cabeça. Forçou-me a render-me aos químicos. Eu, que já tratava a rinite com o tubinho de histaminum da homeopática da 31 de Janeiro, dependente de actifed para conseguir uma noite de sono não interrompido por dores indescritíveis. Duas semanas. Ou três, já nem sei, e agora drogada. Uma alegria, portanto. Duas semanas a sofrer. Para isto? Frio, carago? Os casacos de inverno outra vez? Correr atrás do sol, outra vez? Ora, se vos ides todos a foder... [sotaque do Porto, naturalmente].
Mas enfim. Estão atrasados mas não ficarão reféns. A sacaninha andou a fazer publicidade enganosa. Mas a música do Giardino Armonico, esta gravação, recordou-me o quanto gosto deste concerto, que eu já não podia ouvir nem a dormir. Não conheço nenhuma interpretação que se lhe assemelhe, na cor, nas imagens, na pica. Ouvir esta gravação é ir ao cinema. E não está lá nada que não esteja na partitura. Mesmo, que o Vivaldi explicava-se bem. "Come un cane", como um cão, pede-se no segundo andamento àquele roufenho violoncelo, entre outras indicações que são didascálias mais do que agógica musical. E acho que a melhor maneira de me vingar da primavera é manter a decisão de a usar como desculpa para postar isto.
Enjoy.
sábado, março 28, 2009
diz que foi o nosso dia
Actores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma.
Augusto Boal, 27 de Março de 2009
Augusto Boal, 27 de Março de 2009
sexta-feira, março 27, 2009
haiku
há vícios bons e virtudes capitais.
Heretics - Early Version - Andrew Bird
Born host to a tongue so sing a song about it / Held a breath for too long till we're half sick about it / Tell us what we did wrong, then you can blame us for it / Turn the clamp on our thumbs so we're down about it / And tell us all about it, we're so in doubt about it
How about some credit now / Credit is due for the damage that was done / We have wrought upon ourselves and others / With this low and vicious gun / And although pratfalls can be fun, encores can be fatal
And then I hear you say / Thank God it's fatal, thank God is fatal, not shy / Not shy and fatal, not shy and fatal, Thank God / Thank God it's fatal, thank God it's fatal, not shy / Not shy and fatal, not shy and fatal
Wait just a second now / It's not all that bad, are we not having fun? / You make your mountains of handkerchiefs / Where the mascara always runs / So be careful when you're done you're bound to get post natal / Wait, did I just hear you say
Thank God it's fatal
No, I don't want to hear the sound of a draw
No, I don't want to hear the sound of a draw
And I don't wat to read the signs that you bore
You know the kind of sign you hang on a door
Saying, "We'll be back, what a crack"
Now don't you think I might have heard all that before
Yeah, don't you think we might have heard all that before
Heretics - Early Version - Andrew Bird
Born host to a tongue so sing a song about it / Held a breath for too long till we're half sick about it / Tell us what we did wrong, then you can blame us for it / Turn the clamp on our thumbs so we're down about it / And tell us all about it, we're so in doubt about it
How about some credit now / Credit is due for the damage that was done / We have wrought upon ourselves and others / With this low and vicious gun / And although pratfalls can be fun, encores can be fatal
And then I hear you say / Thank God it's fatal, thank God is fatal, not shy / Not shy and fatal, not shy and fatal, Thank God / Thank God it's fatal, thank God it's fatal, not shy / Not shy and fatal, not shy and fatal
Wait just a second now / It's not all that bad, are we not having fun? / You make your mountains of handkerchiefs / Where the mascara always runs / So be careful when you're done you're bound to get post natal / Wait, did I just hear you say
Thank God it's fatal
No, I don't want to hear the sound of a draw
No, I don't want to hear the sound of a draw
And I don't wat to read the signs that you bore
You know the kind of sign you hang on a door
Saying, "We'll be back, what a crack"
Now don't you think I might have heard all that before
Yeah, don't you think we might have heard all that before
o pé
— Mas por que é que ele não parava de olhar para o teu pé?
— Porque é mais fácil do que olhar para os olhos.
— Mas ele não te estendeu a mão?
— Sim. Aberta.
— E por que é que a fechou?
— Ora, questões de calendário. O que a um de Fevereiro é verdade, pode fazer-se mentira a quinze, se convier. E se se for um mentiroso patológico nem o calendário é preciso.
— Não sei se estou a perceber.
— ... Quem me dera poder dizer isso... a ignorância é uma bênção, mas pelos vistos não é para mim.
— Tens a mania que és esperta.
— Pois. Esperteza de cassandra. Vale-me um grosso. Não é por acaso que as cassandras acabam sempre mortas. O medo da luz do dia é o diabo.
— É por isso que não ligas nada a essa tomada?
— Não. Está avariada.
Porto, Março de 2009
quarta-feira, março 25, 2009
some kind of a story — a beleza oferecida
The Trees Were Mistaken - Andrew Bird
Afinal só acabou hoje, no início da nova semana. Não, a sério, eu preciso de desabafar. Gosto de ter o volante nas mãos. Mesmo com os pânicos. E mesmo quando vou sozinha. São raros, cada vez mais raros. Mas às vezes basta um só relâmpago e os olhos sobem demais e o coração berra "cuidado! o chão não é aí!". E na noite houve só aquele único relâmpago que interrompeu a conversa, ah, não viste? que pena, não não vi, estava a olhar para ti, foi uma fracção de segundo. Quem não tem o volante nas mãos tem liberdade occipital, às vezes a liberdade paga-se. Sempre. Não viste o relâmpago, mas acreditaste nos meus olhos. E os pânicos dormentes, bem podem ter dado por ela que não tiveram tempo para soltar ai. E lá se fez o dia depois de cumplicidades e reuniões e encontros e descompressões. E de belezas várias, em forma de mão, em forma de olho, em forma de pêlo e turra, em forma de riso, em forma de orquídea, em forma de abraço, em forma de violino, em forma de porquinho da índia com os dentes de fora, em forma de balão de café.
E a aterragem brusca. O capot a fumegar, a água a escorrer para o asfalto, o tempo a contar, o reboque de regresso a Lisboa com o palco à espera no Porto. O Elias à procura da Heliodoro Salgado. A máquina a funcionar. O último comboio com a certeza da finta ao drama profissional em cinco actos. O Santo Ferreira em Campanhã e Berlim à noite sem se perceber bem como.
E a beleza sempre lá. Oferecida.
E bom, eu precisava de desabafar e a noite de estreia só acabou hoje. O que faz sentido. Na oficial faltavas tu.
entrecidades [Lisboa—Berlim—Porto]
hoje de março de 2009
[parece-me um bocado pleonástico pôr a epigrafezinha a dizer que é para ti e tal... ;)]
terça-feira, março 24, 2009
[do silêncio]
a noite de estreia só terminou agora, parece-me.
tenho carradas de sons, emoções, imagens, palavras na cabeça.
mas não consigo tomar decisões.
efeito das talvez demasiadas
ultimamente
o meu corpo anda a correr mais depressa que o meu cérebro.
tenho carradas de sons, emoções, imagens, palavras na cabeça.
mas não consigo tomar decisões.
efeito das talvez demasiadas
ultimamente
o meu corpo anda a correr mais depressa que o meu cérebro.
sexta-feira, março 20, 2009
berlim, 9 de Janeiro de 1919 — ich bin kein berliner
Janeiro começa com a Rosa Vermelha atrevendo-se ainda no Tierpark. Com os jornais ocupados. Com a artilharia pelas ruas e os rolar dos canhões. E dentro de portas discute-se as posses. Os cestos tornados carrinhos de bebé, o proletário arrivista que continua a ser um bem de consumo sem que o perceba, a mulher que pertence a alguém, a um ou a outro ou aos pais ou ao cordão que se soltou, enquanto cá fora se morre entre a escória da sociedade, a pequena fauna carne para açougueiro, que já desistiu e nunca consegue realmente desistir. Discute-se uma cama fofa, branca e larga. Spartacus tem o destino escrito.
E nós? Encharcados de bagaço até às entranhas, atafulhados de conversa até à medula e de navalhas na mão? De quem são elas, afinal?
Tambores na Noite
de
Bertolt Brecht
tradução
Claudia J. Fischer
encenação e cenografia
Nuno Carinhas
interpretação
Emília Silvestre, Fernando Moreira, Joana Manuel, João Castro, Jorge Mota, José Eduardo Silva, Luís Araújo, Marta Freitas, Paulo Freixinho, Pedro Almendra, Pedro Frias, Sara Carinhas e Pedro Jorge Ribeiro
figurinos
Bernardo Monteiro
desenho de luz
Rui Simão
desenho de som
Joel Azevedo
preparação vocal e elocução
João Henriques
colaboração musical
António Sérgio
produção
TNSJ
de 20 de Março a 26 de Abril, Teatro Nacional de São João, Porto
... toda a merda é bem-vinda, como sempre. Mais info AQUI. E AQUI, já agora.
E nós? Encharcados de bagaço até às entranhas, atafulhados de conversa até à medula e de navalhas na mão? De quem são elas, afinal?
Tambores na Noite
de
Bertolt Brecht
tradução
Claudia J. Fischer
encenação e cenografia
Nuno Carinhas
interpretação
Emília Silvestre, Fernando Moreira, Joana Manuel, João Castro, Jorge Mota, José Eduardo Silva, Luís Araújo, Marta Freitas, Paulo Freixinho, Pedro Almendra, Pedro Frias, Sara Carinhas e Pedro Jorge Ribeiro
figurinos
Bernardo Monteiro
desenho de luz
Rui Simão
desenho de som
Joel Azevedo
preparação vocal e elocução
João Henriques
colaboração musical
António Sérgio
produção
TNSJ
de 20 de Março a 26 de Abril, Teatro Nacional de São João, Porto
... toda a merda é bem-vinda, como sempre. Mais info AQUI. E AQUI, já agora.
terça-feira, março 17, 2009
[preencha aqui ..............]
a serenidade que pode vir de uma palavra. um iceberg que se afunda envergonhado da sua luz vertical. uma palavra, pequena, tímida porque diminuída, batida, enfeiada. mas resistindo. mas brilhante. quando vejo todo o poder que se negoceia e se mexe em guerra-fria à minha volta, penso naquela imagem da semente que estava segura até que germinasse, que o caminho é duro terra-a-cima para um frágil e teimoso broto, que não há garantias. mas lá está o sol, logo depois da epiderme. e penso que poderoso ou indigente, quem nunca sentiu isto não sabe lá muito bem o que é viver.
... não que eu o saiba.
Cordoaria, idos de Março
[a luz do Porto está ao ataque. aberta, dura, branca. e de repente é verão e os pólens andam frenéticos, convencidos de que estão atrasados. e eu destilo pelo meu guarda-roupa de Lisboa e suspiro por uma rinoplastia. entretanto, parece que estreio na sexta, também. 'tá bonito.]
... não que eu o saiba.
Cordoaria, idos de Março
[a luz do Porto está ao ataque. aberta, dura, branca. e de repente é verão e os pólens andam frenéticos, convencidos de que estão atrasados. e eu destilo pelo meu guarda-roupa de Lisboa e suspiro por uma rinoplastia. entretanto, parece que estreio na sexta, também. 'tá bonito.]
domingo, março 15, 2009
bom demais para ficar de fora
recta final. mais quatro dias, e nasce. O espartaquista de meia-tijela ou Na sua própria pele qualquer homem é o melhor. Com a etiqueta ou sem a etiqueta. no caso deste senhor, sem.
morning bells
Life On Mars - Yann Tiersen & The Divine Comedy
tu continuas velho. e eu não quero envelhecer. só quero crescer, mesmo. in the end, it's a god awful small affair. and yet...
sexta-feira, março 13, 2009
há noites...
... em que lutar contra o cansaço é a melhor coisa do mundo. Coisa que me custa quando não estou no Porto é esta perda estúpida de não ter Serralves nas probabilidades do fim de um dia de trabalho. Ou numa curta folga de preguiça e vida.
[claro que só me apetece chamar nomes a esta mulher. mas isso fica para amanhã.]
[claro que só me apetece chamar nomes a esta mulher. mas isso fica para amanhã.]
quinta-feira, março 12, 2009
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